Hora de afirmação. Para os comandados de Marc Wilmots, o estatuto de melhor seleção belga desde a geração de 86 não é suficiente. Conquistar o troféu talvez seja pedir demasiado a esta equipa, mas figurar entre os quatro finalistas da competição é um objetivo tangível, embora sempre dependente do nível dos adversários que encontrar pelo caminho. Os “Diabes Rouges” estão de regresso à fase final de um campeonato da Europa volvidos 16 anos e tem um teste de fogo na primeira fase, uma vez que partilha o grupo com Itália, Suécia e República da Irlanda.

Tal como na fase de qualificação para o Mundial 2014, a Bélgica terminou a corrida rumo à fase final do campeonato da Europa na “pole position” do respetivo grupo de qualificação. Num grupo em que o principal rival foi o País de Gales, a nação do centro da Europa ficou na primeira posição com 23 pontos (7V; 2E; 1D), mais dois pontos que os galeses que ficaram na segunda posição.

O facto de a Bélgica não marcar presença na fase final de um campeonato da Europa desde 2000 – altura em que organizou a prova juntamente com a Holanda – não deve ser tida em grande consideração, até porque estamos perante uma equipa recheada de jogadores que competem ao mais alto nível, nos principais clubes da Europa. A experiência no Mundial 2014 culminou com a eliminação nos quartos-de-final frente à Argentina, corolário de uma prestação satisfatória. Salvo algumas excepções, a base que esteve presente no campeonato do mundo mantém-se e a Bélgica desperta natural entusiasmo nos adeptos, atendendo ao potencial que lhe é reconhecido.

Bélgica

Bélgica

É fácil simpatizar com a Bélgica. É uma das seleções em prova com mais qualidade do ponto de vista individual e pratica um futebol vertical, potenciando a qualidade que possui no último terço do terreno. Apesar disso, uma das questões que tem suscitado alguma discussão na antecâmara deste campeonato da Europa, ligada ao momento de forma dos atletas que compõem esta seleção. Embora haja várias excepções, alguns jogadores tiveram uma temporada muito modesta ao serviço dos respetivos clubes, com Eden Hazard a ser o principal rosto da duvida que consome os adeptos da Bélgica. Uma coisa é certa: Para o seleccionador Marc Wilmots, tudo parece ser bem claro e não há grandes duvidas relativamente aos elementos que fará alinhar no seu versátil 4x3x3, pelo menos do meio-campo para a frente. A defesa deverá ser o setor que poderá causar maiores dores de cabeça a Wilmots, até porque estamos a falar de uma seleção órfã da sua grande referência do setor recuado: O capitão Vincent Kompany, que falha a prova devido a lesão tal como Nicolas Lombaerts. No derradeiro ensaio para a fase final, optou por colocar o seguinte quarteto à frente de Thibaut Courtois: Denayer, Alderweireld, Vertonghen e Jordan Lukaku. Com dois atletas dos “Spurs” no eixo defensivo que à partida dão garantias, Wilmots optou por desviar Jason Denayer  para o flanco direito – costuma atuar no centro da defesa – e avançou com Jordan Lukaku para a esquerda, posição que tinha sido ocupada por Vertonghen nos dois amigáveis anteriores frente à Finlândia e à Suíça. A composição do quarteto defensivo dependerá igualmente da condição física de Vermaelen, para perceber de que forma é que as unidades se posicionarão no terreno de jogo.

Do meio-campo para a frente, o cenário muda de figura e subsistem poucas duvidas. Axel Witsel deverá ser o médio mais recuado, jogador que não é particularmente agressivo mas garante maior qualidade em construção, progressão e faz a ligação entre a defesa e o meio-campo. Radja Nainggolan perfila-se como uma auxílio importante, jogador mais agressivo, trabalhador, que realizou uma boa temporada ao serviço da Roma. Marouane Fellaini completa o trio do meio-campo e deverá ser o principal responsável por ligar o meio-campo ao ataque. Curiosamente, a Bélgica dispõe de três médios que se conseguem envolver com qualidade tanto em termos defensivos como ofensivos, tanto que o papel de Wilmots passa por regrar a ação de Witsel, Nainggolan e Fellaini em termos tácticos. No último terço, a titularidade deverá ser concedida a três jogadores de inequívoca qualidade: Kevin De Bruyne, Eden Hazard e Romelu Lukaku. Liberdade para criar, desequilibrar e servir a referência Lukaku, que no entanto terá na sua sombra Benteke e Origi. Para as alas, há Mertens, Batshuayi ou Yannick-Ferreira Carrasco. Marc Wilmots tem um baralho recheado de “jokers”, munido de inúmeras soluções para responder ao contexto de cada jogo.

Lista de convocados:

Guarda-redes: Thibaut Courtois (Chelsea), Jean-François Gillet (Mechelen), Simon Mignolet (Liverpool).

Defesas: Toby Alderweireld (Tottenham), Laurent Ciman (Montreal Impact), Jason Denayer (Galatasaray), Christian Kabasele (Genk), Jordan Lukaku (Oostende), Thomas Meunier (Club Brugge), Thomas Vermaelen (Barcelona), Jan Vertonghen (Tottenham).

Médios: Mousa Dembélé (Tottenham), Marouane Fellaini (Manchester Utd), Radja Nainggolan (Roma), Axel Witsel (Zenit).

Avançados: Michy Batshuayi (Marseille), Christian Benteke (Liverpool), Yannick Carrasco (Atletico), Kevin De Bruyne (Manchester City), Eden Hazard (Chelsea), Romelu Lukaku (Everton), Dries Mertens (Napoli), Divock Origi (Liverpool).

Calendário:

Bélgica x Itália – 13/06/2016 – Parc Olympique Lyonnais, Lyon
Bélgica x República da Irlanda – 18/06/2016 – Stade Matmut Atlantique, Bordéus
Suécia x Bélgica – 22/06/2016 – Allianz Riviera, Nice

Boas Apostas!