Se na AFC tudo foi encaixando nos respetivos lugares, a Conferência Nacional deixou o suspense render até ao fim. Mesmo no domingo a ordem virtual de acesso ao play-offs mudava a cada quarto de hora, ou menos. Sehawks e Packers acabaram por confirmar o favoritismo, com os Cowboys logo atrás. A surpresa foi o apuramento in extremis dos Panthers e ainda vou lugar à excentricidade de ver Cardinals e Lions aceder enquanto wildcards, apesar de terem um registo francamente melhor que Carolina.

seattle_equipaSeahawks tentam a dobradinha

Não é um cenário que se repita muitas vezes. Ter o atual vencedor do Super Bowl nos play-offs da temporada seguinte e com boas indicações para repetir o jogo do título. Quando os Seahawks venceram Green Bay, no jogo inaugural, por 36-16, os adeptos ficaram nas nuvens. Parecia que não tinham perdido nenhuma das qualidades que fizeram de Seattle um rolo compressor no ano anterior. Mas logo em seguida começaram os altos e baixos, e os Seahawks viam Arizona assumir a liderança da NFC Oeste e não olhar para trás. Mas a meio de Novembro, com a derrota em Kansas City, os homens de Pete Carroll perceberam que ou atinavam ou iam perder o comboio. Veio ao de cima toda a força mental, toda a agressividade, a que nos habituaram e nas últimas seis jornadas ninguém resistiu à fúria de Seattle. Conquistaram a divisão e a posição de primeiro cabeça-de-série da NFC. Todos sabemos a vantagem que é para os Seahawks jogar em casa.

Quem tem Aaron Rodgers arrisca-se a vencer

Os Packers tentaram até à última garantir esse trunfo, o de jogar em casa ao longo de todos os play-offs. Teria feito enorme diferença, até do ponto de vista anímico. Green Bay não é a mesma se jogar fora, não há contestação. Mas uma equipa que tem Aaron Rodgers arrisca-se a vencer a NFL, é tão simples quanto isso. É o principal candidato a MVP e com toda a legitimidade. Não são só os números que impressionam, os melhores que o quarterback fez na sua carreira e ele já teve vários anos de excelência. Mas a confiança, a inteligência que passa em campo é espantosa. Ninguém tem sido mais decisivo para a respetiva equipa. No domingo o coração dos adeptos quase parou quando Rodgers se magoou e teve que sair no segundo quarto. Os Packers passaram de uma vantagem de catorze pontos a uma igualdade na sua ausência e a verdadeira nuvem negra era a hipótese de ele se ter lesionado a sério. E então ele volta e as câmaras apanham-no a dizer a Matt Flynn, o seu substituto, “I’ve got this!”. Tudo voltava a estar sob controlo. Esta semana sem competição vai ser preciosa para recuperar fisicamente a estrela de Green Bay.

Contem com os Cowboys

E o que dizer dos Cowboys, inequivocamente a grande surpresa da época? Não só negaram aos Eagles o título da NFC Este, e consequente passagem imediata aos play-offs, como contam por vitórias os oito jogos disputados fora do AT&T Stadium. Há sete anos que Dallas não acumulava doze triunfos na temporada regular. Quando se chega aos play-offs há características que podem potenciar o sucesso de qualquer equipa, independentemente daqueles que foram os números da fase anterior. Quem seja capaz de exercer pressão efetiva sobre o quarterback adversário e transportar bem a bola tem meio caminho andado. E os Cowboys fazem muito bem as duas coisas.

Carolina fez um esforço notável para vencer a pior divisão da NFL, há que se lhe tirar o chapéu. Mas continuam a ser um outsider, demasiado dependente dos arranques do seu atlético, e incansável, quarterback. Infelizmente, um Cam Newton não faz uma equipa de play-off.

E restam os wildcards – Arizona e Detroit – ambos chegam a esta altura com onze vitórias e cinco derrotas. Ambos têm defesas de topo mas a posição de quarterback compromete. Arizona está a linhar com Drew Stanton e não se pode ser um candidato sério a progredir nas eliminatórias a jogar com a terceira opção na posição mais determinante do jogo. Não é possível. Os Cardinal podem até vencer o primeiro embate, na visita a Carolina, mas não vejo como possam ir além disso. Os Lions nem sequer têm a desculpa das lesões. O QB que os deixa mal não é uma opção de recurso e Matthew Stafford tem demasiados deslizes em situações-chave, como permitir interceções na Red Zone, para que Detroit possa ser considerado. Para agravar a panorâmica, os Lion viajam até Dallas no fim de semana dos wildcards.

Como em relação à AFC, também na Conferência Nacional a pergunta de um milhão de dólares é: há alguém capaz de quebrar os Seahawks em Seattle? E a resposta é sim, os Cowboys. Porque já o fizeram, no início da temporada. E porque, para bater os Hawks há que jogar o jogo deles, igualar a componente física com que intimidam os adversários. E os Cowboys têm as pessoas certas para o fazer.