No domingo fez-se taça no Jamor. Aproveitando o desnorte que grassa nos Leões, as Aves fizeram história, com dois golos de Guedes, ele também um produto da Academia de Alcochete. Um jogo em que imperaram a ansiedade e o nervosismo dos dois lados, por razões bem distintas. Depois da euforia natural cai a bomba: os avenses não cumpriram os requisitos da EUFA e estão fora da Liga Europa. Ganha o Rio Ave.
Aves histórico
O Desportivo das Aves fez o pleno. Na primeira vez que se qualificou para a final da Taça de Portugal, acabou por reclamar o troféu. Festa rija no relvado, diante de uma Vila das Aves em peso que se tinha transladado para o Estádio do Jamor.
Mérito total para a equipa liderada por José Mota. O Aves não é responsável pelo desnorte e instabilidade que se vive no clube de Alvalade. A semana foi totalmente dominada pelas agressões em Alcochete e às trapalhadas que se vivem agora nos órgãos sociais dos Leões. Houve até dúvidas se o plantel do Sporting iria ou não a jogo. Ao ponto do feito histórico da equipa nortenha, o de chegar ao encontro do Jamor, ter passado praticamente ao lado do espaço mediático. Percebe-se a mágoa de quem se sente completamente desvalorizado.
Os homens de Jorge Jesus até entraram melhor na partida. No primeiro quarto de hora o Sporting dispôs de duas boas oportunidades de finalização, que Gelson Martins não conseguiu finalizar da melhor maneira. Aos dezasseis, Alexandre Guedes colocou o Aves em vantagem, dando o melhor seguimento a uma situação de contra-ataque. O avançado de vinte e quatro anos, sem dúvida a figura em destaque da final da taça, é, ele próprio, produto da Academia de Alcochete. O clube que o formou despachou-o para os escalões secundários há quatro anos, havendo aqui também uma certa motivação extra em provar o seu valor.
Os Leões seguiram na pressão mas havia pouco discernimento no esforço. Alguns elementos-chave, compreensivelmente, muitos furos abaixo do seu rendimento habitual. Bruno Fernandes desconcentrado, Gelson a complicar em demasia, Coentrão em défice físico. Ao intervalo, o treinador leonino trocou William Carvalho no balneário – claramente ainda não a cem por cento, após a lesão – e reforçou o ataque com Fredy Montero. O colombiano mexeu com o jogo, dando maior apoio aos esforços de Bas Dost, mas o Aves estava no seu habitat natural a defender, esperando pela oportunidade. Que haveria de surgir aos setenta e dois minutos, para bis de Guedes frente a Rui Patrício.
Montero haveria de reduzir a cinco minutos dos noventa, abrindo uma frincha de esperança para os Leões. Tentaram muito mas sem êxito, com o Aves a manter a organização e a cabeça fria. Estava encontrado um vencedor estreante da Taça de Portugal e o pesadelo do Sporting ganhava novo episódio.
Trapalhadas burocráticas
A festa rija que se prolongou até tarde em Vila das Aves empalideceu com o sol da manhã. Afinal, o clube não tinha tomados as providências necessárias e estaria fora da Liga Europa. Há hora a que escrevo, ainda faltam as declarações oficiais dos organismos responsáveis – Federação Portuguesa de Futebol e EUFA – mas ao que tudo indica o clube não cumpriu com o licenciamento e inscrição prévia para poder participar na Liga Europa e não poderá disputar a competição no próximo ano. Assim sendo, o Rio Ave, quinto classificado do campeonato, preencherá a vaga.
Boas Apostas!