djokovic_indian_wellsMais uma vez Indian Wells esteve à altura das expetativas dos amantes do ténis – as figuras de topo em grande, os jovens a tentar a sua sorte e uma final entre mestres, como todas deviam ser. Mal os courts se esvaziaram no complexo californiano e já todos os focos se voltam para Miami. Está pronto a arrancar o quadro principal do segundo Masters da temporada.

O sumo do Indian Wells 2015

Cada vez mais se diz que o Masters 1000 de Indian Wells é o quinto torneio na hierarquia do circuito mundial, logo atrás das quatro provas do Grand Slam. Começa pela infraestrutura. Prolonga-se na organização, logística e serviço, elogiada tanto pelos atletas como pelo público. E termina no ambiente de festa em que se celebra a modalidade. Mais uma vez os convidados de honra responderam à altura, proporcionando jogos de alto nível, deixando também algumas indicações para o que está para vir nesta época de 2015.

O meu primeiro destaque vai para Milos Raonic. O gigante canadiano parece ter assumido de pedra e cal a sua pertença ao top-10 mundial. Muitos disseram que não se aguentaria nestas cercanias, considerando tratar-se de um jogador limitado. O que é indesmentível. Milos é aquilo que os anglo-saxónicos chamam de “one trick pony”. Tem uma grande arma, o serviço. Mas, quando está em forma, consegue ser, com ele verdadeiramente demolidor. O que vai ficando evidente é a sua curva de aprendizagem. Raonic sabe das suas limitações, sobretudo diante dos tenistas de topo, mas cada embate serve para evoluir num pequeno aspeto. O canadiano aprende com os erros, com o que correu menos bem. A evolução é mental e ele mostra-se em court cada vez mais calmo, concentrado.

O segundo motivo de satisfação é o facto de Indian Wells provar que podemos contar com Andy Murray e Rafael Nadal. O escocês volta a ser o tenista do top-4, aquele para quem as presenças nos quartos de final e seguintes serão praticamente obrigatórias. Não penso, nem nunca pensei, que ele alguma vez estivesse em condições de destronar Novak e tornar-se o novo número um. Mas está no patamar seguinte e numa oportunidade ou outra vai poder deixar a sua marca. Nadal é um caso diferente. Não sei se alguma vez ele será capaz de voltar ao que já foi, essa força sobre-humana. Mas dá muito gozo vê-lo disputar pontos no limite, movimentar-se com desenvoltura, sentir a confiança a voltar, como aconteceu no duelo com Raonic. Já longe do que vimos em Melbourne.

Outro campeonato

E por fim, o frente a frente de Novak Djokovic e Roger Federer. No momento os dois estão um nível acima de toda a concorrência, isso é indiscutível. O sérvio anda algo desligado. Acho que ele precisa daquela rivalidade intensa que manteve com Nadal para se manter a máxima concentração. Mas sempre que mete o turbo, ninguém o para. Talvez só Federer, com a sua variação de jogo e recursos quase inesgotáveis. A final de Indian Wells promete repetir-se muitas vezes ao longo da temporada e eu não sou uma das que vai lamentar esse facto. Aquele nível de ténis, aquela medição de forças, a tentativa constante de superação – dois mestres em ação. Espero ansiosamente pela próxima. Que não será em Miami, isso é certo.

Roger Federer anunciou que não vai participar no Open de Miami. Segundo o regulamento ATP os Masters 1000, à exceção de Monte Carlo, são de presença obrigatória mas há condições que dispensam essa obrigatoriedade: já ter disputado seiscentas partidas, ter doze anos no ativo ou já ter cumprido os trinta e um anos de idade. Ora, o suíço já conta mil duzentos e vinte e três encontros, leva dezasseis anos a competir no circuito e já fez os trinta e três, o que lhe permite dispensa. Haas, Stepanek e Ferrer podiam fazer o mesmo se quisessem. Federer pretende aproveitar a pausa para se preparar para a temporada de terra batida que começa no mês que vem, com o torneio monegasco. Roland Garros é o fruto apetecido, e com Nadal em recuperação o suíço vê uma possibilidade de voltar a sagrar-se campeão do Grand Slam de Paris.