Brasil – Canadá (Final dos Jogos Panamericanos 2015)
Se para o Brasil esta noite poderá ser garantido o sexto título de basquetebol nos Jogos Panamericanos, para o Canadá esta é já uma oportunidade única, já que os canadianos nunca conquistaram, sequer, uma medalha nesta prova. O melhor que o Canadá conseguiu foi terminar em quarto lugar, em 1983, um currículo em nada parecido com o brasileiro, que nas últimas quatro edições só não venceu a de 2011. O facto de jogar em casa e de apresentar uma maior parte da base da equipa que é a sua melhor representação vale algum favoritismo para o Canadá, ainda que o Brasil venha sendo, sem dúvida alguma, a equipa mais regular da prova. Ainda assim, só um pode levar o ouro.
O Brasil garantiu a presença na final depois de ultrapassar a República Dominicana, num jogo de pontuação muito baixa, por 68-62. A equipa canarinha entrou mais forte no primeiro período, deixou-se “apanhar” pela reação dos dominicanos no terceiro e voltou a acelerar nos minutos finais para garantir a vantagem. Deu ideia, mesmo, que o Brasil atacou como e quando quis, não se tendo deixado iludir, em momento algum, pela capacidade dos dominicanos que foram a equipa mais frágil a marcar presença nas meias-finais. Uma vez mais, Vítor Benite foi o homem em evidência no ataque do Brasil, mesmo que o dia não tenha sido particularmente famoso a partir da linha dos três pontos. Augusto Lima destacou-se, desta vez, no jogo interior, enquanto Larry Taylor na rotação exterior e Rafael Hettsheimer na rotação interior permitiram a manutenção do ritmo de jogo desejado pelo técnico da equipa. De certa forma, o Brasile permitiu-se uma larga rotação de jogadores, não sobrecarregando nenhum dos seus jogadores, e essa pode ter sido uma opção inteligente de um técnico que sabe ter que gerir uma equipa a jogar todos os dias pelo quinto dia consecutivo.
O Canadá teve uma missão muito mais complicada apenas afastando os Estados Unidos recorrendo ao prolongamento, terminando com um resultado de 111-108. A partida foi sempre muito equilibrada, com as duas equipas a focarem-se no momento ofensivo, tornando o jogo muito emocionante, rápido e disputado. O maior equilíbrio da equipa canadiana sentiu-se em vários momentos, revelando os homens de Jay Triano maior organização e conhecimento coletivo, dispondo ainda de dois jogadores que, pela sua categoria, se impõem nesta prova. Andrew Nicholson marcou 31 pontos e ganhou 10 ressaltos, enquanto Anthony Bennett juntou aos 18 pontos, 14 ressaltos. Estes números também ajudam a explicar como a equipa canadiana somou quase o dobro dos ressaltos do seu adversário. Outro jogador que merece destaque nesta partida é Jamal Murray, o jovem da Universidade de Kentucky, que somou 22 pontos a partir de uma regularidade da linha dos três pontos, conseguindo assim oferecer uma solução perante a maior expressão defensiva sobre as ações dos experimentados Brady Heslip e Carl English. Para a final, a equipa do Canadá parece apresentar maiores argumentos, mas será certamente um jogo entre as duas melhores equipas do torneio.
As duas equipas cruzaram-se em duas oportunidades em 2013, saldando-se uma vitória para cada lado.
Em jogo de equilíbrio máximo, será de esperar que a segurança dos melhores jogadores (Benite no Brasil, Nicholson no Canadá) possam ser indicativos da medalha que a respetiva equipa pode conquistar.