As rondas preliminares da Liga dos Campeões são uma ode à democracia futebolística no “velho continente”. O trilho milionário passa por latitudes alternativas e o sonho estimula a atuação de protagonistas pouco acostumados a um cenário competitivo com semelhante envergadura. O Hapoel Beer-Sheva Football Club é um dos emblemas em estreia na Liga dos Campeões 2016/17, colocando o deserto de Negev, em Israel, no mapa dos milhões.
John Ogu, nigeriano que passou pela Académica entre 2011 e 2013
Quatro décadas depois, a maré vermelha voltou a invadir as ruas da cidade de Beersheba. Os adeptos do Hapoel local puderam celebrar a conquista do terceiro título de campeão israelita, feito que o clube não alcançava desde 1976. Numa época marcada pela mudança para o Yaakov Turner Toto Stadium, inaugurado em setembro de 2015, a abertura do novo palco reforçou a confiança dos adeptos, com o clube a anunciar a venda de 12 mil lugares anuais. Ao conquistar a Ligat ha’Al 2015/16, o Hapoel assegurou o direito a estrear-se na fase preliminar da Liga dos Campeões, depois de duas épocas consecutivas em que não foi além da segunda pré-eliminatória de acesso à Liga Europa. Na 276ª posição do ranking da “UEFA”, o Hapoel Beer-Sheva já fez história na atual edição da Liga dos Campeões ao ultrapassar a segunda pré-eliminatória. Depois de uma vitória por três bolas a duas na primeira mão, em Israel, o Hapoel empatou sem golos na Moldávia e garantiu presença na ronda seguinte. O Olympiakos é o próximo adversário na campanha dos israelitas na prova e a missão está bem definida: Há que “sobreviver” ao encontro no Pireu para tentar encetar nova surpresa na segunda mão. Na última época, o Maccabi Tel-Aviv foi o representante israelita na fase de grupos da principal competição de clubes à escala europeia.
A participação na fase preliminar da Liga dos Campeões obrigou o Hapoel a “abrir a oficina” bem mais cedo que o previsto, tendo em conta que o pontapé de saída no campeonato israelita só será dado no dia 20 de agosto. Miguel Vítor, central português formado no Benfica, é reforço do clube para a nova temporada e cumpriu os 90 minutos no encontro disputado em Tiraspol, na segunda mão. Numa equipa em que Ben Sahar é uma das principais figuras em virtude da notoriedade que alcançou fora de Israel, há outro nome bem conhecido do adepto português: John Ogu, nigeriano com passagem pela Académica que foi eleito o melhor jogador estrangeiro da última edição do campeonato israelita e até marcou no primeiro encontro diante do Sheriff Tiraspol.
Alona Barkat é uma proprietária feliz
Alona Barkat, proprietária do clube
Alona Barkat, proprietária do clube, tem uma grande quota de responsabilidade no sucesso do clube que é “o orgulho de Negev”. Esposa do bilionário Eli Barkat, Alona comprou o clube em 2007, quando o emblema israelita definhava no segundo escalão com graves problemas financeiros. Em 2009, o Hapoel Beersheba regressou ao principal escalão e, desde então, a ascensão foi notória. Vice-campeão em 2013/14, a campanha rubricada na temporada 2015/16 permitiu ao Hapoel Beersheba assegurar o título israelita com uma campanha com contornos impressionantes: Apenas três derrotas em 36 jogos. Alona Barkat considera que o triunfo do clube do qual é proprietário constitui mais um passo no combate ao machismo que vigora no futebol: “Sou julgada pelos resultados. O facto de ser mulher é encarado como algo normal”, declarou em entrevista a um jornal israelita. Associando uma componente social ao seu projeto para o clube, Alona Barkat quer que o Hapoel Beer-Sheva seja um exemplo agregador: “Não há espaço para racismo ou intolerância no futebol. Contratámos os nossos jogadores de acordo com as suas capacidades, sem olhar a questões étnicas ou religiosas”, declarou em entrevista ao jornal “Times of Israel” em abril deste ano. Alona Barkat desenvolveu simultaneamente um programa de solidariedade à escala local que já presta apoio a mais de seis centenas de crianças.
Boas Apostas!
