O Carpi recuperou da falência e nunca mais ninguém o parou. Na próxima época jogará na Serie A pela primeira vez na história do clube.
Ascensão
No passado dia 28 de Abril, o Carpi recebeu o Bari e somou um empate, sem golos, garantindo dessa forma a promoção à Serie A com quatro jornadas por se realizarem.
Um feito inédito na história do Carpi. Em 109 anos, será a primeira vez que o clube figurará na elite italiana, desde a instituição da Serie A como a conhecemos actualmente. A equipa do norte de Itália, com cerca de 67 mil habitantes, já tinha marcado presença no primeiro campeonato italiano, Prima Divisione, uma competição que antecedeu a Serie A, nas épocas de 1919/1920 e 1920/1921.
O campeonato nesse tempo era dividido por regiões, tendo sido unificado apenas em 1929, com a criação da Serie A. Desde esse ano que a equipa nunca tinha conseguido voltar ao topo do futebol italiano.
Este fim-de-semana, o Carpi deslocou-se até ao terreno do Modena para vencer por 2-1, conquistando o título de campeões. Momentos de angústia e desespero, transformados agora em estado de pura alegria e sentimento de dever cumprido. A equipa festeja merecidamente a subida e o título. Uma história de um passeio triunfante.

A 28 de Abril, um empate a zero frente ao Bari, garantiu ao Carpi a subida à Serie A e, esta semana, a vitória por 2 a 1, com o Modena, garantiu o título de campeão
O técnico Fabrizio Castori sabe que terá uma missão complicada pela frente, na próxima temporada. Para garantir a manutenção na Serie A, será necessário realizar um excelente trabalho e lutar contra todas as expectativas.
Com 22 vitórias, 12 empates e 5 derrotas, até ao momento, o Carpi demonstrou que é um justo campeão. A equipa italiana apontou 59 golos e sofreu 26, números que os colocam em 2º lugar das equipas com mais golos e a defesa menos batida da Serie B.
Um dos principais responsáveis pela eficácia ofensiva da equipa é o nigeriano Jerry Uche Mbakogu. O avançado, de 22 anos, já leva 15 golos nos 30 jogos realizados, com 14 golos a serem apontados no campeonato.
Defensivamente, a grande referência é o guarda-redes Gabriel. O brasileiro, de 22 anos, chegou por empréstimo do Milan e agarrou a titularidade, totalizando 36 jogos esta época, não tendo sofrido qualquer golo em 20 jogos.
Dificuldades
Nem todos vêem com bons olhos a entrada do Carpi no principal escalão italiano.
Uma das críticas veio do dono da Lazio. Claudio Lotito afirmou, em Fevereiro, que a presença de clubes sem tradição no campeonato italiano, prejudica os clubes maiores, na hora da negociação dos direitos televisivos.
As palavras eram apontadas ao Carpi e ao Frosinone, actual 2º classificado da Serie A. O Carpi com um estádio para pouco mais de 4 mil pessoas e o Frosinone, com uma lotação de perto de 10 mil, podem ser os clubes mais pequenos da Serie A na próxima época, mas a ambição e a vontade ninguém lhes pode tirar.
Exemplo disso é o Carpi que, em 1999, declarou falência, fechando as portas. Em 2000, o clube voltou nos campeonatos amadores. Corria o ano de 2010 quando o clube conseguiu a promoção para a quarta divisão, a primeira profissional na hierarquia do futebol italiano.

O Carpi já não pode jogar no velhinho Sandro Cabassi, que não tem os 20.000 lugares obrigatórios para a Serie A
A subida à Serie B só aconteceu na época 2013/2014, com o Carpi a terminar em 12º lugar. Um ano depois, o clube da pequena cidade do norte de Itália, festeja o título. Uma ascensão histórica, resultado de um projecto sólido e responsável.
Em 2015/2016, o Carpi terá de jogar noutro estádio, uma vez que os regulamentos exigem que os estádios tenham, pelo menos, 20 mil pessoas, um cenário que não se verifica no Sandro Cabassi.
Longe vão os tempos em que o campeonato italiano era uma referência no mundo do futebol. O calcio dominava e encantava. Clubes históricos como o Parma, Fiorentina, Roma, Lazio, Nápoles, Milan, Inter e Juventus personificam o melhor da Serie A, da década de 80 e 90.
O lado mais sombrio do calcio apareceu na viragem do século, com os escândalos de corrupção. Actualmente, a Serie A tenta conquistar os adeptos do passado, num campeonato marcado pela hegemonia da Juventus e a quebra de clubes como o Parma, que não fugiu à despromoção esta temporada, assim como os rivais de Milão, que têm estado irreconhecíveis.
Com os problemas existentes no futebol italiano, fazem falta mais clubes da dimensão do Carpi. Um feito inédito que pode servir para relançar o campeonato italiano na elite europeia. Tivessem todos os clubes seguido um modelo de gestão como o do Carpi, e o futebol italiano continuaria neste momento no topo.
Boas Apostas!