Itália, Bélgica e República da Irlanda apuraram-se para os oitavos-de-final do campeonato da Europa a partir do grupo E. A excepção foi a Suécia, seleção que não conseguiu proporcionar uma despedida com contornos históricos ao astro Zlatan Ibrahimovic.
Itália
Por muito que baixem as expectativas e lhe prognostiquem um percurso negativo, a seleção italiana segue igual a si mesma, conformada com um estatuto crónico de “underdog”. Com a “Squadra Azzurra”, não há meio termo: Ou se ama, ou se odeia, tudo por culpa de um estilo de jogo muito próprio que divide opiniões. Em solo gaulês, a vice-campeã da Europa tem vindo a apresentar-se no registo habitual, com o cinismo do costume e um oportunismo ímpar. Rapidamente conquistou o apuramento com dois triunfos frente a Bélgica (0-2) e Suécia (0-1), chegando à última jornada com o primeiro lugar do grupo assegurado. Para encarar a República da Irlanda, Conte escalonou a equipa num plano totalmente alternativo e averbou uma derrota pela margem miníma (0-1), falhando o objetivo de alcançar o pleno em termos pontuais. Para já, a Itália tem vindo a dar-se bem na primeira participação numa fase final após a saída de Andrea Pirlo. Depois da participação neste campeonato da Europa, já sem Antonio Conte no comando, a formação transalpina passará por um período de transição, consequência de uma renovação que já se impõe. Até ver, a seleção italiana apresentou um nível de organização em momento defensivo sem paralelo neste campeonato da Europa.
Bélgica
A “geração de ouro” do futebol belga cumpriu com a primeira obrigação neste campeonato da Europa ao garantir o apuramento para os oitavos-de-final, com duas vitórias frente à República da Irlanda (3-0) e à Suécia (0-1). Esbarrou no cinismo italiano, mas deixou boas indicações para a fase eliminar, patenteando muita qualidade no último terço do campo. Muito veloz em transição e com boas caraterísticas para atuar em ataque organizado, a seleção de Wilmots tem deixado uma impressão francamente positiva. Numa equipa em que Kevin De Bruyne se está a assumir como o cérebro, Eden Hazard tem conseguido subir de produção face ao que fez durante a temporada no Chelsea, constituindo um apoio importante ao possante Romelu Lukaku, cada vez mais inteligente na forma como se movimenta e ganha espaço na área contrária. No meio-campo, Witsel e Nainggolan atravessam bons momentos de forma, dando um contributo importante na ligação entre setores. A defesa parece ser o setor mais vulnerável da Bélgica, porém, quando a linha de quatro falha, há Courtois na baliza para responder de forma categórica. Os belgas vão medir forças com a Hungria nos oitavos-de-final e a expectativa é elevada.
República da Irlanda
Num campeonato da Europa que tem sido marcado por violentos confrontos nas ruas, os “boys in green” têm sido um autêntico oásis no deserto, distribuindo uma alegria contagiante. Se há adeptos que merecem o sucesso da respetiva seleção, são os da Republica da Irlanda, e a equipa tem respondido da melhor maneira. Depois do empate inaugural com a Suécia (1-1) e de um desaire diante da Bélgica (3-0), a República da Irlanda aproveitou o plano alternativo em que a Itália alinhou para somar três importantes pontos que catapultaram a equipa para os oitavos-de-final, num apuramento com contornos históricos, alcançado por uma formação trabalhadora, que privilegia a transpiração em detrimento da inspiração. Não é uma equipa pejada de criativos como a Bélgica, mas a capacidade de trabalho da formação irlandesa permitiu encontrar o pote de ouro no fundo do arco-íris, feito de tal modo importante que fez com que Roy Keane soltasse as lágrimas.
Suécia
Zlatan Ibrahimovic merecia melhor despedida. O anúncio de que deixaria a seleção sueca após o campeonato da Europa foi feito na véspera do derradeiro encontro com a Bélgica, presumivelmente como forma de motivar a equipa, mas a resposta dada não foi a melhor e a Suécia acabou derrotada por uma bola a zero, relegada para fora do campeonato da Europa com apenas um ponto. Apesar de até ter estado bem no plano defensivo, os principais problemas da equipa nórdica residiram mesmo no ataque. Nos primeiros 180 minutos de prova, a Suécia não conseguiu rematar à baliza, – o golo diante da República da Irlanda resultou de um auto-golo – situação preocupante. Embora tenha jogado sempre apoiado por Berg ou Guidetti, chegou pouco jogo a Ibrahimovic e a equipa teve dificuldades em ligar o meio-campo e o ataque. Os comandados de Erik Hámren deixam uma imagem desoladora nesta fase final do campeonato da Europa. Exigia-se mais.
Boas Apostas!