Fãns da NFL: libertem a agenda. Terminada que está a temporada regular é tempo de olhar em frente e começar a antecipar o que estará para vir. Se a vossa equipa ficou para trás, adotem outra ou escolham um ódio de estimação. É só um pretexto para se manterem pessoalmente envolvidos nos grandes jogos da temporada. Na Conferência Americana as posições foram ficando definidas com alguma antecedência. Na Nacional as decisões foram até à última. Patriots, Broncos, Seahawks e Packers ganharam o direito a descansar na primeira semana. Os restantes terão que superar o primeiro obstáculo já no próximo fim de semana.

Os suspeitos do costume

patriots_BillBelichickA NFL é suposto ser uma competição imprevisível, em que de um ano para o outro tudo pode ficar de pernas para o ar. É verdade que as surpresas continuam a acontecer, pela positiva e pela negativa, já lá iremos. Mas quando vemos as melhores equipas de ambas as conferências, aquelas que ganharam a dispensa de disputar a ronda de wildcards, são um clube com sucesso anunciado – Patriots, Broncos, Seahawks e Packers. Desde a antevisão da época que eles estavam no top-4 de todos os analistas. Mais curioso ainda é constatar que estas quatro equipas estão no topo dos Power Rankings pelo menos há três anos consecutivos. Mas, há também cinco candidatos que no ano passado não chegaram aos play-offs – Cardinals, Ravens, Cowboys, Lions e Steelers – e entre os campeões das divisões há seis que revalidaram os respetivos títulos e dois que o são de fresco. Curiosamente, os Dallas Cowboys e os Pittsburgh Steelers foram duas das equipas que deu gosto ver evoluir e de quem se espera uma gracinha nas rondas que se seguem.

Todos os caminhos passam por Foxborough

Na AFC os favoritos cedo se chegaram à frente. A meio da temporada já os New England Patriots tinham o título da divisão respetiva praticamente no bolso. Depois de algum desnorte inicial Tom Brady assumiu-se como o líder experiente capaz de empurrar a sua equipa até às últimas fases da competição. A colheita 2014/15 dos Pats é poderosa. Já conhecemos as capacidades do quarterback, que continua a ser determinante. O ataque conseguiu encontrar um equilíbrio quase perfeito, há soluções para qualquer que seja a estratégia necessária para vencer um jogo. Mas o que pode realmente fazer a diferença, e de New England um dos candidatos mais fortes ao Super Bowl, é a defesa. É o regresso às raízes de Bill Belichick. Uma equipa que tem como base sólida uma defesa à moda antiga, que anula os adversários, e uma ofensiva que entra para dar golpes certeiros.

Houve, até às últimas jornadas incerteza quanto a qual seria a melhor equipa da Conferência Americana. Os Pats adiantaram-se, Broncos e Colts ficaram a discutir a segunda posição que acabou por ser de Denver. Os Broncos começaram muito bem a época e terminam com o mesmo registo de doze vitórias e quatro derrotas de New England, perdendo apenas no desempate dos confrontos diretos. É, grosso modo, o mesmo coletivo consistente que chegou ao último Super Bowl, com uma defensiva muito mais enérgica. Mas que continua a depender da qualidade e liderança de Peyton Manning e nas últimas seis jornadas o quarterback tem andado bem abaixo do que o vimos fazer na primeira parte da época. Vem logo a conversa dos trinta e oito anos, das limitações físicas. Estou convencida que estando capaz ele vai contribuir para levar os Broncos longe mas não os vejo capazes de superar os Patriots em Foxborough, na final da Conferência.

Até onde podem ir os Steelers?

E depois há as equipas que, não sendo favoritas, podem mexer com estes play-offs. Na AFC, sem dúvida, os Steelers. A ofensiva de Pittsburgh é intimidante. É verdade que a secundária não tem o mesmo nível, pode ser uma brecha a explorar. Mas têm muita facilidade em transportar a bola, a primeira linha ofensiva melhorou muito e Big Ben tem tido todas as condições para levar o barco para a frente.

Apesar de terem vencido a AFC Sul e de terem um registo impressionante (onze vitórias e cinco derrotas, contando por triunfos todos os jogos dentro da divisão), tenho que colocar os Colts no grupo de trás da conferência, juntamente com os wildcards Bengals e Ravens. Simplesmente porque são três equipas com uma fragilidade demasiado evidente para que não venha ao de cima frente aos grandes – a secundária. No caso de Cincinnati há ainda a inconstância de Andy Dalton que não dá segurança nenhuma à equipa.

No caso da Conferência Americana tudo pode ser reduzido à seguinte questão: qual destas equipas é capaz de ir a New England bater os da casa. E a resposta parece ser, neste momento, nenhuma.