Sim, é certo, o que temos visto este ano por parte de Rafa Nadal é uma imagem desbotada do tenista que tem dominado a modalidade durante os últimos nove anos. Mas não tenhamos ilusões, Rafa continua a ser número um do mundo, e à melhor de cinco poucos poderão vencer-lhe. Por isso, e pelos oito troféus, ele continua a ser favorito. Mas o cerco aperta. Djokovic está de olho na liderança do ranking, Federer no ressurgimento da carreira. Wawrinka, Ferrer, Nishikori, Raonic vêem uma frincha por onde entrar no top-5 mundial, “la créme de la créme”. Mas para haver um novo rei o anterior tem que cair e Nadal ainda está bem vivo.
Cerco ao trono de Nadal
Rafa Nadal prepara-se para defender os seus recordes absolutos em Paris, num ambiente que o próprio classificou de emotivo. “ Este é o local mais importante da minha carreira”, confidenciava o espanhol na chegara à capital francesa. “Um lugar que me deu tanto” e a que Nadal sempre retribuiu em dobro, nos courts.
Monte Carlo e Barcelona foram uma deceção. Muitos pensam que não teria ganho Madrid se Nishikori não se tivesse retirado, o japonês estava a dar um nó na cabeça do maiorquino. Mas Roma foi diferente. Eu penso que Nadal se fortaleceu com os jogos difíceis que teve em solo italiano, sobretudo o embate com Andy Murray. A recuperação de um primeiro set todo errado, a necessidade de procurar novas soluções em campo, ter sido capaz de se sobrepor à inteligência do escocês, e, por fim, a vitória, fizeram muito pelo seu estado mental. Depois a final, diante da besta negra, Novak Djokovic. Foi derrotado mas fez frente ao sérvio, isso é o mais importante.
Nas declarações que tem feito à imprensa, Nadal passa a ideia de que se sente a melhorar, pedaço a pedaço, em cada partida que joga. Agora está em Paris, nos seus domínios, e quem quiser destroná-lo vai ter que se aplicar a fundo. Afinal, até hoje, Rafa só cedeu um encontro em Roland Garros, desde que se estreou em 2005. E é por isso que detém, os recordes do torneio. É o único tenista com oito títulos – Federer e Sampras têm sete cada um – e o maior número de vitórias na competição – cinquenta e duas, apenas uma derrota. Impressionante a todos os níveis.
Na linha de sucessão
Novak Djokovic nunca ganhou um Roland Garros. Pode ser desta. De certeza é nisso que o tenista sérvio deve estar a pensar. Conquistar, finalmente, o Grand Slam de Paris e suplantar Nadal no ranking ATP, voltando a ser o jogador mais cotado do circuito. É certo que Nole esteve três semanas fora da competição, com um problema no pulso direito, e que só voltou às lides no Masters de Roma. Não estando no seu pico de forma, o seu ténis foi regressando ao longo da competição. David Ferrer, em particular, obrigou-o a dar tudo o que tinha nos quartos-de-final. Foi um encontro que exigiu muito, em termos físicos, do sérvio, mas em que acabou por sair vencedor. Depois teve o teste do algodão, é como quem diz, que defrontar Nadal na final. Não começou bem mas, à medida que o encontro avançava, voltava o Novak agressivo e determinado que é quase impossível parar. Prova superada. Siga para Paris.
Pretensões suíças
Federer é um tenista renascido, este ano, desde que tem Stefan Edberg a seu lado. Leva vinte e oito vitórias e apenas seis derrotas na temporada. A sua preparação em terra batida esteve longe do ideal, mas não é o único nessas condições. O termo da gravidez de Mirka, e o nascimento dos gémeos não lhe permitiu ir a Madrid e o regresso, em Roma, foi curto. Tenho curiosidade em perceber se a cabeça de Roger já está concentrada no court, para enfrentar duas longas semanas de competição em Paris.
Em Monte Carlo o contingente suíço não deu hipóteses a mais ninguém. Mais significativo ainda foi Wawrinka ter batido Federer, numa espécie de afirmação de maioridade. Depois de ter conquistado o primeiro Major da temporada, na Austrália, Stanislas juntava-lhe o título um Masters, o monegasco. De repente, Wawrinka era o homem do momento, e ninguém podia ignorar as suas legítimas pretensões a tomar de assalto o Open de Paris. Mas, a partir daí, o número três mundial só desiludiu as expetativas. Em Madrid caiu à mãos de Dominic Thiem, à primeira, e em Roma só resistiu duas rondas.
Espaço para um joker?
Mas nem só do Top-5 se fará o Roland Garros. Quem gosta de ténis não pode deixar de puxar por uma surpresa e ela pode muito bem chegar pela raquete de Kei Nishokori. O japonês, até ter partido as costas na final de Madrid, tem vindo a fazer uma temporada extraordinária. Grandes resultados mas, sobretudo, grandes exibições: a velocidade, energia e entrega de Nishikori são entusiasmantes. Queremos vê-lo mais vezes, a jogar com os líderes do ranking para dentro em pouco fazer parte do grupo. Mas Raonic e Dimitrov também vêm motivados.
Boas Apostas!