Foi assim que terminou o último jogo das meias-finais da Liga dos Campeões, com o campeão em título, o Real Madrid, a ser eliminado pela Juventus FC, de regresso aos grandes palcos com o seu futebol cínico e traidor, mas, pelos vistos, bastante eficaz, 12 anos depois de ter sido vencida, pelo AC Milan, na última grande final onde participou.

A hipótese, por muitos sonhada, de voltar a ter nova final da Liga dos Campeões com 2 equipas espanholas, mostrando todo o poderio de La Liga e do futebol em Espanha, reeditando a final da época passada, quando os rivais de Madrid, o Real e o Atletico se defrontaram no Estádio da Luz, em Lisboa, ficou pelo caminho.

O FC Barcelona fez o que lhe competia, vencendo, bem, mesmo que com derrota na segunda-mão, os campeões alemães do Bayern Munique, de Pep Guardiola. O Real Madrid, de Carlo Ancelotti, revelou-se impotente para dar a volta à derrota, tangencial, de Turim, por 2 a 1.

1 a 1 foi o resultado que o Real Madrid conseguiu em casa contra uma Juventus FC que se mostrou bastante aguerrida, dentro do futebol de contenção que lhe é conhecido, e nem o facto de ter um treinador italiano serviu, de facto, de muito, aos madrilenos.

O inevitável Cristiano Ronaldo marcou o golo do Real Madrid, o que o levou a apanhar Lionel Messi na lista dos  Melhores Marcadores de sempre da Liga dos Campeões, mas o argentino tem um jogo a mais para jogar e, eventualmente, fugir ao português: a final.

Pouco Galácticos

Pouco mais de meia-hora, foi quando durou a esperança do adeptos merengues. Aos 25′ de jogo, Cristiano Ronaldo, de grande penalidade, colocou o Real Madrid a ganhar no jogo e na eliminatória. Meia-hora mais tarde, Alvaro Morata, que tinha sido dispensado do Real Madrid, empatou o jogo, o que obrigava o Real a ter de marcar mais 2 golos ou, pelo menos, mais 1 para empatar a eliminatória, a uma equipa conhecida pela sua defesa de betão, com um dos melhores guarda-redes do Mundo, e não se está a falar de Manuel Neuer.

Cristiano Ronaldo

Cristiano Ronaldo voltou a marcar o golo da praxe, mas foi insuficiente para ultrapassar o futebol de contenção da Juventus

Mas o Real Madrid até começou bastante bem o encontro, partindo para o meio-campo italiano, rondando a baliza de Buffon, e rematando. O golo, que colocava o Real Madrid à frente no jogo, e na eliminatória, apareceu relativamente cedo, marcado, invariavelmente, pelo CR7. Mas depois… Depois nunca mais conseguiram o segundo golo, o golo do descanso.

De qualquer forma, o jogo estava controlado pelos espanhóis. Por seu lado, os italianos, a perder duplamente, mantiveram o seu tipo de jogo, de expectativa, sem pressas, sem nervos, a ver o Real Madrid a controlar a bola, a recuperá-la a espaços e a passá-la, com calma, tentando aproximar-se da baliza de Iker Casillas, esperando um erro, um deslize, uma asneira.

E esse erro apareceu por intermédio de Sergio Ramos, desta vez a jogar no seu lugar habitual. Morata não desperdiçou a oferta e aproveitou para fazer golo, empatar a partida e passar para a frente na eliminatória.

E depois… E depois os que eram galácticos perceberam que afinal tinham pés de barro e que muito dificilmente chegariam aos céus. Se por um lado lhes faltou algum discernimento (a partir do golo italiano, e à partida que se aproximava o final do jogo, os jogadores do Real foram acusando o desastre), por outro, a Juventus fez aquilo que tão bem sabe, fechar-se atrás e deitar fora a chave. Para complicar ainda mais as coisas, Massimiliano Allegri colocou outro central para garantir ter todas as passagens fechadas a Cristiano Ronaldo, a Benzema, a Bale e a Chicharito.

Depois de ter brilhado na final do ano passado, a equipa merengue ficou pelas meias-finais, mostrando-se incapaz de ultrapassar os campeões italianos e ficando pelo caminho na Liga dos Campeões, depois de também ter visto o título de La Liga escapar-se para os seus rivais de Barcelona que, esses sim, também irão estar na final de Berlim.

Com Calma Chega-se Lá

Este parece ter sido o lema da vecchia signora. Depois de uma vitória tangencial, por 2 a 1, na primeira-mão, em Turim, a vida não estava fácil para os italianos. bastaria um simples golo dos espanhóis para eliminar os italianos.

Alvaro Morata

O antigo avançado do Real Madrid, Alvaro Morata, depois de ter marcado em Turim, voltou a marcar em Madrid, e foi um dos responsáveis pela eliminação dos merengues

E esse golo chegou, bem cedo, até. Só que os italianos são mestres na arte de esperar. Têm calma. Não desesperam. Não se irritam. Não deitam tudo a perder. Nem parecem ser latinos, e no entanto… E no entanto, no momento certo sacam do seu cinismo e destroem o seu adversário.

Foi o que fizeram ao Real Madrid pouco depois do regresso do intervalo. A perder desde metade da primeira parte, a Juventus FC empatou o jogo, por Alvaro Morata e o incrível aconteceu: os espanhóis acusaram o empate. Desnortearam-se. Enervaram-se. Deixaram de saber raciocinar de forma clara e ponderada. O Real estava onde a vecchia signora queria. E vai daí, colocou mais um central para ajudar à festa, fechar a passagem aos avançados espanhóis e garantir o bilhete até Berlim.

Se é verdade que o Real Madrid até jogou melhor futebol, também é verdade que a Juventus FC foi muito mais cerebral. Se é verdade que o futebol do Real Madrid foi mais bonito, também é verdade que o futebol da Juventus FC foi mais eficaz. Se é verdade que o Real Madrid não merecia perder, também é verdade que a Juventus FC fez por merecer passar à final.

O futebol da Juventus FC pode não ser o mais bonito do Mundo, mas é prático e racional. Se o Real Madrid merecia ter chegado à final? Claro que sim, como tantas outras equipas que foram ficando, mal, pelo caminho e que também poderiam estar aqui. Se a Juventus FC é uma justa finalista da Liga dos Campeões? Também.

Agora só se espera que FC Barcelona e Juventus FC façam uma grande final em Berlim.

Boas Apostas!