São dias felizes para os adeptos do Flamengo. A equipa Carioca tem correspondido às melhores expectativas dentro das quatro linhas, afirmando-se como séria candidata ao título. Os responsáveis do clube privilegiam um discurso cauteloso, cientes de que ainda há um longo caminho para percorrer, mas a “torcida” sonha com a conquista do sétimo título brasileiro e o “cheirinho de hepta” já é premissa viral.
A história do Flamengo de Zé Ricardo começou a ser escrita no dia 26 de maio de 2016. O experiente Muricy Ramalho deixou o clube devido a um problema de saúde e, no imediato, a direção do clube optou por convidar o então treinador da formação de sub-20 a assumir os destinos do plantel principal a título interino. José Ricardo Mannarino encontrou uma equipa desacreditada, submetida à duvida pelos resultados alcançados na primeira metade do ano. Mais do que a eliminação nas meias-finais da segunda fase do Estadual frente ao Vasco da Gama, os flamenguistas demonstraram-se insatisfeitos com a prestação na Primeira Liga – novidade no calendário brasileiro – bem como com a eliminação precoce na Copa do Brasil. O novo técnico do Flamengo assumiu os destinos da equipa à entrada para a quarta jornada do campeonato brasileiro, na antecâmara da visita a Campinas (São Paulo) para defrontar a Ponte Preta no Moisés Lucarelli. O conjunto Carioca entrou a perder, deu a volta ao marcador e resistiu com 10 unidades durante 28 minutos, conquistando o primeiro triunfo de uma nova etapa que à data não se sabia quanto tempo duraria, dada a condição de técnico interino atribuída a Zé Ricardo. A 14 de julho, 11 jogos depois de se ter estreado no comando do Flamengo, é “efetivado” até final da temporada. Ao cabo de 14 rondas do campeonato brasileiro, numa altura em que o Flamengo ocupava a sexta posição da pauta classificativa com 23 pontos, a direção do “rubro negro” entendeu que estavam reunidas todas as condições para a equipa crescer sob as ordens de Zé Ricardo e moveu-se no mercado com o intuito de aumentar o lote de soluções, dando o mote para a ascensão em termos classificativos que se tem verificado.
Uma semana antes de “efetivar” a condição de Zé Ricardo, o “Fla” foi ao mercado para assegurar os préstimos de Alejandro Donatti, defesa argentino do Rosário Central que estava há algum tempo nas cogitações do clube Carioca. Apesar do valor reconhecido ao atleta, a verdade é que não tem sido muito utilizado no eixo defensivo do Flamengo. A experiência incutida por Juan (capitão) e Réver no centro da defesa tem relegado Donatti para o papel de terceiro central do plantel, mas é certo que os seus préstimos ainda serão úteis ao Flamengo numa prova longa e intensa como o campeonato brasileiro. Para a frente de ataque chegou Leandro Damião, avançado emprestado pelo Santos que teve uma passagem fugaz pelo Bétis e poderá ser um elemento importante num setor que conta com o peruano Paolo Guerrero – ídolo da “torcida” – e o “garoto” Felipe Vizeu. Não obstante, foi a contratação do médio Diego que “encheu as medidas” aos adeptos do “Fla” e a equipa do Rio de Janeiro tem crescido sob a batuta do novo maestro.
Mudar para melhor
O Flamengo evoluiu em termos tácticos sob a égide de Zé Ricardo, tornando-se uma equipa mais madura, capaz de interpretar e de se adequar a cada momento do jogo. A vocação ofensiva mantém-se mas estamos perante um conjunto mais responsável – capaz de medir as consequências das suas ações coletivas – e organizado. Consciencializou-se no que toca à importância do momento sem bola, algo notório no embate mais recente, com o Figueirense. A entrada de Diego no onze melhorou a qualidade do jogo do “Fla”, permitindo à equipa canalizar mais jogo pelo meio, ou não estivéssemos a falar de um jogador inteligente na forma como se movimenta, astuto a aparecer nos espaços e disponível para participar no processo de construção. A equipa tem beneficiado com a influência de Diego, embora o equilíbrio dado por Márcio Araújo em termos defensivos seja fulcral para “soltar” o novo “menino bonito” do torcedor flamenguista – Willian Arão também perdeu alguma liberdade com a chegada de Diego. Numa altura em que ainda há mais de 40 pontos em jogo, o Flamengo – vice-líder ao cabo de 23 rondas – tem um longo caminho pela frente, dividindo esforços entre a disputa do campeonato brasileiro e da Copa Sul-Americana. Nesta equação, dispor de um leque de opções alargado é essencial, situação que se verifica neste plantel e faz com que os comandados de Zé Ricardo possam produzir a fragrância preferida dos adeptos por estes dias, com “cheirinho de hepta”.
Boas Apostas!