Bastou apenas um jogo para que Marcelo Bielsa apresentasse a demissão do Marselha. A Ligue 1 começou e não resistiu à personalidade de um técnico que passou como um furacão pelo futebol francês. As razões não serão exclusivamente desportivas, mas a verdade é que esta notícia abafou quase todos os restantes acontecimentos da jornada inaugural desta competição.

Cronologia de uma tempestade

Marcelo Bielsa chegou como uma autêntica tempestade a Marselha. Exigiu da parte da administração do clube um investimento à altura das suas ambições, envolveu-se em lutas internas pelo poder das decisões, foi incómodo para imprensa, conquistou os jogadores através do seu punho de ferro e acabou por alimentar uma relação de amor com os adeptos que vêem em Bielsa tudo aquilo que faz parte de uma ideia mitificada do Marselha dos grandes tempos.

M Bielsa

Bielsa já despiu o fato de treino do Marselha

No final da temporada passada, o quarto lugar na tabela classificativa parecia uma mão cheia de nada, mas acabou por ser mesmo a massa associativa que, num campeonato francês onde o campeão parece estar antecipadamente anunciado, acabou por forçar a continuidade do argentino. De forma algo surpreendente, num momento em que Bielsa parecia estar satisfeito com os reforços, a mudança de atitude de administração no negociar da sua renovação levou a esta decisão. Ela acontecer no dia em que o Marselha se estreou o campeonato a perder em casa é apenas um toque de ironia.

Aliás, o Caen de Patrice Garande continua a fazer pequenos milagres, surpreendendo pela segunda vez o Marselha de Bielsa no Velódrome. Desta vez foi Delort o homem que marcou o golo da vitória, perante uma equipa marselhesa que parecia adivinhar a saída estrondosa do treinador no final da partida. Tudo isto sem que tivesse dado, primeiro, uma palavra à equipa. Os génios que se querem incompreendidos nem sempre encontram a porta grande na saída.

Há vida no Monaco

bernardo silva

Bernardo Silva festeja o golo

O L’Equipe de domingo dava todo o destaque a Leonardo Jardim, pela forma como o treinador português não deixou, mais uma vez, que fosse a sorte a decidir o decorrer de uma partida. A ver-se a perder por 0-1 com o Nice, Jardim atirou-se à partida e ainda durante a primeira parte fez sair Pasalic e Dirar para lançar Bernardo Silva e El Shaarawy. Os dois jogadores até parecem estar destinados a ser titulares desta equipa, ficando de fora por não estarem, ainda, no topo de forma, mas saber não esperar parece ser uma virtude.

Bernardo Silva não fez a coisa por menos e, marcando o golo do empate, entrou também nas escolhas da equipa da semana, elevando-se assim a líder de uma equipa monegasca que parece ter, este ano, um plantel mais à medida de Leonardo Jardim. As ambições continuam a ser muito elevadas – e um encontro com o Valencia no playoff da Liga dos Campeões não parece nada fácil -, mas há muita juventude disponível para transformar esta equipa no verdadeiro concorrente do Paris SG.

A melhor forma de regressar

O Angers voltou a ser uma equipa da divisão principal depois de 21 anos nos escalões secundários e fê-lo em grande, com uma vitória no terreno do Montpellier. Abdoul Camara e Sunu foram os autores dos golos da equipa orientada por Stephane Moulin que encerra a primeira jornada na primeira posição da tabela. Poderá durar muito pouco, mas o Angers soube entrar em grande estilo.