Dominic Thiem – Rafael Nadal (Barcelona Open)
Rafael Nadal parece determinado a recuperar o estatuto de rei da terra batida e foi com seriedade que superou Horacio Zeballos na meia-final. Mas terá pela frente um desafio à altura, na figura de Dominic Thiem. O austríaco acaba de eliminar o número um mundial, Andy Murray. Nadal persegue o décimo Troféu Conde de Godo, para Thiem seria o primeiro.
Dominic Thiem viu a oportunidade e agarrou-a com unhas e dentes. Andy Murray (6-2, 3-6, 6-4) ainda não está confortável em terra batida e voltou a entrar mal no encontro da meia-final. Abriu a serviu e sofreu imediatamente o break. Apesar de ter metido uma percentagem bem superior de primeiros serviços – setenta e quatro contra apenas cinquenta e dois de Thiem – só converteu praticamente metade dos pontos, conversão que no caso do austríaco superou os oitenta por cento. No segundo set a situação esteve quase a repetir-se mas desta feita o escocês conseguiu defender o ponto de break, o que lhe permitiu também elevar o seu nível de jogo. Do outro lado, o nono da hierarquia mantinha-se impassível. Os primeiros serviços não entravam com facilidade mas o seu ténis depende muito menos deles. O que fazia diferença, e muita, eram as habituais mudanças de velocidade que Dominic Thiem imprime às pancadas. Criaram inúmeras dificuldades a Murray, que não conseguia antecipá-las e andava a reboque. O número um mundial ainda tentou alguns amorties para criar dificuldades ao adversário. Aqui e ali, funcionaram. Ao fim de duas horas e um quarto o austríaco marcou encontro com Rafa Nadal, o homem que até dá nome aos court central do complexo de ténis da Catalunha.
Dominic Thiem conta oito títulos de carreira, seis dos quais em terra batida, uma superfície onde se sente como peixe na água. Mas só este ano, em fevereiro, conquistou o primeiro torneio de serie ATP 500, no Rio de Janeiro, batendo Pablo Carreno Busta (7-5, 6-4).
Rafael Nadal tinha, à partida, tarefa mais simples. Entre si e a final do Barcelona Open Banc Sabadell estava Horacio Zeballos (6-3, 6-4), o carrasco de João Sousa logo na primeira ronda. Mas nem por isso o tenista menorquino deixou de enfrentar a refrega com toda a seriedade. O número cinco mundial chega à final vencendo todos os encontros em sets diretos, sendo que o coreano Hyeon Chung (7-6, 6-2) conseguiu obriga-lo a disputar um tie break para decidir o primeiro parcial, nos quartos de final. A regularidade de Zeballos, sua grande arma em evidência nas rondas anteriores, foi afetada pela intensidade que Nadal força em cada ponto. No último terço do primeiro parcial o argentino foi entrando no ritmo e a partir de então foi capaz de dar mais luta.
Rafa Nadal venceu os nove encontros que disputou em terra batida, esta temporada, e já somou à longa lista de títulos individuais, setenta, o troféu no Masters de Monte Carlo, onde bateu Albert Ramos (6-1, 6-3). O espanhol está a seguir a cartilha de Federer e a apostar nas suas forças. Roland Garros é, sem dúvida, o objetivo máximo, mas até lá ele terá que ir crescendo e ganhando confiança. A saída do líder do ranking abre nova janela de oportunidade mas também serve de alerta. Thiem está ansioso por fazer a sua afirmação e não há melhor escalpe do que o do rei da terra batida, agora que parece estar de volta ao topo.
2016 | Masters Monte Carlo | Nadal | 2 | 7 | 6 | R16 | |
Thiem | 0 | 5 | 3 | ||||
2016 | ATP Buenos Aires | Thiem | 2 | 6 | 4 | 7 | SF |
Nadal | 1 | 4 | 6 | 6 | |||
2014 | Roland Garros | Nadal | 3 | 6 | 6 | 6 | 2R |
Thiem | 0 | 2 | 2 | 3 |
Será a quarta vez que Nadal e Thiem se defrontam, sempre em terra batida. O espanhol venceu em Roland Garros, em 2014, no último ano em que se sagrou lá campeão, e no torneio do Mónaco do ano passado. O austríaco levou a melhor em Buenos Aires, também em 2016.