Entre os campeonatos europeus de topo, a Ligue 1 sempre sofreu pelo facto de não conseguir criar uma super-equipa, talvez excetuando na década passada, quando o Olympique de Lyon dominou no seu país e chegou a fazer furor nas competições europeias. Com o investimento feito no Paris SG, as expetativas voltaram a crescer, mas a presente temporada comprova que o dinheiro não é tudo para se construir uma equipa de futebol. A Ligue 1 apresenta, assim, o topo de tabela mais competitivo de entre os grandes campeonatos e os parisienses, se querem fazer valer o seu investimento, terão que conseguir encarrilhar a equipa rapidamente.
O Lyon consegue outra vez
Atual líder isolado da Ligue 1, o Olympique de Lyon voltou à ribalta com um plantel que confirma o seu ADN – apostando na formação de jovens jogadores, oferecendo-lhes tempo e condições para crescerem, sem pânicos no que toca a resultados e buscando no campeonato francês um treinador que perceba o entorno do clube. Hubert Fournier tinha passado por Lyon, como jogador, no final dos anos 90 e regressa agora para promover a equipa aos primeiros lugares da tabela. Depois de empates frente ao Monaco e ao PSG, o Lyon voltou às vitórias no fim-de-semana passado, frente ao Nantes, e confia na capacidade para segurar o primeiro lugar. Anthony Lopes, na baliza, tem sido um dos esteios defensivos da equipa que tem em Lacazette o homem golo, com 21 tentos marcados em 23 partidas. Com uma equipa que une criatividade à agressividade pela procura da bola, o Lyon confia que poderá ser um conjunto preparado para entrar nas bocas da Europa na próxima edição da Liga dos Campeões.
Monsieur Bielsa
O argentino procurar um lugar para regressar ao trabalho, depois de no Athletic de Bilbao ter ido ao topo e caído nas trevas, sempre agarrado aos seus princípios e reafirmando a sua postura de sonhador, um tanto louco, no panorama do futebol de alto rendimento. No entanto, a sua dedicação deverá ser o tom que o manterá na memória daqueles que estudam o fenómeno desportivo. Incapaz de fazer cedências na forma como lidera o seu grupo, Bielsa não terá tido acesso aos jogadores que esperava ou pretendia. No entanto, se o plantel não tem as opções para mais, Bielsa sabe explorar o potencial até ao máximo, vendo-se assim um Marselha capaz de competir com adversários bem mais preparados e com um historial de evolução bastante mais projetado. Caso consiga aguentar os humores do argentino, Marselha sabe bem que, muito em breve, poderá estar em condições de exportar talento e lutar por títulos.
As faces do sucesso
É óbvio que o grande peso da responsabilidade na presente Ligue 1 está sobre as costas do Paris SG, equipa que temos seguido com maior detalhe, seja nos prognósticos publicados, seja na Liga dos Campeões. Mas existem mais faces de sucesso no campeonato gaulês, sendo que o AS Monaco, a sua mudança de alinhamento já com a temporada a decorrer e o recente brilharete de Leonardo Jardim acabaram por lhe perdoar um quarto lugar que, bem vistas as condições, até é por demais meritório para o treinador português.
O acesso às competições europeias tem sido lugar de luta de equipas históricas deste posicionamento, como o Saint-Étienne e o Bordéus, enquanto o “regressado” Montpellier e o Guingamp – que ainda está em prova na Liga Europa -, vão observando as possibilidades de aproveitar algum deslize das equipas mais bem classificadas. Sendo certo que na Ligue 1 todas as equipas podem, de um ano ao outro, passarem de bestiais a bestas, tendo em conta o equilíbrio e, noutras situações, as vendas de jogadores de qualidade, vai-se registado a queda do Lille, atualmente no 12º lugar, como a grande desilusão da temporada.