Leonardo Jardim teve o pior início de época possível, a perder no seu terreno frente ao modesto Lorient. As dúvidas que muitos franceses tinham sobre o técnico português, que não apresenta nome ou currículo que pareça justificar a contratação para um dos meninos-ricos do futebol gaulês, ganharam assim corpo e aparente razão de ser. Mas o melhor é mesmo dar ouvidos ao que disse René Girard, técnico do Lille, em jeito de aviso a Rony Lopes, outro português que também se estreou nesta competição este fim-de-semana. Na Liga Francesa, não existem facilidades.
Não é fácil ser grande
O Monaco mudou de cara este verão e, ao que dizem, ainda poderá mudar muito mais até ao fecho do mercado. Leonardo Jardim enfrentou, desde o primeiro dia, as dúvidas que se levantam por ser um “desconhecido” a ocupar o lugar de Claudio Ranieri. Abidal e James Rodríguez saíram, Falcao vai recuperando devagar e o dinheiro que sai dos cofres russos do Monaco tem servido de aposta em jovens. Começada a Liga, bastaram nove minutos para que a equipa de Jardim ficasse a perder, através de uma grande penalidade. O português foi rápido a reagir, fazendo entrar Germain para o lugar de Bakayoko, mas essa troca deixou claro que Falcao ainda está longe do seu melhor. Ainda assim, com a desvantagem a manter-se, o colombiano foi chamado a jogo e marcou, também na conversão de uma grande penalidade. O problema foi a sede. Mantendo-se com quatro avançados, em busca da vitória, o Monaco acabou por abrir caminho ao segundo golo do Lorient. E a desconfiança segue.
N\ao foi fácil ser grande na jornada de abertura da Liga Francesa. O campeão em título começou em Reims e também somou apenas um ponto. Ibrahimovic abriu e fechou o marcador, mas o Paris SG não teve a cara, nem o físico necessários para derrubar uma das equipas mais criativas da segunda metade deste campeonato. Confirmando que terminar a Ligue 1 no pódio, a época passada, nada garante a ninguém, o Lille ficou a zeros frente ao novo primodivisionário Metz. A equipa da casa entrou em jogo a pensar na Liga dos Campeões e não foi capaz de assentar nos serviços mínimos, perante um conjunto que regressou à divisão maior apostado em fechar todos os caminhos para a sua baliza. Nesta primeira jornada, foi o que bastou.
Golos, golos, golos
O grande jogo da jornada estava, no entanto, prometido para Bastia. Claude Makelele fazia a sua estreia como treinador frente ao Marselha de Marcelo Bielsa e o jogo cumpriu com tudo aquilo que se esperava dele. Os córsegos entraram a ganhar com um golo de Maboulou, que também fez a sua estreia na divisão maior do futebol gaulês, perante a dificuldade marselhesa em implementar a linha de três defesas sem fazer ofertas ao adversário. Ainda assim, a equipa de “El Loco” rapidamente se arrumou no terreno de jogo e chegou até ao 1-3, com André Gignac a bisar e Romaric a ajudar com um autogolo. No entanto, como os jogos só acabam no fim, ainda houve tempo para ver o Bastia chegar ao empate, com Tallo a marcar de penalti e Maboulou a fechar como havia começado – novo golo em prova de força e rebeldia.
Em Nice, Claude Puel adormeceu satisfeito, por ter visto o argentino Dario Cvitanich regressar aos golos. Foram dois da vitória caseira da sua equipa frente a um Toulouse que até esteve a vencer por 1-2. Entretanto, o líder da Ligue 1 até é o Caen, outra das equipas que regressa este ano à alta-roda do futebol gaulês. Com uma goleada de três golos sem resposta em Évian, o Caen começou com o pé direito. Kanté e um bis de Duhamel fizeram a história, numa partida onde o técnico do Évian, Pascal Dupraz, terminou por resumir na seguinte pérola: “só não substituí o treinador porque ele já não estava no banco” (Dupraz cumpriu castigo nesta jornada e viu o jogo da bancada).