A fechar as antevisões dos grupos da Taça das Nações Africanas, focamo-nos no Grupo D, onde estão duas das seleções com mais vitórias na prova. O Egito é uma espécie de gigante adormecido, tendo vencido a última das suas sete taças em 2010, enquanto o Gana, que não vence desde 1982, acaba por ser uma das seleções africanas com mais qualidade nos últimos anos. Levando, desde logo, o favoritismo, é bom ter em conta que terão que superar um Mali com muita experiência e talento. Por sua vez, o Uganda fica com a missão de tentar surpreender num grupo cheio de peixe graúdo.

Egito

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Salah é o jogador mais destacado na equipa egípcia

Campeões por três vezes entre 2006 e 2010, os egípcios não mais voltaram a conseguir o apuramento para a CAN, regressando sete anos depois e com muitas novidades a ter em conta. A mais promissora delas o tempo que Héctor Cuper teve para trabalhar com esta equipa, potenciando-lhe uma evolução tática que só sai reforçada com o atual quadro de talentos disponíveis. Com Elneny, Mohamed Salah e o goleador Hassan disponíveis, a equipa do Egito, hoje em dia mais dinâmica na saída para a transição e com um estilo de jogo que se continua a demarcar de boa parte das restantes seleções, traz consigo também a pressão de ser um eterno favorito, mesmo tendo em conta os anos de “ausência”. Para melhor enfrentar esse peso, Cuper mantém alguns nomes, como o guarda-redes El-Hadary (com 43 anos!) ou o defesa Ahmed Fathi. Alcançado o equilíbrio, serão das seleções mais perigosas de enfrentar nesta prova.

Gana

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Andre Ayew, o bom futebol com marca ganesa

Muita qualidade individual, nem sempre grande capacidade de organização. Assim é o Gana, equipa africana que mais destaque vem conseguindo nos últimos Mundiais, mas que não consegue levar as boas carreiras na Taça das Nações Africanas até a uma vitória. Disputou as meias-finais nas últimas cinco edições e volta a chegar com um plantel cheio de talento, onde se podem destacar os irmãos Ayew, Atsu, Wakaso, Thomas Partey, mas também qualidade a partir de trás com Mensah ou Afful. Asamoah Gyan estará, nesta fase, algo longe do seu melhor nível mas mantém-se como um elemento muito importante e, estando em campo, pode transformar-se na peça decisiva para levar a equipa à vitoria. Avram Grant, o treinador, encontra-se sobre a pressão dos resultados, sendo que essa se poderá estender à equipa e acabar por travar a ambição dos ganeses.

Mali

Com pódios nas edições de 2012 e 2013, o Mali comprovou que pode ser uma força no futebol africano. Chega a esta edição com um plantel onde existe muita qualidade, dando-se até ao luxo de deixar de fora alguns jogadores que estão a ter imenso destaque nas suas formações, como Adama Traoré do Middlesbrough. O sorteio coloca-o perante um grupo com enormes desafios, mas a experiência e o pragmatismo de Alain Giresse poderão acabar por revelar-se uma mais valia para defrontar os “mitos” egípcios e ganeses. No campo, o Mali tem uma mescla de elementos mais experimentados (Mustapha Yatabaré, Samba Sow, Yatabaré, Salif Coulibaly), com jovens esperanças como Doumbia, Adama Traoré (do Monaco) ou Lassana Coulibaly. Moussa Marega, que vem sendo um dos destaques na Liga NOS, também poderá aparecer como fundamental para levar o Mali ao golo.

Uganda

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Kizito com oportunidade para jogar uma grande prova internacional

Nenhum dos jogadores ugandeses era nascido quando o seu país disputou, pela última vez, a CAN. Foi em 1978 e esta geração tem estado, nos últimos anos, à porta da prova que agora consegue, novamente, franquear. Trata-se de uma equipa muito consistente, com uma dinâmica de jogo trabalhada ao longo dos anos e beneficiando de ter Micho Sredojevic como selecionador desde maio de 2013, podendo aperfeiçoar o seu modelo com estes jogadores. Sem ter nomes a jogar em campeonatos muito competitivos na Europa (Kizito, no Rio Ave, e Miya, no Standard Liege, são os que estão a um nível mais alto), contam com Denis Onyango, guarda-redes da equipa vencedora da Liga dos Campeões Africanos e considerado o melhor jogador de 2016 a atuar no continente. Ou seja, pelo menos na baliza, apresentarão garantias perante seleções que têm muito mais experiência.

A nossa aposta

Difícil encontrar, entre Egito, Gana e Mali, quem serão os principais candidatos a passar à fase seguinte. O Gana apresenta o melhor grupo de jogadores, enquanto o Mali tem do seu lado a consistência e o Egito a ideia de jogo mais interessante. Vai ser uma verdadeira luta de titãs em busca do primeiro lugar. O Uganda conta, por sua parte, com um coletivo muito forte e habituado a jogar junto, o que lhe servirá para tentar a surpresa, apesar de todos os prognósticos estarem contra si.

Boas Apostas!