A seleção brasileira parte para Socchi um pouco nas nuvens. Os últimos amigáveis desfizeram as reservas que estavam na mente dos adeptos, depois do trauma do Mundial anterior. A maior preocupação era Neymar mas dois golos em partida e meia já dá para sossegar. Mas esta Canarinha está mostrando que se podia afirmar mesmo sem a estrela do PSG. Tite é o trunfo. Coutinho é a peça-chave, com todo jogo do Brasil a passar pelos seus pés. Gabriel Jesus ou Firmino, neste momento parece um daqueles dilemas que qualquer selecionador queria ter. Já se pode falar do hexa em voz alta.
Brasil é favorito
Há que reconhecer que os últimos quatro anos tiveram essa estranheza. Depois do descalabro da seleção no Mundial em casa o Brasil deixou de ser referido à boca cheia como sempre foi: eterno candidato a somar mais um título na Copa. Era constrangedor, quase embaraçoso, silêncio tácito. A partir de sábado, está liberado. Apostar na Canarinha para vencer o Rússia 2018 passa a ser natural e legítimo. Claro que não aconteceu de um dia para o outro. A grande transformação tem vindo a acontecer com Tite no comando. O Brasil tem um selecionador que é treinador, que tem uma ideia de jogo, tem soluções para os problemas que possam surgir. A qualificação correu bem, assim que ele conseguiu passar as suas ideias, e os amigáveis têm sido uma forma mais de afirmação. Vencer a Alemanha, em março, acho que foi um marco psicológico importante, para esconjurar fantasmas. Em seguida veio a Croácia, também batida sem problemas de maior. E agora foi a Áustria.
Neymar está bem
O principal motivo de ansiedade era perceber a condição física de Neymar. Fez quarenta minutos frente aos croatas e marcou. Foi titular frente aos austríacos e marcou também, então acho que dá para respirar fundo. Um jogador como a estrela do PSG – vamos ver até quando – não precisa de estar a mil desde que apareça no momento certo para decidir. Mesmo estando até então meio despercebido, sentar Dragovic é aquela nota que diz, Neymar está de volta.
Esta orquestra tem maestro
Mas o que está a deixar os brasileiros de novo empolgados é que esta equipa parece capaz de se afirmar mesmo sem ele e essa é uma diferença radical. O grupo é forte, tem líder no banco e maestro dentro das quatro linhas. Philippe Coutinho é a peça-chave, todo o jogo do Brasil passa pelos seus pés e pela sua cabeça. Ele pensa o jogo, e põe-no em movimento, com passes a rasgar ou com iniciativas finalizadoras. Marcou o terceiro da Canarinha no domingo, merecidíssimo, de meia distância, mas é mais determinante a fazer o Brasil jogar. Coadjuvado por Casemiro e Paulinho na linha do meio-campo, ele pode embarcar na parte criativa com confiança.
Gabriel destaca-se
Gabriel Jesus também esteve em alta. Se na partida com os croatas tinha ficado em branco, algo ofuscado por Roberto Firmino que o rendeu e ainda acabou por marcar nos descontos, agora o avançado do City quis mostrar serviço. E mostrou. Abriu o marcador, aproveitando um bola refletida, e o facto de poder estar em fora de jogo milimétrico não retira nenhum mérito. A torcida brasileira prefere Jesus a Firmino porque o primeiro tem um ADN futebolístico com o qual se identificam imediatamente. Mas o segundo tem um talento para procurar os espaços e servir de apoio a outros homens da frente de ataque, o que pode ser muito útil frente a certos adversários.
Satisfeito com as exibições, Tite não se quis comprometer com o onze utilizado no domingo para a estreia no Campeonato do Mundo, no próximo domingo, frente à Suíça. Quem dera a qualquer outro selecionador ter esse dilema complicado – Firmino ou Jesus – em mãos.
Boas Apostas!