Ernests Gulbis – Novak Djokovic (ATP – Roland Garros)
Chegou o momento de todas as decisões e os confrontos marcados para o Philippe Chatrier estão à altura do que espera das semifinais do Rolang Garros. O renascido Ernests Gulbis chega à sua primeira meia-final de um Grand Slam, depois de ter ultrapassado obstáculos de peso como Federer e Berdych. Já Novak Djokovic marca presença na décima quinta dos últimos dezasseis Majors em que participou, de olho no único título do Grand Slam que lhe escapou até hoje. Título esse que lhe valeria também o regresso ao n.º 1 mundial. Dois homens que se conhecem desde miúdos, altura em que ambos entraram na Academia Niki Pilic, em Munique. Talento talvez semelhante, mas duas carreiras bem distintas.
Em 2008, Ernests Gulbis atingia os quartos-de-final de Roland Garros. Tinha dezanove anos e estava entre os cem melhores tenistas do mundo. Contudo, quatro anos mais tarde estava fora do Top-100, e parecia ser mais um daqueles casos de talento desperdiçado que nunca concretiza o seu verdadeiro potencial. O letão afirmou, meio a sério, meio a brincar, que apanhou então um susto, quando a mãe lhe perguntou se não era melhor abandonar o ténis e um Challenger lhe recusou um wildcard. Não é novidade que Gulbis sempre gostou de se divertir e que se fartava rapidamente dos treinos. A disciplina necessária à prática do ténis a este nível não lhe é natural, bem pelo contrário. Também é sabido que muitas vezes se comporta como um fedelho mal-educado, o que não lhe tem garantido muitos amigos no meio. Mas desde que decidiu levar a sério o conselho que Novak lhe deu aos quinze anos – o de esquecer as distrações e ser profissional – que Gulbis diz nunca ter esquecido, apesar de não ter seguido, é um tenista novo. Para isso muito contribuiu também o seu treinador, o austríaco Gunter Bresnik, que também acompanha Dominic Thiem. Bresnik é psicólogo quando é preciso mas também é homem para dar uns quantos pontapés no rabo, quando necessário. Nos últimos dezoito meses, Gulbis escalou o ranking – primeiro o Top-100 e 50, já este ano conseguiu colocar-se entre os vinte tenistas mais cotados do circuito. E não quer ficar por aqui. Esta temporada conta trinta e duas vitórias e dez derrotas, dois títulos ATP – Marselha e Nice – e outras duas semifinais – Roterdão e Barcelona. Quando pós os pés em Paris, fê-lo com um troféu fresquinho na bagagem e a confiança que um feito desses traz. Não admira portanto que Kubot (4-6, 6-4, 7-5, 6-1), Bagnis (6-2, 7-5, 6-0) e Stepanek (6-3, 6-2, 7-5) não lhe tenham resistido. Mats Wilander disse, depois do embate com Roger Federer, que o letão se tinha tornado um verdadeiro candidato ao Major parisiense e que os adversários, a começar pelo suíço, o temiam pelo talento e pela imprevisibilidade. As jogadas de Gulbis são muito difíceis de antecipar e isso deixa os opositores nervosos. A vitória sobre o antigo número um do mundo, nos oitavos, foi, até agora o ponto alto da sua carreira. Foram precisos cinco longos e duros sets, estratégia e determinação para seguir em frente (6-7, 7-6, 6-2, 4-6, 6-3). Esperava-o o sexto jogador ATP, Tomas Berdych, mas depois da vitória sobre o suíço, Gulbis estava ao rubro. Em duas horas despachou o checo e os parciais testemunham o domínio que teve em court – 6-3, 6-2, 6-2. O letão fez dez ases, trinta e um winners e apenas dezassete erros não forçados.
Novak conhece bem o seu próximo adversário e sabe os perigos que corre. Mas ele confia no seu ténis, e na sua cabeça, para levar o letão de vencido. Há demasiado em jogo e Gulbis é mais um obstáculo entre ele e o título em Roland Garros, o único do Grand Slam que ainda não conseguiu arrancar a Nadal. E conquistá-lo não só fará dele o oitavo tenista na história a somar os quatro Majors como também número um do mundo, destronando o espanhol. É justo dizer que não falta motivação ao sérvio. Se a lesão no pulso, revelada no fim de Monte Carlo, e o consequente afastamento da competição durante três semanas levantaram dúvidas legítimas quanto à forma física de Nole, as suas exibições desde que voltou parecem tê-las desfeito. Djokovic está há dez partidas sem perder e, a cada encontro, o seu ténis e confiança melhoram a olhos vistos. Em Barcelona, o confronto com David Ferrer foi um teste definitivo à condição física, que o sérvio superou com brilhantismo. Raonic e Nadal, que se seguiram, exigiram o seu melhor em termos de estratégia e força mental. Nesta edição do Roland Garros, em cinco encontros perdeu apenas um set, para Marin Cilic (6-3, 6-2, 6-7, 6-4). João Sousa (6-1, 6-2, 6-4), Chardy (6-1, 6-4, 6-2), Tsonga (6-1, 6-4, 6-1) e Raonic (7-5, 7-6, 6-4) foram despachados com os três sets da praxe. Embora, no caso do canadiano, não tenha sido assim tão fácil fazê-lo. Havia quem esperasse mais do confronto entre ambos, talvez uma partida a quatro ou cinco parciais, mas Milos obrigou Novak a vencer dois dos sets em tiebreak, baixando apenas a guarda no derradeiro. Afinal, estavam frente-a-frente, o melhor serviço e a melhor resposta ao mesmo do circuito.
A não ser que Rafa Nadal consiga revalidar o título em Paris, Novak sairá da temporada de terra batida como líder do ranking ATP. Esta época o sérvio já conquistou três torneios da categoria Masters 1000 – Indian Wells, Miami e Roma – e regista trinta vitórias para apenas três desaires. Curiosamente, todos diante do contingente suíço – Wawrinka, no Open da Austrália, Federer, no Dubai e em Monte Carlo.
Este será o sexto confronto direto entre Ernests Gulbis e Novak Djokovic. O sérvio só perdeu um, em Brisbane, corria o ano de 2009.
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