Espanha – França (Eurobasket 2015)
Nas meias-finais do Eurobasket 2015, voltamos a viver uma das grandes rivalidades do basquetebol europeu. Um dos últimos confrontos entre as duas seleções mantém, aliás, bem viva essa disputa, já que foi também nas meias-finais do Eurobasket 2013 que a França derrotou a Espanha e deu o ímpeto final para a sua vitória na prova. Agora, a jogar em casa, é a Espanha que alerta o seu rival para o facto de ter um peso diferente, o jogar perante o seu público. É que no Mundial do ano passado foi a mesma França a derrotar a Espanha numa prova que os “nuestros hermanos” organizavam. Haverá mais razões para ter a certeza de que estamos perante o jogo mais mítico deste campeonato?
Deve começar-se por aqui: a Espanha não era a equipa favorita para vencer o confronto dos quartos-de-final perante a Grécia. A frágil rotação dos espanhóis, por comparação com a seleção grega, e a excessiva dependência de Pau Gasol, deixavam Sergio Scariolo em maus lençóis. No entanto, foi através da ação do seu técnico que os espanhóis começaram a ganhar esta partida. Ao retirar Vassilis Spanoulis do jogo, devido a uma defesa de grande qualidade, a Espanha atacou a peça principal da máquina adversária. Depois, voltou a ter em Pau Gasol um jogador a viver um momento completamente fabuloso, com o jogador dos Chicago Bulls a voltar a somar 27 pontos e mais 9 ressaltos. Quando, no encontro, surgiu o inesperado Giannis Antetokounmpo, a vitória de La Roja esteve em causa, mas foi nesse momento que Felipe Reyes e o regressado das “trevas” Victor Claver demonstraram a sua qualidade e importância no jogo. Saídos dos quartos-de-final, os espanhóis voltam a ter uma rotação frágil, composta por apenas oito jogadores, e excessivamente concentrada naquilo que Pau Gasol consegue, ou não, fazer. Voltarão, também, a não ser os favoritos nas meias-finais. Mas já sabemos como esta história terminou da última vez…
A França teve uma experiência totalmente diferente no seu encontro frente à Letónia, que, olhando ao resultado final, venceu sem razões para grande preocupação. No entanto, o jogo teve pormenores que combatem um pouco esta ideia, com a Letónia a entrar muito forte e certeira no primeiro período e surpreendendo o conjunto francês que talvez não esperasse tanto atrevimento. Só depois do intervalo, com os acertos defensivos feitos pelo seu técnico, a França conseguiu descolar do seu adversário, aproveitando para expor, uma vez mais, a sua larga rotação, que levou Vincent Collet a utilizar onze jogadores nesta partida. O cinco inicial dos franceses mantém várias ameaças que podem “castigar” os seus adversários, seja através do poderio de Tony Parker e Nando de Colo a partir do jogo exterior, seja através do jogo interior de Boris Diaw e Rudy Gobert. Por sua vez, Nicolas Batum, mesmo um pouco abaixo do seu melhor nível, continua a ser uma ajuda preciosa para o equilíbrio defensivo da sua equipa.
Os franceses traíram por duas vezes, nos últimos dois anos, as ambições da equipa espanhola. Será que o poderão fazer uma terceira vez, ou serão os espanhóis a saborear uma pequena vingança em Lille?
A França entra como favorita, mas a Espanha tem demonstrado aquela capacidade de continuar a sobreviver na tempestade. Será, sem dúvida, um grande jogo de basquetebol e, quem sabe, aquele que poderá definir o principal candidato a ganhar a final.