A Croácia faz em França a sua quinta participação num Europeu de futebol e o primeiro objetivo é passar à fase seguinte. Apesar da inegável qualidade do plantel, os Croatas não terão tarefa fácil num grupo que integra também Espanha, Turquia e República Checa. Um meio-campo de virtuosos – comandado por Modric e Rakitic – secundado por avançados de topo pesa de um dos lados da balança. Do outro o temperamento balcânico, os problemas com os adeptos e um selecionador que parece não ter unhas para tocar esta guitarra. O que pesará mais?

Os amantes de futebol mereciam que Modric e Rakitik fossem longe no Euro 2016.

Os amantes de futebol mereciam que Modric, Rakitic e companhia fossem longe no Euro 2016.

A Croácia chega pela quinta vez a um Europeu de futebol e o registo é animador. Em metade das presenças anteriores a equipa dos Balcãs chegou até aos quartos de final. Em 1996 foram eliminados pela Alemanha, que viria a sagrar-se campeã da prova. A experiência de 2008 foi bem dolorosa. Perder com os turcos, nas grandes penalidades, ainda é uma memória que custa invocar. Desta vez o objetivo inicial é passar a primeira fase e a tarefa não será fácil. Nada a que os croatas já não estejam habituados. Há quatro anos – ainda a dezasseis – calharam no mesmo grupo que Espanha e Itália. O suficiente para fazer este Grupo D – com espanhóis, turcos e checos – parecer menos mal. A Croácia estreia-se defrontando a Turquia e esse embate será determinante para as contas finais. Passada a fase de grupos tudo é possível para esta seleção, que é capaz do melhor e do pior.

Virtuosismo de Modric e Rakitic merece ir longe

A seleção croata garantiu o apuramento com o segundo lugar no grupo H, atrás da Itália. Teve momentos de elevadíssimo nível e outros em que andou à deriva. Perdeu um ponto devido ao comportamento racista de alguns adeptos, que tomam estas atitudes propositadamente, para criar prolemas à Federação, que consideram corrupta. O talento dos jogadores parece ter dificuldade para sobressair no meio de todo este ruído. Por vezes, o temperamento balcânico só complica. Do meio-campo para a frente esta geração não fica a dever nada à que alcançou o terceiro lugar no Mundial de 98. Luka Modric e Ivan Rakitic são jogadores de elite, verdadeiramente excecionais. Conjugam raça, inteligência e virtuosismo. E têm na frente elenco – Mario Mandzukic,  Ivan Perisic, Nikola Kalinic ou mesmo o jovem Marko Pjaca – para lhes fazer justiça. O setor defensivo não está ao mesmo nível, de todo, e pode comprometer. São um grupo impressionante de jogadores mas que raramente conseguem ser uma equipa. E Ante Cacic pode bem ser a sua maior fragilidade.

Cacic sem unhas para tocar esta guitarra

O atual selecionador foi chamado as pressas para substituir Niko Kovac, em setembro passado, quando o empate no Azerbaijão (0-0) e a derrota na Noruega (0-0) deixaram a nação croata à beira de um ataque de nervos. Ante Cacic tem um currículo extenso mas sobretudo na formação e escalões secundários do seu país. As notas de destaque vão só para as passagens no Dínamo de Zagreb e Maribor. O técnico de sessenta e dois anos parece não ter unhas para tocar esta guitarra de jogadores experimentados e estrelas. Os poucos que o defendem dizem que tem tentado acrescentar alguma criatividade à equipa. Mas isso é acontece simplesmente por deixar os maestros mais à solta. Ou seja, opta por não interferir. Já os maiores críticos dizem que só foi escolhido porque pode ser facilmente manobrável pela estrutura federativa. Se a Croácia tiver sucesso o mérito será assacado aos jogadores; se fracassar, Cacic será o bode expiatório.

Boas Apostas!