Com Argentina e Chile no Grupo D, a tarefa para a Bolívia e o Panamá é quase impossível. Ainda assim, estamos longe de fechar contas a um grupo antes de ele sequer começar. O confronto entre argentinos e chilenos poderá ter até alguma influência para sabermos qual deles terá melhor caminho para atingir as meias-finais, mas a verdade é que ambos serão fortíssimos candidatos a consegui-lo. Quanto a surpresas, será bem mais complicado, até porque bolivianos e panamianos vivem abaixo da classe média nas suas Confederações.
Argentina
Uma fortíssima seleção argentina chega à presente edição da Copa América para cumprir com um destino que lhe tem andado a fugir. No século XXI este país disputou uma final do Mundial, em 2014, uma final da Taça das Confederações, em 2005, e três finais da Copa América, em 2004, 07 e 15. Apenas nos Jogos Olímpicos conseguiram somar vitórias a um currículo bem rico em termos de títulos. Agora, com Lionel Messi a capitanear a seleção principal, é inevitável que se vejam como mais fortes candidatos a vencer esta Copa. Para além do pequeno astro do Barcelona, outros grandes nomes fazem parte de uma equipa com largas opções. Higuaín e Aguero, no ataque, Di María e Pastore no meio-campo, com a linha defensiva a ser alvo de renovação com as ausências de Demichelis e Zabaleta. Marcos Rojo poderá ser o elemento central da nova linha defensiva, com Sérgio Romero a continuar a ser aposta para a baliza, apesar da pouca utilização no Manchester United.
Prevendo-se uma passagem fácil aos quartos-de-final, a Argentina é a seleção mais bem apetrechada para sonhar com o título nesta prova comemorativa do centenário da Copa América.
Chile
Campeão em título da Copa América, a seleção chilena não se livrou, ainda assim, de encontrar a Argentina no seu grupo. Esse será, provavelmente, o maior desafio à equipa de La Roja, conseguir demonstrar que pode ser superior a um dos históricos da prova. Caso o consiga, poderá ver abrir-se um caminho até à final da prova. Mas, mesmo passando em segundo lugar, o Chile continua a ser um candidato a marcar presença nas meias-finais. Alexis Sánchez voltará a ser figura de uma equipa que tem em Eduardo Vargas e Arturo Vidal outros elementos que rendem a um nível muito alto. Em termos defensivos, a equipa confia na capacidade de luta dos seus médios e numa linha recuada que privilegia o posicionamento e a saída da bola, em detrimento do poder físico. Na baliza, Claudio Bravo está ao nível dos melhores do mundo, para além do mais com todas as experiências que a baliza do FC Barcelona lhe permite.
Terá, então, um desafio neste grupo para terminar em primeiro lugar, mas a defesa do título pode ser garantida com uma fase a eliminar ao melhor estilo rojo.
Bolívia
Tendo surpreendido na Copa América do ano passado, quando alcançou os quartos-de-final da prova, a seleção da Bolívia não larga o fundo da tabela das equipas da América do Sul, como bem demonstram os seus resultados na Fase de Qualificação para o Mundial 2018. Trata-se de uma equipa com poucas referências internacionais e que baseou o seu sucesso do ano passado em grandes exibições do guarda-redes Romel Quiñonez. Com o grupo que lhe calhou nesta edição de centenário, será difícil que o mesmo esquema volte a resultar. Os adversários deste grupo são de muito maior exigência e sem possibilidades de apuramento para o terceiro classificado, as contas ficam ainda mais difíceis. A experiência de jogadores como Juan Carlos Arce ou Martin Smedberg-Dalence podem ajudar a equipa a ser competitiva frente ao Panamá, mas sem Marcel Moreno, fica muito complicado dar luta aos mais fortes.
O objetivo será, com certeza, garantir uma vitória no jogo inaugural do grupo, esperando que isso lhe dê algum alento para os confrontos com Argentina e Chile.
Panamá
Sem grandes tradições no futebol internacional, o Panamá chega a esta Copa América com o terceiro lugar na Gold Cup 2015 e uma boa prestação no seu grupo de apuramento para o Mundial 2018 como pontos mais relevantes do currículo. Nunca tendo jogado um Mundial ou uma Copa América, esta será a sua primeira experiência de jogos oficiais frente a equipas da América do Sul, o que pode servir de motivação para um grupo onde é a experiência que mais ordena. Na baliza, Jaime Penedo é um dos melhores guarda-redes da CONCACAF, enquanto no ataque Blas Pérez e Gabriel Torres são dois jogadores de elevado calibre. Com um meio-campo onde Gabriel Gómez e Aníbal Godoy garantem músculo e Quintero criatividade, a equipa sentirá a falta de Román Torres, defesa-central dos Seattle Sounders que está lesionado. Sendo que não tem qualquer responsabilidade em termos de objetivos nesta prova, o Panamá tentará aproveitar para mostrar o que poderia fazer se atingisse um Mundial.
O jogo mais importante é o primeiro, frente à Bolívia. O que vier depois disso, será sempre ganho.
Boas Apostas!