Zlatan Ibrahimovic fez ontem o seu último jogo com a camisola da seleção sueca. Ao fim de quinze anos exuberantes – cento e dezasseis jogos e sessenta e dois golos – o melhor marcador de sempre da Suécia reforma-se do serviço internacional. Ibra merecia uma outra despedida, não esta saída modesta, sem uma vitória. Podia ter escolhido representar as nações de origem dos pais, Bósnia ou Croácia, mas Zlatan preferiu fazer o percurso do gueto até ao estrelato no país onde nasceu.

De Rosengard para o mundo

Zlatan Ibrahimovic nasceu em 81 em Malmo, filho de um casal de imigrantes da Jugoslávia. Cresceu no bairro problemático de Rosengard e desde cedo ficou evidente que era um atleta de eleição. Podia ter escolhido representar as nações de origem dos progenitores – o pai é bósnio e a mãe croata – mas o jovem Zlatan optou por abraçar o país onde nasceu. E o futebol sueco nunca mais será o mesmo.

Em setembro a Suécia inicia o apuramento para o Mundial e terá que se reinventar sem Ibra.

Em setembro a Suécia inicia o apuramento para o Mundial e terá que se reinventar sem Ibra.

Estreou-se na equipa principal da Suécia aos dezanove anos, num amigável frente às Ilhas Faroe, e nunca mais voltou atrás. Marcou o primeiro golo ao Azerbaijão, num jogo da qualificação para o Mundial 2002. Ontem, 22 de junho, fez o seu último jogo com a camisola da seleção sueca, em França, o país onde foi figura maior nos últimos anos, ao serviço do Paris SG. Na véspera o avançado tinha anunciado a sua decisão de fazer o seu último jogo pela Suécia no Europeu. Zlatan merecia uma despedida festiva e exuberante, ao seu estilo, e não esta saída discreta e sem brilho do Euro 2016, onde a equipa de Erik Hamrén não chegou a vencer uma partida.

De A a Zlatan

Não estará presente nos Jogos Olímpicos. Em setembro a Suécia inicia o apuramento para o Mundial da Rússia e terá que se reinventar para preencher o vazio. Foram quinze anos, cento e dezasseis internacionalizações, e momentos que nos ficam para sempre na retina. Inesquecível, para mim, e também porque é a metáfora perfeita do que é Ibrahimovic – capacidades atléticas excecionais, talento, confiança inexcedível – é aquele golo “ninja” à Itália, no Euro 2004. Ao alcance de muito poucos, menos ainda naquela situação.

Buffon reconheceu que lhe custou digerir um golo assim, quase uma provocação.

Buffon reconheceu que lhe custou digerir um golo assim, quase uma provocação.

As suas capacidades só são superadas pelo ego gigantesco, uma imagem de marca de quem teve que construir uma identidade desde muito cedo. Quando lhe perguntaram se o seu futebol era mais ao estilo sueco ou jugoslavo ele respondeu: “nem um nem outro, é o estilo Zlatan!”

O próximo desafio

Ibrahimovic despede-se da seleção sueca mas continuaremos a contar com ele. Aos trinta e quatro anos este verdadeiro trota-mundos – representou o Malmo, Ajax, Juventus, Inter, Barcelona e AC Milan antes da estadia no PSG – está prestes a embarcar na próxima etapa profissional. Muitos dizem que lhe falta a passagem pelo futebol inglês, e o sueco nunca escondeu que é algo que o fascina. A fazer fé nos rumores há perspetivas de uma mudança para Old Trafford, onde irá voltar a trabalhar com Mourinho, um pouco à semelhança do que o treinador português fez com Drogba, no Chelsea. Isto não o fim, é o início de qualquer coisa novo. Vamos estar cá para acompanhar, sabendo que em se tratando de Ibra dará um bom entretém. Até breve, Zlatan!

Boas Apostas!