Dominic Thiem – David Ferrer (ATP Rio de Janeiro)
Neste encontro dos quartos de final defrontam-se dois grandes talentos, com onze anos de diferença de idades. Aos trinta e três, David Ferrer está melhor do que nunca. O seu ténis, longevidade e sobretudo a abordagem à profissão são um exemplo a seguir. Do outro lado, um jovem a afirmar-se no circuito, que está a ter um início de temporada absolutamente notável.
Na semana passada, em Buenos Aires, Dominic Thiem conquistou o seu quarto título no circuito ATP. Na final bateu Nicolas Almagro (7-6, 3-6, 7-6), depois de na ronda anterior ter vencido o antigo rei da terra batida, Rafa Nadal (6-4, 4-6, 7-6). Por curiosidade, o austríaco afastou o português Gastão Elias na segunda ronda do torneio. Thiem começou a somar troféus de carreira há menos de um ano. Em maio de 2015 conquistou o primeiro ganhou em Nice a Leonardo Mayer (6-7, 7-5, 7-6). Sagrou-se depois campeão em Umag, na Croácia, diante de João Sousa (6-4, 6-1), e um pouco mais tarde fez a tripla em Gstaad, frente a David Goffin (7-5, 6-2). Para aqueles a quem o detalhe escapou, todos estes triunfos aconteceram em terra batida, superfície que o austríaco diz preferir desde a infância.
O agora número dezanove da hierarquia mundial do ténis está numa forma física invejável, a que não será alheia a decisão de ter cumprido a instrução militar há cerca de um ano. O treino, considerado bastante exigente, foi uma forma assumida do austríaco integrar outro nível de disciplina na sua vida. Podemos estar aqui numa passagem de testemunho. Thiem tem uma técnica apurada e sempre mostrou disponibilidade e interesse em aprender com os melhores. É muitas vezes convidado para treinar por Roger Federer, por exemplo, e está claramente a apostar forte no pó de tijolo. Pode ser uma boa forma de escalar o ranking onde se espera que venha a integrar o top-10 num futuro próximo.
No ATP do Rio de Janeiro ultrapassou Pablo Andujar (6-3, 6-4) e Diego Schwartzman (7-5, 7-5) nas primeiras rondas. É a sua primeira participação na prova da cidade carioca.
David Ferrer foi semifinalista em 2014 (bateu Dolgopolov por duplo 6-4) e campeão em 2015, vencendo na final Fabio Fognini (6-2, 6-3). Tem, por isso pontos e estatuto a defender neste Open do Rio. Na primeira ronda o veterano espanhol teve pela frente Jany Nicolas (6-3, 7-5), do top-500, e sofreu mais do que o esperado para seguir em frente. Mérito ao adversário pela capacidade de luta mas os problemas de Ferrer foram sobretudo com as condições climatéricas. As coisas não melhoraram na etapa seguinte. Frente a Albert Ramos Vinolas (4-6, 6-1, 6-4) suou as estopinhas, literalmente. O encontro, que estava agendado para a sessão noturna, teve que ser adiando para o dia seguinte. Obrigado a jogar sob o sol inclemente da uma da tarde, no Brasil, com índices de humidade altíssimos, Ferrer queixou-se das condições extremas e exortou a ATP a tomar medidas para proteger os tenistas. Não foi o único a queixar-se e Juan Mónaco, por exemplo, abandonou mesmo a prova pelos mesmos motivos. Ao seu estilo, Davis conseguiu tirar algo de bom desta exposição: perceber que a sua força mental está inabalável. O ténis, segundo ele, ressente-se porque é impossível manter ritmo e intensidade durante duas horas com temperaturas acima dos trinta graus.
Será uma estreia absoluta este confronto entre Thiem e Ferrer. O ténis vai sair a ganhar.