Egito – Marrocos (Taça das Nações Africanas 2017)
O Estádio de Port-Gentil receberá aquele que pode ser considerado como o grande jogo dos quartos-de-final da Taça das Nações Africanas. Dois países com uma longa história no futebol, ambos algo afastado dos sucessos nos últimos anos. O Egito falhou três edições da CAN, depois de uma longa série de vitórias, enquanto Marrocos tem vivido sempre com muitas dificuldades para confirmar nos torneios o enorme potencial que os jogadores locais vão, geração após geração, apresentando. Frente a frente, também, dois dos técnicos com maior reconhecimento desta prova. Hector Cuper a viver a sua primeira experiência em África, Hervé Renard a confirmar o epíteto de mágico agora com uma seleção magrebina.
A equipa do Egito revelou uma enorme solidez ao longo dos três jogos disputados no Grupo D e sempre com um pensamento, instilado por Hector Cuper, mas que sempre fez parte da marca do futebol egípcio, bastante racional na abordagem do jogo. Consciente do perigo de perder um jogo num grupo em que haviam dois concorrentes com iguais ambições de chegar aos quartos-de-final, o primeiro encontro, frente ao Mali, foi muito dominado por esse receio, acabando com alguma naturalidade com um empate sem golos. A jogar num relvado em péssimo estado, o Egito sentiu depois enormes dificuldades para ultrapassar um Uganda que acreditou poder confrontar-se, olhos nos olhos, com as seleções mais fortes. Esse jogo foi um autêntico teste à paciência da equipa, que não desmobilizou nem deixou de acreditar no seu modelo, de mais bola no pé e organização no ataque, chegando ao golo a um minuto do fim por intermédio de El Said. Na derradeira jornada, frente ao poderoso Gana, o Egito entrou decidido a resolver o assunto a seu favor e consegui-o com um fantástico golo de Salah, num livre direto. A equipa manter-se-á num relvado que em nada contribui para o tipo de jogo que pratica, mas isso não afetará a sua capacidade de se assumir como favorito.
Onze Provável: El Hadary – El Mohamady, Ali Gabr, Hegazi, Fathy – Elneny, Tarek Hamed – Salah, El Said, Trézéguet – Marwan Mohsen.
Marrocos volta a viver com ilusão, graças a Hervé Renard, um técnico que veste a pele de autêntico milagreiro em África. Conseguindo vencer a Taça das Nações Africanas com a Zâmbia e com a Costa do Marfim, Renard estabeleceu-se como um técnico de sucesso no continente africano, algo que não foi capaz de transportar para experiências em França, à frente do Sochaux e do Lille. O primeiro jogo terá deixado algumas dúvidas à equipa marroquina, tendo perdido com a RD Congo, mas a boa organização da equipa, atuando com três centrais e buscando sempre a largura através de dois jogadores que passam o jogo nas faixas, com Dirar e Mendyl, a equipa marroquina não deixou de deixar boas sensações. Estas foram confirmadas nos jogos seguintes, ainda que com um pequeno susto, frente ao Togo, quando Dossevi marcou logo aos cinco minutos e deixou no ar a ameaça de surpresa. No entanto, Bouhaddouz, Saiss e En-Nesyri deixaram clara a superioridade marroquina. O jogo da verdade chegou perante a Costa do Marfim, campeã em título, antiga equipa de Hervé Renard, com Marrocos, uma vez mais, a sair por cima. Um golaço de Alioui foi o suficiente para garantir a vitória e para colocar o conjunto marroquino perante esta enorme desafio entre seleções do Norte de África.
Onze Provável: Munir – Benatia, Manuel da Costa, Saiss – Dirar, El Ahmadi, Boussoufa, En-Nesyri, Mendyl – Fajr, Bouhaddouz.
Um jogo de 3º e 4º lugar, em 1980, com vitória para Marrocos, e uma meia-final, em 1986, com vitória para o Egito, foram as fases mais altas em que estes dois países já se defrontaram. Com uma longa história de confrontos, que se estende já desde 1961, o domínio dos marroquinos é de registar, até porque o Egito não bate a sua congénere exatamente desde essa meia-final de 1986.
Um jogo entre duas fortes equipas e que será, seguramente, dos mais interessantes de seguir nestes quartos-de-final da Taça das Nações Africanas.