O Rostov FC é uma das surpresas do futebol internacional, liderando, a seis jornadas do fim, a Premier League da Rússia. O seu percurso já fez com que muitos o apelidassem de “Leicester” russo, mas a verdade é que a equipa de Rostov-on-Don, bem próximo da fronteira com a Ucrânia, tem vindo a apresentar uma evolução ao longo dos últimos anos, tendo vencido a Taça da Rússia em 2014, fazendo, no mesmo ano, a sua estreia na Liga Europa.
No plantel desta equipa está, há três anos, Bastos, defesa-central angolano que vem construindo uma sólida carreira na Premier League russa. Vindo diretamente do Girabola, onde se afirmou com a camisola do Petro de Luanda, a sua chegada ao Rostov não deixou de alimentar algumas dúvidas aos adeptos locais. Mesmo sendo internacional angolano, a sua parca experiência num futebol mais competitivo como o europeu, tornava-o um candidato a um lugar humilde no plantel.
A sua adaptação à Rússia acabou por ser facilitada pelo facto de, na primeira temporada, beneficiar de vários colegas de plantel de origem africana. Um costa-marfinense, um sul-africano e um gabonês ajudaram a equipa a conquistar a Taça da Rússia. Mas foi apenas na sua segunda época que Bastos agarrou um lugar entre os titulares da equipa, curiosamente numa época em que o clube teve três treinadores diferentes.
Esta temporada, com o veterano Kurban Berdyev a levar a equipa à sua melhor época de sempre (um sexto lugar, em 1998, é a melhor classificação do Rostov FC desde o fim da União Soviética), Bastos tem sido um elemento presente no melhor onze da equipa, tendo falhado apenas três jogos.
Acompanhando a evolução tática da equipa
No início da temporada, o técnico Berdyev recorreu a uma linha de quatro defesas, com Bastos a atuar como o defesa-central que descai na direita, acompanhado de César Navas. No entanto, logo no final de agosto, na visita ao terreno do CSKA, o Rostov FC apresentou-se, pela primeira vez, com três defesas, surgindo Bastos no mesmo setor, beneficiando do seu pé direito, com César Navas no meio e Novoseltsev como central do lado esquerdo. Esta foi a tendência da equipa até à pausa de inverno, surgindo com dois centrais nos jogos em casa e reforçando a presença defensiva quando jogava fora.
No entanto, desde o regresso da competição, Berdyev decidiu fixar-se na linha de três defesas, com os resultados a serem bem positivos, quatro vitórias e dois empates, e o angolano Bastos a ser uma das razões do acerto defensivo da sua equipa. O Rostov é a melhor defesa da Premier League da Rússia, com apenas 16 golos sofridos em 24 encontros, menos seis do que o Krasnodar e menos oito do que o CSKA Moscovo, as outras duas equipas com melhores registos nesta estatística.
As qualidades de Bastos
O defesa angolano destaca-se pela sua capacidade de pressionar o portador da bola, tendo uma forte intervenção no jogo do Rostov recorrendo à sua velocidade. Bastos adapta-se a uma posição onde tem, muitas vezes, que se deslocar para a faixa lateral e conter os extremos adversários.
Não sendo propriamente um defesa-central muito alto – tem 1m84 -, mantém um bom nível no jogo aéreo, conquistando 66% dos lances pelo ar disputados nos últimos 20 jogos, segundo dados da plataforma InStat.
O facto de jogar com o muito experiente César Navas, permite-lhe alguma liberdade em termos de intervenção, confiando no espanhol para corrigir o seu posicionamento, algo que tem vindo a melhorar ao longo das épocas passadas na Rússia.
Em termos ofensivos, é um jogador que se integra regularmente nos lances de bola parada na área contrária, tendo todos os seus três golos na presente temporada sido marcados na sequência deste tipo de lances. Ainda assim, dois deles foram marcados com o pé, sendo apenas um alcançado na intervenção de cabeça.