Em termos desportivos, o verde e o “encarnado” remetem-nos imediatamente para a dicotomia Sporting – Benfica. Os históricos rivais da capital, separados pela Segunda Circular, opõem-se também nas quadras portuguesas. O futsal nacional é amplamente dominado por estas duas forças, dado que desde a temporada 2002/03 só estes emblemas levantaram o troféu. As finais são habitualmente disputadas precisamente entre “águias” e “leões”. Só outros dois clubes se podem gabar de conseguir intromissão no derradeiro duelo: Belenenses e Desportiva do Fundão, sem que tenham no entanto conseguido vencer. Este ano, os dois “grandes” surgem uma vez mais na condição de favoritos à subida ao trono da Liga SportZone Futsal.
Benfica
O Benfica, atual campeão nacional e detentor da Taça de Portugal, entrou oficialmente na nova época com a conquista da Supertaça, único troféu a nível interno que ainda não estava na posse dos “encarnados”. Orientado por Joel Rocha, o clube da Luz foi capaz de voltar a alcançar a glória máxima do futsal português, protagonizando uma época profícua. A aposta no jovem técnico surtiu o devido efeito. Profundo conhecedor do jogo, modelou o Benfica à sua imagem: Comprometido, uno e compenetrado nas várias fases de jogo. Ao longo da época, a união entre os vários elementos constituintes do plantel pareceu ser uma das chaves para o sucesso final. Agora, no seguimento de uma grande temporada, a fasquia está igualmente elevada. O Benfica competirá ainda na UEFA Futsal Cup, prova que conquistou em 2010.
Transferências
Em termos de mutações no seio do plantel, nota para o facto de terem saído atletas como Vitor Hugo, Xande ou Mancuso. O português, há muito lesionado, terminou ligação ao Benfica e ainda não é certo que possa continuar a jogar futsal ao mais alto nível. Xande e Mancuso, opções que tiveram o seu espaço na equipa de Joel Rocha, – curiosamente as fases de maior utilização de cada um dos dois não coincidiram – nunca se chegaram a assumir enquanto pedras basilares e abandonaram o clube no final da presente temporada. No processo de renovação, destaque para o prolongamento do vínculo contratual do guarda-redes Juanjo, uma vez que chegou a falar-se na hipótese de regressar a Espanha. Quanto a entradas, além do experiente argentino Fernando Whilelm, – jogador que passou a maior parte da sua carreira no futsal italiano – o Benfica garantiu também os préstimos de dois internacionais por Portugal: Mário Freitas e Fábio Cecílio. Anteriormente treinado por Joel Rocha no Fundão, o crescimento de Mário, desequilibrador natural de Mogadouro, agradou ao atual técnico do Benfica que fez questão de recruta-lo para a Luz. Fábio Cecílio, jogador que realizou uma grande temporada ao serviço do SC Braga/AAUM, mereceu a confiança benfiquista e é um jogador de equilíbrios, que poderá ser importante no esquema da equipa. Para o ataque à nova temporada, o Benfica volta a contar com um plantel competitivo e naturalmente capaz de lutar pelos objetivos aos quais o clube se propõe.
Sob a batuta de Joel
O rigor, diz quem treina (ou já treinou) sob as suas ordens, é regra nos treinos. Em termos de jogo, a influência de Joel Rocha é notória, registando-se evolução em relação a épocas anteriores nomeadamente no capítulo defensivo. O Benfica defende agora com maior solidez e solidariedade. Prova disso é o terceiro jogo da final do “play-off” do ano passado diante do Sporting, quando com o jovem Cristiano Marques na baliza, a equipa rubricou uma prestação defensiva admirável. A nível ofensivo, conta com a eficácia de Alan Brandí e Alessandro Patías.
Sporting
Após uma época na qual o único título oficial conquistado foi a Supertaça, o Sporting saiu enquanto vice-campeão nacional, foi semifinalista na Taça de Portugal e alcançou a “final-four” da UEFA Futsal Cup – organizada na MEO Arena. Nas duas provas internas das quais saiu derrotado, foi responsabilidade do grande rival Benfica. Apesar de ter apresentado um plantel com grande qualidade e capaz de ombrear com as “águias”, é justo dizer que o Sporting ficou fragilizado ao ter visto partir dois elementos fulcrais no seu esquema: Divanei e Déo. Os “leões”, que participam há mais tempo no escalão máximo do futsal português que o rival Benfica, são o clube com maior número de campeonatos conquistados: 12.
Transferências
Tal como tem sido norma ao longo dos últimos anos, o “leão” surge de garras bem afiadas para a temporada 2015/16. Determinado em resgatar os títulos da posse do rival, apostou forte no reforço do plantel e optou pela experiência de três internacionais italianos que chegam, naturalmente, com a garantia de que acrescentarão qualidade ao plantel leonino. Babalu, Fortino e Cavinato são os novos homens que vestem de verde e branco. Também Marcão, guarda-redes bem conhecido na realidade portuguesa, chegou para defender o terceiro emblema lisboeta na sua carreira após passagens por Belenenses e Benfica. Com João Benedito, André Sousa, Marcão e Gonçalo Portugal, fica a garantia de que a baliza sportinguista está bem entregue. Foi com naturalidade que a escolha recaiu sobre a continuidade de Nuno Dias, técnico já com provas dadas no futsal nacional e de reconhecida competência. É expectável que, com estas aquisições, o “leão” surja ainda mais forte na atual temporada.
Às ordens de Nuno Dias
À entrada para a quinta época à frente do Sporting, Nuno Dias é um treinador muito bem cotado no plano europeu. Conta com experiência anterior no estrangeiro: Desempenhou funções de adjunto no CSKA de Moscovo de Paulo Tavares e regressou posteriormente a Portugal para assumir o comando do Sporting. O seu percurso e tem sido marcado pelo sucesso e é na defesa do emblema leonino que tem ganho notoriedade. Partilha com Joel Rocha a exigência, o conhecimento do jogo e até um laivo de arrogância (não num sentido depreciativo). Já conquistou dois campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal e duas supertaças. Sem que detenha qualquer título nacional atualmente, tudo fará para alterar esta situação, sendo que este ano o foco está totalmente voltado para as provas domésticas uma vez que não disputará a UEFA Futsal Cup.
Prognósticos? Só no final do jogo.
A frase de João Pinto resiste ao fenómeno de erosão que o tempo constitui. Embora seja de outro tipo de mundo da bola, aplica-se perfeitamente nesta abordagem ao duelo que Benfica e Sporting protagonizarão na nova época a nível de futsal. O equilíbrio parece, até ver, ser nota dominante na hora de abordar um possível desafio entre os dois emblemas.