David Ferrer – Frederico Silva (Estoril Open)
Frederico Silva está radiante por ir defrontar um jogador como David Ferrer na segunda ronda do Millennium Estoril Open. O tenista português, que recebeu o último wild-card para o quadro principal do torneio, retribuiu a posta que a direção fez nele ao bater Denis Istomin na ronda inicial. E agora só quer disfrutar ao máximo o embate que se segue, sem dores e no controlo das emoções em court.
Como quarto cabeça de série do Estoril Open, David Ferrer beneficia de entrada direta para segunda eliminatória do evento. O espanhol, antigo número três mundial e agora trigésimo primeiro da hierarquia, recebeu um wild card para entrar no quadro principal, que nas vésperas sofreu com as desistências de Nick Kyrgios e Albert Ramos.
A idade parece estar, por fim, a alcançar o veterano espanhol. Aos trinta e cinco anos, não foi além da terceira ronda no Open da Austrália, sendo eliminado pelo compatriota Robert Bautista Agut (7-5, 6-7, 7-6, 6-4) e jogou muito pouco até ao momento, em 2017. Em terra batida, a sua superfície de eleição, que está na origem da sua formação e onde se sente em casa, ainda não conseguiu vencer uma partida (0-3). Em Buenos Aires foi afastado por Berlocq (6-4, 6-2), no Rio de Janeiro perdeu para Dolgopolov (6-4, 6-4) e em Barcelona o carrasco foi Anderson (6-3, 6-4).
O facto de Frederico Silva ter recebido o derradeiro wild card para o quadro principal do Estoril Open causou certa celeuma. Isto porque o tenista das Caldas da Rainha já foi o quarto português mais cotado mas entretanto caiu para sétimo dessa lista. Acresce que havia ainda a suspeição de que Polaris, empresa que o agencia e que é uma das patrocinadoras do evento, tivesse pesado na decisão. A direção do evento justifica a decisão: o tenista de vinte e dois anos está em processo de recuperação de ranking após lesões prolongadas no pulso esquerdo – já foi o número duzentos e trinta e um mas agora está quase duzentos lugares abaixo – além de ter mostrado bom nível no Cascais NextGen Tour, onde chegou aos quartos de final em singulares e à final em pares.
A escolha pode ser questionável, mas Kiko, como é conhecido no meio, já mereceu por inteiro a confiança que os organizadores do Estoril Open depositaram nele. Na primeira ronda, no domingo, Frederico Silva eliminou Denis Istomin (6-2, 6-2), septuagésimo quarto do ranking mundial. E esta aposta pode também ser a injeção de confiança que Kiko precisava para se motivar no processo. O próprio reconheceu que lhe tem sido difícil regressar aos Futures, depois de já ter afançado nos Challengers. É inevitável a sensação de ter voltado atrás.
Talvez se recordem que o tenista uzbeque foi o responsável pela eliminação precoce de Djokovic no Open da Austrália. E que ainda há pouco também bateu Grigor Dimitrov. É verdade que Istomim esteve longe do seu melhor no que mostrou no Clube de Ténis do Estoril mas isso não retira o mérito do português. De início Frederico Silva demonstrou algum nervosismo mas foi capaz de se concentrar para acertar o seu jogo. Os dois sets foram quase cópias um do outro. O uzbeque cede primeiro o serviço, a 2-1, mas consegue de imediato o contrabreak. Mas se o português consegue reagir rapidamente, o mesmo já não acontece com o tenista mais cotado, que volta a sofrer duas quebras de serviço no quinto e sétimo jogo de cada parcial.
O encontro entre Ferrer e Frederico Silva é uma estreia.