No sábado o Manchester City deu um pontapé certeiro na desilusão e bateu, com naturalidade o Tottenham. O título ficava a um ponto, que se esperava que viesse na próxima jornada. Um dia mais tarde os Cityzens eram campeões, com uma ajuda indireta do West Bromwich e do rival United. A equipa de Mourinho fez uma exibição para esquecer e acabou batida em Old Trafford pelo último classificado da Premier League.
City à campeão
A deslocação a Wembley era uma perspetiva curiosa para perceber até que ponto o Manchester City estava a deixar que as três derrotas consecutivas, pontuadas pela eliminação da Liga dos Campeões pelo Liverpool, o afetasse. A equipa de Pep Guardiola conseguiu dar um contundente pontapé na desilusão e impôs-se com tida a naturalidade ao conjunto treinador por Mauricio Pochettino (1-3). Gabriel Jesus abriu o marcador aos vinte e dois minutos, Ilkay Gundogan fez o segundo logo de seguida, na conversão de uma grande penalidade. Ainda antes do intervalo, Christian Eriksen conseguiu reduzir, o que deixava o segundo tempo em aberto. Nos jogos anteriores, o City tinha quebrado de intensidade no segundo tempo mas desta feita o grupo estava alerta para a situação. Claro que o facto de não terem um encontro de exigência máxima ajuda muito a gerir os níveis físicos e de concentração. Os Cityzens nunca perderam o ascendente que tinha sobre os Spurs e aos setenta e dois Raheem Sterling faz o terceiro, num ressalto, sentenciando o resultado. Guardiola terminou o encontro a cumprimentar cada um dos jogadores envolvidos no jogo e a aplaudir o contingente de adeptos que acompanhou a equipa até Londres, fazendo gestos a lembrar que faltava um. Um ponto separava então o Manchester City do título há muito antecipado. No dia seguinte, eram campeões, com um empurrãozinho vindo de onde menos se podia esperar.
United do 8 ao 80
Mourinho foi direto ao ponto quando abordou a falta de consistência exibicional do Manchester United. O treinador português puxou dos galões para lembrar que venceu oito campeonatos, dizendo que essa experiência o fazer antever um jogo complicado na sequência do triunfo no dérbi de Manchester, na semana passada. Segundo ele, alguns jogadores deixaram que esse resultado lhes subisse à cabeça porque lhe falta essa consciência de que não basta ganhar ou fazer uma grande exibição num dia especial. Os títulos conquistam-se mantendo o nível das exibições, semana a semana. Paul Pogba era um dos principais visados, nem sequer era preciso um esforço grande para perceber a mensagem. Mas estava longe de ser o único. E Mourinho, apesar de dizer que ele não joga, também não está isento de responsabilidades. Em última análise, porque é o responsável máximo. Mas também porque não parece ser capaz de convencer os jogadores de que o seu caminho vai dar frutos e algumas opções em particular revelaram-se infrutíferas. O West Bromwich, que é lanterna-vermelha e o mais forte candidato a baixar ao Championship, não vencia há dez jogos, entre compromissos da Premier League e da taça. Perder com o último classificado, ainda por cima em casa, é desmoralizador. Mas é agravado quando, dentro de campo, a prestação das duas equipas não se distinguia por aí além.
Ainda que indiretamente, o United dá uma ajuda para a festa do título antecipada do rival. E, involuntariamente, dá algum alento aos Baggies, que provavelmente já chega tarde demais para evitar a despromoção. Convém não esquecer que na próxima sexta os Red Devils recebem os Spurs, com ambas as formações a querer limpar a imagem e o orgulho ferido.
Boas Apostas!