Ninguém teria dúvidas que seria um jogo muito difícil e complicado. Ninguém teria dúvidas de que o FC Porto teria de sofrer para conseguir manter a vantagem conseguida no Porto. Mas ninguém imaginaria que a equipa que Julen Lopetegui iria apresentar, se desmoronaria com tal facilidade. Nem nos seus piores pesadelos.
Ao intervalo, já a equipa do FC Porto perdia por 5 a 0, resultado nunca visto na era Pinto da Costa. A partir de certa altura já não era saber como dar a volta ao resultado e ainda conseguir o apuramento, mas como parar tamanha humilhação.
Humilhação, aliás, que está a ser uma norma alemã perante os seus adversários. Foi assim ao Brasil no Mundial de 2014, pela Selecção da Alemanha, foi assim com a AS Roma, já nesta Liga dos Campeões, pelo mesmo Bayern Munique. Tem sido assim pelo executivo alemão, e pelo Bundesbank, aos países periféricos do sul da Europa.
Meanwhile… Enquanto em Munique o FC Porto era humilhado, o PSG ia também perdendo em Barcelona, sem os laivos humilhantes que o Bayern ia impondo ao FC Porto, mas sem deixar de ser, contudo, pelo menos frustrante, para uma equipa cheia de ambições e construída para a Europa, não tivesse conseguido nada de positivo perante o FC Barcelona, em nenhum dos jogos dos quartos-de-final.
Enquanto o Bayern Munique derrotava o FC Porto por 6 a 1, o FC Barcelona vencia o PSG por 2 a 0. E já há duas equipas para as meias-finais da Liga dos Campeões: os alemães do Bayern Munique e os espanhóis do FC Barcelona.
Em Munique
Depois do 3 a 1 na semana passada, na Invicta, o FC Porto entrou no Allianz Arena disposto a defender, com unhas e dentes, a possível passagem às meias-finais da Liga dos Campeões.

O Bayern Munique começou cedo a golear um FC Porto incapaz de suster a avalanche atacante alemã
Mas começaram logo, ainda antes do árbitro apitar para o início do jogo, as surpresas a fazer os adeptos torcerem o nariz: Diego Reyes e Martins Indi nas laterais para os lugares de Danilo e Alex Sandro. 4 centrais, 2 deles com a obrigação de subir no terreno com bola ou, então, com o ataque pelas laterais anulado. Bom, foi mais ou menos o que aconteceu. Nem os laterais subiram nem defenderam, em especial Diego Reyes.
À passagem do primeiro quarto-de-hora, Thiago Alcântara, que tinha feito o golo no Porto, inaugurou o marcador em Munique, respondendo de cabeça a um cruzamento de Juan Bernat, e que os centrais portistas não conseguiram interceptar. Estava feito o primeiro golo. Mas já antes, 5 minutos antes, Lewandowski tinha rematado ao poste. O cerco apertava à volta da baliza de Fabiano. E o golo adivinhou-se.
E o FC Porto ainda tentou fechar-se, organizar-se na defesa, e tentar partir para o ataque ou, pelo menos, tentar levar o jogo para o meio-campo, longe da baliza de Fabiano. E durante algum, pouco, tempo, conseguiu-o. Mas a parte dianteira da equipa do FC Porto, que até é a habitual, não estava nos seus dias. Casemiro não conseguiu pensar o jogo. No ataque, Ricardo Quaresma, o herói do jogo uma semana antes, assim como Brahimi, passaram ao lado do jogo de ontem. Jogo de fraca feição para artistas da bola, requeria trabalho e entrega e recuo à defesa para ajudar no trabalho de sapa que era tapar caminhos e impedir a progressão dos alemães, coisa que não fizeram. E a defesa desfez-se
Foi assim que se chegou a sofrer, por 1 a 0, até ao minuto 22. E aí começou o pesadelo infernal, que iria durar 20 minutos.
Aos 22 minutos, e no seguimento de um canto marcado por Thiago Alcântara, Boateng eleva-se mais e melhor que toda a defesa portista e cabeceia para as redes da baliza de Fabiano, fazendo o 2 a 0.
5 minutos depois, foi a vez de Lewandowski, também de cabeça, dar a melhor finalização na resposta a uma assistência de Thomas Müller. 3 a 0.
9 minutos depois, foi Thomas Müller a rematar forte fora da área, com a bola a desviar no corpo de Martins Indi, a enganar Fabiano, e a entrar dentro da baliza, para o 4 a 0.

Este Bayern, muito diferente do que o que foi ao Dragão, foi sempre mais longe e mais alto que o FC Porto
4 minutos mais tarde Lewandowski bisou no encontro, fazendo o 5 a 0, dando seguimento a novo passe de Thomas Müller.
A 5 minutos do intervalo, o FC Porto estava completamente destroçado. Ansiava pelo intervalo. Aliás, pelo caminho que o jogo levava, os jogadores ansiavam pelo final do encontro. Nesta altura, no agregado dos dois jogos, o Bayern Munique vencia por 6 a 3. Tudo estava, praticamente, perdido.
Entretanto, já Julen Lopetegui fizera entrar Ricardo para o lugar de Diego Reyes e, embora houvesse mais 2 golos depois da alteração na equipa do FC Porto, este não foram pelo lado de Ricardo que se posicionou de forma mais eficaz que o mexicano. No intervalo, Julen Lopetegui também fez sair Ricardo Quaresma, completamente ao lado do jogo, e fez entrar Rúben Neves que acabou por colocar alguma ordem no meio-campo portista.
No reatamento, o Bayern Munique voltou mais forte e a atacar mais, mas o FC Porto estava mais coeso, melhor fechado, e aguentou melhor o embate.
E tanto assim foi que a meio da segunda-parte, Jackson Martinez, de cabeça, a responder a uma assistência de Herrera, fez o golo do FC Porto. O resultado passava para 5 a 1. E 5 minutos depois, o mesmo Jackson Martinez rematou forte com a bola a passar muito próximo do poste da baliza à guarda de Manuel Neuer. Se Jackson tem feito, neste lance, o 5 a 2, muita coisa poderia ter mudado. Mas não foi golo, e a história retomou o seu rumo.
Já perto do final do encontro, a 2 minutos dos 90, foi Xabi Alonso, de livre, a rematar forte e directo à baliza de Fabiano que não chegou a tempo de impedir a meia-dúzia.
O jogo caminhava a passos largos para o final. O FC Porto registava uma das mais negras páginas da sua história. Pinto da Costa, presidente portista desde os anos ’80, nunca tal tinha visto. Foi um jogo para esquecer, um jogo para lembrar e, para o bem e para o mal, foi um jogo para a história.
E no próximo Domingo, este FC Porto vai à Luz, disputar com o SL Benfica o jogo que garante o título aos encarnados, ou que coloca os azuis-e-brancos na sua trajectória.
Em Barcelona
E enquanto o Bayern Munique virava o resultado da primeira-mão dos quartos-de-final na Alemanha, com uma goleada das antigas, o FC Barcelona recebia, e batia, o PSG, por 2 a 0.

O Barcelona também começou cedo a marcar e cedo descansou, a pensar nos compromissos internos
Vindo já com uma confortável vitória de Paris, onde fora ganhar por 3 a 1, o FC Barcelona não deixara de acelerar neste jogo em Camp Nou. À passagem do primeiro quarto-de-hora, Neymar fez o 1 a 0, ampliando a vantagem trazida de Paris. A jogada começou com um slalom de Iniesta, que fez todo o meio-campo francês e, à entrada da área de Sirigu deu a bola a Neymar, que só teve de driblar o guarda-redes e meter a bola dentro da baliza. O PSG era uma equipa resignada. O FC Barcelona, pelo contrário, parecia ter pressa em resolver o jogo.
E quando ainda se esperava que o PSG ressurgisse e tentasse inverter o resultado, foi de novo Neymar, à passagem da meia-hora de jogo, que, de cabeça, desviou para golo um cruzamento de Dani Alves, fazendo o 2 a 0 e acabando com o jogo quando ainda restava uma hora para fazer muita coisa.
Mas o PSG não conseguiu mais do que o pouco que fez. David Luiz voltou a estar mal nos golos sofridos. O trio de ataque, Zlatan Ibrahimovic, Cavani e Pastore revelaram-se incapazes de dar a volta ao resultado.
Em virtude da renúncia do PSG, ou pelo menos da sua incapacidade, o FC Barcelona abrandou no ritmo de jogo e limitou-se a tê-lo controlado, evitando que os franceses pudessem fazer alguma surpresa.
Este FC Barcelona, tal como o Bayern Munique, afiguram-se como dois fortes candidatos a vencer esta edição da Liga dos Campeões. Mas hoje há mais 2 equipas nas meias-finais.
Boas Apostas!