Mesmo perante um adversário frágil como o Azerbaijão, que jogou com dez mais de 40 minutos, Portugal não foi além de uma vitória por 0-2, numa exibição cinzenta e pouco convincente. No entanto, os três pontos – que eram essenciais a vários níveis – foram assegurados.
Onde está a alma da equipa?
Paulo Bento não tinha nem Nani, nem Cristiano Ronaldo, tendo-se decidido por promover a titularidade de Vieirinha e Danny. Estes dois jogadores ofereceram uma maior velocidade ao ataque português, mas o resto da equipa parecia não estar preparada para essa mudança. Vieirinha oferecia intensidade de jogo no corredor direito, mesmo que João Pereira ficasse, muitas vezes, para trás, sem colaborar com o jogador do Wolfsburgo. Por seu lado, Danny deambulava mais solto, aparecendo muitas vezes no meio do terreno, abrindo aí espaço para que Fábio Coentrão pudesse ocupar o flanco. Com isto, Hélder Postiga parecia perder o seu espaço natural – receber a bola de costas para a baliza e oferecê-la a quem penetrava – passando a ser-lhe exigido uma maior presença na área. No entanto, o jogador passa por uma crise de confiança, voltando a perder algumas oportunidades flagrantes, como aconteceu mesmo no final da 1ª parte.
O meio-campo português acabou por ficar bem mais recuado, com o posicionamento de Danny. João Moutinho e Raul Meireles iam aparecendo, à vez, na entrada da área adversária, mas sem grandes resultados práticos. A equipa defendia em bloco, mas dependia dos extremos para exercer pressão sobre a saída de bola azeri. Na zona central, Miguel Veloso ficava com pouco trabalho, dado o posicionamento do adversário, com Pepe e Bruno Alves bem mais ativos na troca de bolas, com o jogador do Real Madrid a arriscar-se, mais do que uma vez, em subidas pelo meio-campo oposto. Arrumada assim a equipa, parecia claro que ao desejo de vencer se contrapunha uma falta de crença evidente na maior parte dos elementos da equipa. O nervosismo e a ansiedade iam-se transformando em adversários bem mais complicados do que os azeris, que a jogar com o bloco muito recuado, quase sempre com dez elementos atrás da linha da bola – Aliyev era a exceção.
A importância do vermelho
A melhor oportunidade criada por Portugal no 1º tempo, para além do cabeceamento de Hélder Postiga que resultou de um remate falhado de Raul Meireles, foi um livre direto marcado por Bruno Alves, que enviou a bola ao poste aos 38 minutos de jogo. Mesmo mantendo-se o empate, Paulo Bento decidiu não mudar a sua equipa ao intervalo, esperando que o domínio na posse de bola levasse, mais tarde ou mais cedo, ao desejado golo. Aos 54 minutos, Alyev via o segundo amarelo e consequente vermelho, por falta cometida sobre Pepe, e a jogar frente a dez adversários, impôs-se a primeira mudança na equipa, entrando Hugo Almeida para o lugar de Meireles.
O cartão vermelho e a entrada de Hugo Almeida teve o condão de estancar todas as iniciativas ofensivas dos azeris, que se remeteram totalmente à defesa. O golo surgiria aos 63 minutos, na consequência de um canto marcado por João Moutinho, com Bruno Alves a saltar mais alto no primeiro poste. Dez minutos depois, com Portugal já a baixar o ritmo, Fábio Coentrão surgiu pela esquerda e centro para o cabeceamento sem oposição de Hugo Almeida. A vencer por 0-2, Paulo Bento, que já tinha feito entrar Varela para o lugar de Danny, recompôs o seu meio-campo, tirando Hélder Postiga para fazer entrar Custódio. A vitória estava garantida, em serviços mínimos, pela equipa das Quinas.
Vieirinha em destaque
Vierinha pode ser considerado como o melhor elemento da equipa portuguesa neste jogo frente ao Azerbaijão. Na primeira vez que foi titular, envergando a histórica camisola 7, Vierinha foi sempre um elemento mexido no seu corredor, tentando oferecer um elevado nível de intensidade ao onze de Paulo Bento. Criou oportunidades para os avançados, através de centros para a área, e teve também hipótese para marcar, rematando ao lado ainda na primeira parte.
Pepe voltou a ser um elemento importante, na forma como entende o seu posicionamento a nível defensivo e participação no momento ofensivo. No entanto, fruto do cartão amarelo visto aos 33 minutos, o defesa-central estará ausente no jogo frente à Rússia, mais uma final para os portugueses, que precisam de bater o líder do grupo para cimentar a sua candidatura ao segundo lugar e ao playoff.
Na equipa do Azerbaijão, o guarda-redes Agayev voltou a demonstrar um nível bastante interessante. Alto e com excelentes reflexos, o azeri voltou a colocar-se no caminho dos avançados portugueses, atrasando o procurado golo. Na defesa, Shukurov e Sadygov foram fazendo o que podiam para parar os portugueses, mas a equipa de Berti Vogts não conviveu bem com a pouca posse de bola que lhe foi cedida. Sempre sob pressão, o Azerbaijão nunca conseguiu levar o perigo à baliza de Rui Patrício, que teve um dos jogos mais descansados da sua história como internacional.