Caiu a cortina sobre a edição 2016/17 da Liga NOS, onde os grandes vencedores são o SL Benfica, campeão pela quarta temporada consecutiva, o Vitória de Guimarães, que termina a época em 4º lugar e regressa às provas europeias, tal como o Marítimo, 6º classificado. Do lado das desilusões, a temporada protagonizada pelo Sporting, que ficou fora da corrida do título muito cedo, o SC Braga, por se ver afastado dos três grandes e os dois despromovidos, Arouca e Nacional da Madeira.
Campeão da resistência
Se o futebol foi pior jogado pelas equipas do topo da tabela nesta edição da prova, com os três grandes a apresentarem algumas inconsistências que não eram, na última década, tão visíveis nas equipas que terminavam como campeãs, o Benfica soube sempre manter-se à tona nesta edição da Liga. Por um lado, confirmando que detinha um plantel superior ao dos adversários, pois se o FC Porto detinha valores individuais de semelhante valia, não conseguia apresentar a mesma experiência competitiva que o Benfica.
Ao longo da temporada, sublinham-se as exibições de Éderson na baliza dos encarnados, a organização defensiva, o aparecimento de Gonçalo Guedes na primeira metade da temporada, como um elemento que trouxe novidade às movimentações da equipa e o regresso de Jonas na segunda metade para firmar o Benfica como campeão. Se tentarmos comparar com o segundo classificado, é verdade que Casillas não terá ficado atrás na baliza do FC Porto, o acerto defensivo da equipa terá sido uma das suas melhores características ao longo da temporada, mas nem Tiquinho Soares, apesar dos golos, teve o condão de melhorar o futebol da sua equipa, nem Brahimi atingiu o nível necessário para ser um homem decisivo.
Quanto ao Sporting, comprovou-se que não tinha resposta no seu plantel para a qualidade revelada pelos seus adversários, tal como não teve capacidade mental para ultrapassar o terrível mês de Dezembro, quando derrotas frente ao Benfica e ao Braga, para lá do afastamento das competições europeias. As fragilidades individuais não foram compensadas por um trabalho que pudesse transformar o colectivo em chave de afirmação e, por isso mesmo, o Sporting de Jorge Jesus é um natural terceiro classificado.
Regressos que saúdam
O Vitória de Guimarães pode bem ser indicado como a grande revelação da temporada. Com Pedro Martins no comando e um plantel que fez regressar à Cidade-Berço um conjunto de jogadores à procura de uma segunda oportunidade no futebol nacional, o Vitória intrometeu-se cedo na luta dos primeiros lugares, tornando-se uma evidência o seu regresso às competições europeias, tendo mantido o excelente ritmo e ultrapassado um SC Braga marcado pelos seus equívocos. A este posicionamento na Liga NOS junta-se, também, uma final da Taça de Portugal que poderá permitir o fecho com chave-de-ouro da presente temporada.
O Marítimo conseguiu o apuramento para a Liga Europa na derradeira jornada, fazendo a festa depois de um início de temporada atribulado, com uma escolha errática de treinador que fez chegar à ilha Paulo César Gusmão. Emendada a mão para trazer Daniel Ramos para o comando, o conjunto madeirense impôs-se pela regularidade e acerto nas decisões técnicas, superiorizando-se a um Rio Ave com melhor futebol, mas também marcado por um início de temporada decepcionante.
A grande decepção passa por ser, no entanto, o SC Braga, que não conseguiu nem com José Peseiro, nem com Jorge Simão, atingir o seu máximo potencial. Se com o primeiro a equipa demonstrava maior qualidade ofensiva, ainda que sem capacidade para se adaptar a diferentes contextos de jogo, com o segundo como que inverteu a sua situação, melhorando defensivamente, mas transportando carências para o momento ofensivo. O quinto lugar obriga a equipa a rever a sua situação, com Abel Ferreira, que terminou a temporada no comando, a ser o escolhido para abordar a nova época.
Histórias cruzadas na descida de divisão
O fundo da tabela teve, uma vez mais, emoção até ao final e o Tondela conseguiu manter a sua marca de sobrevivente ao escapar-se da descida na derradeira jornada. A equipa que começou a época com Petit e terminou com Pepa no comando fez uma ponta final a todos os níveis assinalável, conseguindo desta forma merecer mais uma oportunidade junto dos grandes. O Moreirense, que também sobreviveu na derradeira jornada, também teve os mesmos dois treinadores, com Augusto Inácio, pelo meio, a assegurar a Taça da Liga. A equipa de Moreira de Cónegos ficará mais um ano na Liga NOS, contando com mais um vizinho, o Desportivo das Aves, entre os adversários.
No capítulo das descidas, o Arouca foi o que provocou maior estrondo, depois de uma presença na Liga Europa e de um percurso tranquilo com Lito Vidigal, a equipa viu o técnico sair e, nem Manuel Machado, nem Jorge Leitão foram capazes de impedir a quebra, apesar de ter somado 32 pontos, uma quantidade que, à partida, pelo historial da prova, poderia ser suficiente para a manutenção. Também o Nacional da Madeira caiu na Segunda Liga, fruto de uma temporada de equívocos, com Manuel Machado a estar no comando da equipa no início da temporada, sendo substituído por Jokanovic e, no final, por João de Deus, que não chegou a tempo para salvar o clube. O Portimonense, campeão da Segunda Liga, mantém uma camisola alvinegra na Liga NOS, permitindo também o regresso do futebol algarvio ao primeiro escalão.
Boas Apostas!