Em Florença, o rosto da liderança não muda. Paulo Sousa continuará a orientar os destinos da Fiorentina na nova época depois de um ano satisfatório aos olhos da direção “Viola”. O quinto lugar do campeonato italiano permitiu assegurar a qualificação para a Liga Europa pela quarta temporada consecutiva, mas a avaliação do primeiro ano de Paulo Sousa no berço do Renascimento não se pode cingir aos resultados alcançados. O técnico português incutiu personalidade no jogo da Fiorentina e entusiasmou as bancadas do Artemio Francchi, vencendo a desconfiança inicial resultante do seu passado associado à rival Juventus.

Os adeptos encaram a continuidade de Paulo Sousa com agrado, mas o mesmo não se pode dizer quanto à postura do clube no mercado. Numa época em que a Fiorentina aparenta ter condições para dar um passo em frente, lutar pelo “top-3″e consequente apuramento para a Liga dos Campeões, a direção não se tem prestado a grandes investimentos – a aquisição da totalidade do passe do defesa Davide Astori parece ser a única boa notícia para os “Viola”, enquanto as contratações de Bartlomiej Dragowski e Kevin Diks são encaradas numa perspetiva de futuro. Em suma, a base da equipa mantém-se, excepção feita aos casos de Pasqual, Basanta e Roncaglia. Até ver, tudo indica que Josip Ilicic, Nikola Kalinic e Fede Bernardeschi vão continuar a patentear qualidade no relvado do Artemio Francchi. A astúcia táctica, o futebol apoiado e a intenção de aproximação constante à baliza contrária permanecem em Florença.

Foto: "Reuters"

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As últimas temporadas têm sido penosas para os dois rivais de Milão. AC Milan e Inter de Milão não se têm conseguido intrometer na luta pelo “Scudetto”, dando azo ao amplo domínio da Juventus. Agora, o investimento chinês parece ser a solução para relançar “rossoneri” e “nerazzurri” tanto no plano nacional como internacional. Ao que tudo indica, o ciclo de Sílvio Berlusconi à frente do AC Milan está a chegar ao fim e deverá culminar com a venda do clube a um grupo de empresários chineses, numa negociação intermediada por Jorge Mendes – resta aguardar a oficialização. No Inter de Milão, o grupo chinês Suning adquiriu 70 por cento do clube, deixando os restantes 30 por cento na posse do anterior proprietário, o indonésio Erick Thohir. O dinheiro não é, note-se, a solução para todos os males dos dois emblemas de Milão. É preciso adaptar as respetivas estruturas – visivelmente decaídas – ao atual contexto do “calcio” italiano e saber aplicar o investimento que se avizinha. Em suma, AC Milan e Inter de Milão carecem de estabilidade, premissa basilar para o sucesso desportivo.

Turbulência “rossoneri”

Foto: "AFP/Getty Images"

Foto: “AFP/Getty Images”

O AC Milan – último campeão italiano antes de a Juventus instaurar a sua hegemonia – encara a nova temporada com a mesma incerteza que tem caraterizado as últimas épocas. Ambições desmedidas, contratações falhadas e erros de “casting” têm marcado a vida de um dos emblemas mais reputados da história do futebol europeu. Sétimo colocado da última edição do campeonato italiano, o AC Milan perdeu o posto europeu “ao sprint”, frente ao Sassuolo. O insucesso no confronto com os “neroverdi” é o reflexo da atual situação de um clube com uma estrutura decaída, com problemas que não se restringem ao plantel profissional e respetiva equipa técnica. Sinisa Mihajlovic não conseguiu reerguer o AC Milan e foi mais uma vítima da falta de planeamento que se tornou norma no clube. Vincenzo Montella é o senhor que se segue. Não conseguiu ser feliz na Sampdoria, mas o novo treinador “rossoneri” já provou que tem ideias de jogo positivas enquanto liderou a Fiorentina. Para tentar fazer melhor que na época passada, Vincenzo Montella sabe que precisa de mais qualidade do ponto de vista individual em todos os setores. As contratações de Gustavo Gomez e Gianluca Lapadula estão longe de ser o suficiente. Impõem-se fazer uma “limpeza” no balneário do AC Milan, uma renovação que poderá ser o primeiro passo para o ressurgimento “rossoneri”.

Franck de Boer no reino “interista”

Foto: "Proshots"

Foto: “Proshots”

Roberto Mancini regressou a Milão e foi o responsável por dar início à recuperação do “pedigree” do Inter. Depois de uma época em que os “nerazzurri” tinham terminado na oitava posição do campeonato, Mancini levou o Inter até ao quarto lugar e consequente apuramento para a Liga Europa, prestação que no entanto também não se coaduna com os pergaminhos do clube. O Inter não impressionou pelo futebol que praticou, mas fez uma renovação que se impunha na equipa e a chegada de caras novas foi uma lufada de ar fresco no Giusseppe Meazza.

A duas semanas do arranque do campeonato italiano, o Inter de Milão teve que se debater com o primeiro percalço na nova época. Direção e Roberto Mancini chegaram a acordo para cessar a ligação do técnico italiano ao clube, situação que obriga a dar início a um novo ciclo. Franck de Boer é o eleito para comandar a equipa na nova época e uma coisa é certa: A adaptação da equipa ao novo treinador e vice-versa levará o seu tempo, até porque o futebol italiano representa um contexto totalmente novo para um holandês. Os novos proprietários do clube querem oferecer um plantel competitivo ao novo treinador, tal como demonstra a insistência na contratação do internacional português João Mário. Para já, o principal reforço do Inter é Antonio Candreva, internacional italiano que nas últimas épocas esteve ao serviço da Lazio. O ataque ao título poderá ser um objetivo demasiado ambicioso para a época que se avizinha, mas o regresso à Liga dos Campeões é uma meta pela qual o conjunto que veste de azul e preto deverá correr.

Boas Apostas!