A notícia caiu como uma bomba. O CEO dos Philadelphia Eagles não esperou sequer qua acabasse a temporada e anunciou ontem a separação com o treinador principal da equipa. Chip Kelly, que chegou à NFL com uma aura de génio ofensivo que ia revolucionar o jogo perde o lugar ao fim de três anos. A bolha das expetativas, assim como o poder que concentrou, precipitaram a queda. O que se segue agora, para Kelly e para os Eagles? O jogo das cadeiras já está ao rubro.

The next big thing

Chip Kelly estreou-se na NFL em 2013, vindo de uma carreira explosiva nos campeonatos universitários. Era a lufada de ar fresco por que a liga profissional ansiava. O génio ofensivo, criativo e ouside the box, que prometia revolucionar a forma como se jogava futebol americano ao mais alto nível. Na sua primeira época ao comando dos Philadelphia Eagles Kelly provocou ondas de choque com o seu ataque acelerado, que impedia os treinadores adversários de fazer as substituições defensivas na reação. Transformou a equipa de 4-12 de Andy Reid numa formação com dez vitórias e seis derrotas, com ida aos play-offs. É certo que os Eagles caíram no primeiro jogo da post-season mas para ano de estreia, e aparente primeiro degrau na evolução do grupo, era espetacular.

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Chip Kelly sai antes do fim da temporada

Demasiada sede ao pote (?)

Mas como acontece com frequência na NFL as novidades são rapidamente apreendidas e desmontadas. As dificuldades que o jogo dos Eagles tinha criado foram sendo identificadas e anuladas pelos estrategas adversários. O registo de 10-6 na segunda época manteve-se, desta feita sem passagem à fase seguinte. Mas 2015 seria o verdadeiro romper da bolha.

No início da temporada Chip Kelly dá um tiro no próprio pé. Arriscou e tinha tudo para se virar contra si. O treinador principal torna-se efetivamente General Manager, assumindo todas as decisões com aquisições e dispensas do plantel, afastando o anterior responsável para funções secundárias. Só Belichick e Pete Carroll têm esse tipo de poder nas respetivas equipas. E Kelly apressa-se a tomar decisões no mínimo controversas. Despacha LeSean McCoy para os Bills para ter Kiko Alonso, um jogador com quem tinha trabalhado na Universidade de Oregon. E manda Nick Foles, um jogador querido pelos adeptos, para os Rams, por troca com Sam Bradford. Contrata o free agente DeMarco Murray. Nenhuma das escolhas funcionou e a responsabilidade era só de um homem. Para rematar, a equipa é uma desilusão a toda a linha. Já muito se tinha discutido se o estilo de ataque rápido de Kelly não acabaria por expor em demasia a defensiva, que era obrigada a passar muito tempo em campo. Neste momento os Eagles têm a trigésima defesa da NFL no que respeita às jardas permitidas. Mas o ataque, essa unidade que devia deslumbrar, também nunca apareceu. Os Cardinals são, nesta altura, o que Philadelphia queria ser mas não foi capaz de alcançar.

O jogo das cadeiras

A experiência de Chip nos Eagles não foi triunfal mas não significa que esteja acabado. Não faltam potenciais interessados e o frenesim da especulação quanto ao posto seguinte já começou. Os Browns já tinham tentado aliciá-lo há três anos os Titans, onde se poderia reencontrar com Marcos Mariotta, também estarão à procura de no treinador. Já para não falar num potencial regresso ao desporto universitário, onde Kelly já foi muito bem-sucedido. E depois abre-se igual frente de possibilidades para ocupar o lugar que deixa vago em Philadelphia. Certamente voltaremos a falar, muito, sobre isto.

Na conferência de imprensa posterior ao jogo de domingo, Chip Kelly era confrontado com as responsabilidades numa temporada que ficou muito aquém do esperado quando as luzes na sala se apagaram. Uns segundos mais tarde, já com a sala iluminada, o treinador descaiu-se: “É um presságio”. Era uma saída anunciada. O que não se esperava era esta decisão do momento, antes da última jornada. No domingo Philadelphia vai jogar a casa dos Giants e será Pat Shurmur, Coordenador Ofensivo promovido a Interino, a orientar a equipa.