A Copa América desloca-se para o norte do continente, mas os grandes favoritos à vitória mantém-se os mesmos. O Brasil joga sempre para ganhar em todas as competições onde participa, sendo que pode beneficiar de um grupo acessível para enquadrar um grupo de jogadores onde não estão todas as referências do momento. O Equador e o Perú poderão lutar pelo segundo lugar, enquanto ao Haiti caberá aproveitar o momento de defrontar equipas de um nível superior ao seu.

Brasil

Douglas Costa

Sem Neymar, Douglas Costa poderá ser líder do Brasil

Dunga não está a ter um regresso fácil ao comando da seleção brasileira, voltando a provar a mesma incongruência que parece existir entre o seu estilo e o modelo de jogo que preconiza e a história do futebol brasileiro, aliado ao talento de grande número dos seus jogadores. Para esta prova, o treinador não contará com Neymar, que tem sido uma espécie de salvador dos canarinhos nos últimos tempos, resolvendo a nível individual aquilo que o coletivo tem mais dificuldades em destrinçar. Já outras ausências, como David Luiz, Marcelo, Danilo ou Óscar, acabam por ser quase um castigo aos erros que cada um destes jogadores foi cometendo, ou na seleção, ou nos respetivos clubes. Para este prova, será de esperar também voltar a ver Douglas Costa conquistar um papel de relevo no ataque da equipa brasileira, enquanto a ausência de opções para o ataque podem permitir ao jovem Gabriel, do Santos, ter espaço para se estrear e reservar lugar para o futuro.

Tendo em conta o seu grupo, o Brasil está mais do que obrigado a ser o primeiro classificado, ainda que permitindo aos seus jogadores espaço para se adaptarem às exigências da prova, onde procurarão jogar a final.

Equador

A equipa equatoriana tem vindo a constituir-se como uma referência no panorama da América do Sul, conseguindo fazer boas fases de qualificação para os Mundiais, mas ainda faltando o mesmo efeito na Copa América, onde não atinge os quartos-de-final desde 1997. Este ano terá uma grande oportunidade para conseguir matar esse borrego, trazendo um plantel muito forte para a prova a ser jogada nos Estados Unidos. O avançado Felipe Caicedo é o principal ausente da convocatória final, com Jefferson Montero e Enner Valencia a assumirem papéis de relevo, enquanto Antonio Valencia e Christian Nóboa são os garantes de experiência no onze. Se conseguir manter o mesmo relevo ofensivo sem contar com o jogador que é o atual melhor marcador da Fase de Qualificação da CONMEBOL para o Mundial, a equipa do Equador será um conjunto a ter em conta.

Aguarde-se um forte candidato, neste grupo, a ficar no segundo lugar, apresentando-se, depois, como uma equipa difícil de ultrapassar nos jogos a eliminar, mas sem beneficiar de verdadeiros desequilibradores.

Perú

Paolo Guerrero

Guerrero é figura em equipa desfalcada

Os peruanos estão divididos sobre o que esperar da sua equipa, tendo em conta que na Fase de Qualificação para o Mundial as coisas correm mal, mas na Copa América do ano passado conseguiram alcançar o terceiro lugar. É um facto que o Perú consegue, nesta prova, os seus melhores resultados, mas os planos de preparação para edição do Centenário não parecem ambiciosos o suficiente para transformar de novo a seleção numa das surpresas da prova. Muitos dos habituais titulares da equipa ficaram de fora do grupo de 23 jogadores, onde Yotún e Alberto Rodríguez na defesa e Paolo Guerrero no ataque serão as referências. A lista de ausências conta com elementos como Advíncula, Zambrano, Ascues, Juan Vargas, Paolo Hurtado, Claudio Pizarro, Jefferson Farfán e André Carrillo. É caso para dizer que, com todo este arsenal de talento, a equipa peruana deveria estar a conseguir melhores resultados no caminho para a Rússia 2018.

Como o foco estará mais nas ausências no que nas presenças, onde algum jogador poderá, ainda assim, para conseguir algum espaço de afirmação, tudo indica que os peruanos não avancem para lá da primeira fase.

Haiti

Com a particularidade de estar já quase afastada da corrida para o Mundial, onde os haitianos estiveram apenas uma vez, em 1974, o século XXI tem sido profícuo para um país que atingiu por três vezes, em nove edições, os quartos-de-final da Gold Cup. A sua estreia numa prova da dimensão da Copa América, alcançada depois de bater Trindade e Tobago no playoff, reveste-se como uma oportunidade para testar as suas qualidades perante adversários de maior calibre. Por isso mesmo, o Haiti vai apresentar-se com o seu melhor conjunto de jogadores, onde só Jean-Jacques Pierre, defesa veterano, faltará. A maioria dos seus jogadores atuam em França e nos Estados Unidos, sendo que elementos como Maurice, Jeff Louis ou Sonny Mustivar poderão demonstrar-se como de destaque nesta equipa. Alex Christian, que jogou no Vila Real por empréstimo do Boavista, é presença “portuguesa” no grupo de jogadores escolhidos.

No papel, o Haiti estará muito longe dos restantes concorrentes deste grupo. Mas o facto de olhar para esta prova como o ponto alto da carreira de vários dos jogadores poderá ajudá-los a surpreender em algum momento.