Está definido o quadro principal do Torneio Olímpico de Ténis Masculino e os principais favoritos, Djokovic e Murray, têm caminho livre até à final. Vai ser preciso tomar o pulso a Nadal, literalmente, para perceber até que ponto está limitado. Os portugueses tiveram sortes diversas. Sousa irá enfrentar Robin Haase na primeira ronda e, caso passe, deve cruzar-se com o número um mundial. Elias vai medir forças com Kokkinakis, que ainda não competiu este ano devido a lesão. Por entre receios do Zika e o facto deste torneio não contar para o ranking, metade dos jogadores do top-20 desistiram da viagem ao Rio de Janeiro.

Djokovic e Murray em rota de colisão

Com Federer ausente, está imagem não se repetirá. Murray proicura revalidar o ouro de Londres 2012.

Com Federer ausente, está imagem não se pode repetir. Murray tentará revalidar o ouro de Londres 2012.

Novak Djokovic está no Rio de Janeiro, em busca de um dos títulos que ainda não consta do seu palmarés. É motivo suficiente para marcar presença e ir até ao fim. Andy Murray foi muito claro quanto à sua intenção de validar o ouro conquistado há quatro anos. Pelo sorteio os dois primeiros cabeças de série têm via aberta até à final, onde, se os acontecimentos seguirem o seu rumo natural, se deverão enfrentar pelas medalhas.

Na primeira ronda o líder do ranking vai medir forças com Juan Martin del Potro, e no que respeita a nível de dificuldade este deve ser o pico do que vai encontrar até à final. Estes dois já disputaram partidas memoráveis mas o argentino não é o mesmo que há quatro anos eliminou Djokovic em Wimbledon. Neste período os dois estiveram oito vezes frente a frente em court e o sérvio só foi batido por uma vez, em Indian Wells, em 2013. Não representando o mesmo tipo de ameaça, Del Potro vai, ainda assim, forçar o sérvio a entrar de cabeça no torneio, anulando assim a tendência natural para desconcentrações iniciais. Outro aspeto a ter em conta é que aqui os encontros decidem-se à melhor de três. Djokovic não terá aquela margem de segurança que os cinco sets lhe dão sobre toda a concorrência.

Andy Murray defronta o compatriota de Nole na primeria ronda. Viktor Troicki seria um osso de roer para a maioria dos participantes neste Torneio Olímpico, mas não para o escocês. Vai dar trabalho, certamente, mas Murray venceu os sete confrontos que teve com o sérvio. A única vez que Troicki reclamou sets ao britânico foi em Roland Garros, há já cinco épocas. Depois disto, o duelo que se pode perspetivar mais exigente será com David Ferrer, se o espanhol chegar até lá.

A não perder na primeira ronda

Há ainda outros duelos interessantes para acompanhar nesta primeira jornada do Rio 2016. Nadal vs Delbonis vai dar para perceber até que ponto o pulso do espanhol o incomoda, porque dessas sensações vai depender a sua prestação no evento, que esteve em dúvida até à passada terça-feira. Simon vs Coric também pode proporcionar um espetáculo interessante. E por falar em espetáculo, teremos Monfils frente a Pospisil. Mas o ponto alto, do ponto de vista do equilíbrio será o que oporá Dimitrov a Cilic. Os dois têm estado a jogar a bom nível este verão e ambos precisam de uma bom resultado para se relançarem.

Sousa e Elias com sortes distintas

Os dois portugueses estreiam-se nos Jogos Olímpicos e vão tentar surpreender.

Os dois portugueses estreiam-se nos Jogos Olímpicos e vão tentar surpreender.

Os tenistas portugueses tiveram sortes distintas no sorteio. João Sousa vai enfrentar o holandês Robin Haase. O número sessenta e dois do ranking venceu o vimaranense nos dois confrontos que tiveram, até à data, o último dos quais este ano, em Marselha. Caso consiga ultrapassar esta barreira psicológica, o melhor português de sempre, deve bater de frente com Novak Djokovic (ou del Potro), o que é sempre desmoralizador. Já Gastão Elias tem aqui uma fantástica oportunidade para chegar à segunda ronda. O primeiro obstáculo é Thanasis Kokkinakis, que conseguiu a qualificação devido ao ranking protegido. O jovem australiano seria um adversário de peso se estivesse em boa forma mas está fora de competição desde o final da temporada passada, devido a lesão. São muitos meses parado e Elias está animado por uns últimos meses em grande estilo. Se passar à etapa seguinte o número dois português pode enfrentar Steve Johnson, décimo segundo cabeça de série do torneio.

Os ausentes

Quando se olha para o quadro completo do Torneio Olímpico de Ténis 2016 o que salta à vista são as ausências. Se há os que o fazem lesão, de maior ou menor gravidade, como Federer ou Gasquet, há outros que ponderaram outros motivos. Para começar há a questão do vírus Zika e vários tenistas que estão a constituir família optaram por não arriscar. Mas um motivo que pesou em diversas desistências prende-se com o facto de este ano a participação nos Jogos Olímpicos não contar para o ranking ATP. Ou seja, quem lá vai faz uma espécie de sabática para representar o seu país e tentar alcançar algum prestígio pessoal. Para os que têm chances efetivas de chegar às medalhas isso é compensação e motivação bastante. Mas para os tenistas da segunda linha – casos de Raonic, Berdych, Thiem, Kyrgios – é preciso ponderar bem o custo/ benefício. Afinal, há US Open no final do mês e esse sim, é determinante para a progressão das respetivas carreiras. E destes mencionados, com a exceção do checo, os outros terão, em principio, outras oportunidades para competir em futuras olimpíadas.

Boas Apostas!