Em vésperas do arranque de mais uma temporada da Liga BBVA, a região de Madrid fervilha de interesse. Zidane tem escolhas difíceis para fazer e os Merengues são excelentes a cobrar. El Cholo passou por um período de nojo após a dolorosa derrota na segunda final consecutiva das Liga dos Campeões. Não tomou novo rumo, como se chegou a temer, mas as coisas não voltarão a ser iguais, pois não? Nos arredores, o Leganés põe à prova a sua ascensão exemplar, com estreia absoluta no primeiro escalão.
As escolhas de Zizou
O Real Madrid e Zidane têm pela frente uns desafios traiçoeiros. A conquista da décima primeira Liga dos Campeões, além do seu percurso no clube como jogador, devia ter comprado algum tempo e benevolência para o treinador francês. Mas em se tratando dos Merengues sabemos que isso não dá garantias nenhumas. Enquanto o rival de Barcelona continuar a brilhar mais alto vai haver sempre cobrança, a não ser que o Real vença tudo.
Para abrir a época o Real Madrid já venceu o primeiro troféu. Mesmo sem BBC ou Modric de início os blancos arrecadaram uma Supertaça Europeia a ferros ao Sevilla. Se os avançados não encontram o caminho da baliza, são os defesas que dão um passo à frente.
As novidades no plantel foram até agora pontuais e todas internas, se assim podemos dizer. Tiveram que ver com o regresso a casa de ativos que na temporada anterior se tinham notabilizado nas equipas onde estiveram por cedência. Foi assim com Álvaro Morata, Marco Asensio, Lucas Silva e Coentrão. Os dois primeiros parecem ter o lugar garantido; o português só fica se não houver alternativas. Mas o maior dilema para Zidane será fazer os cortes necessários. Jesé já encontrou casa alternativa no PSG. A grande dificuldade é o que fazer com James Rodríguez. Apesar do treinador ter repetido mais do que uma vez que não que ele saia a verdade é que o colombiano não encaixa com o sistema dos Merengues e com o brilharete que Asensio fez na pré-temporada perdeu ainda mais espaço dentro da equipa.
Que Simeone teremos depois do luto?
A derrota na final da Champions parecia ter posto um ponto na passagem de Diego Simeone pelo Atlético de Madrid. Que havia interessados não era novidade, as campainhas de alarme surgiram porque o argentino ficou de rastos por mais uma vez ter ficado aquém do troféu máximo do futebol europeu e resolveu repensar a sua vida. De facto é algo que merece ponderação: o que pode El Cholo fazer mais nos Colchoneros? Não tomou novo rumo mas as coisas não possam voltar ao mesmo que antes, pois não?
No começo da temporada, Simeone é o treinador mais longevo da Liga Espanhola, com quatro temporadas e meia. É dizer muito quando se está num campeonato tão competitivo, que não prima propriamente pela estabilidade das equipas técnicas. Basta pensar que nos dois rivais: mesmo o Barcelona, supostamente um exemplo de continuidade, já passou por três mãos diferentes durante o mesmo período.
As movimentações no mercado foram muitas e estão ainda longe de terminar. Mas sobretudo o Atlético tratou de despachar os que não fazem parte dos planos de El Cholo. Vietto não funcionou e já seguiu para o Sevilla. Óliver Torres deve ser o próximo, sendo que os Colchoneros preferem vender a ceder mais uma vez o jogador. Quanto a reforços, a aposta foi claramente para reforçar e acrescentar alternativas ao setor atacante. Nico Gaintán (vinte e cinco milhões de euros) e Kevin Gameiro (trinta e dois milhões) foram as compras seletivas do clube madrileno. A lesão de Moyá, que fica parado pelo menos dois meses, criou um problema inesperado. Era preciso encontrar um segundo guarda-redes que agrade a Simeone, o que não é fácil, e que não amue quando for relegado para terceira opção quando o guardião lesionado estiver operacional. A solução foi fazer regressar André Moreira do Belenenses.
Pepineros com ascensão exemplar
A ascensão do Leganés tem sido exemplar. O clube da Comunidade de Madrid, que pela primeira vez na sua história se apresenta no primeiro escalão espanhol diz que veio para ficar. E a julgar pelo seu historial temos que o levar a sério. Há quatro anos os Pepineros estavam na Segunda B, o equivalente à terceira divisão. Duas temporadas na Liga Adelante – primeiro como décimos e depois com a segunda posição – foram suficientes para galgar o derradeiro patamar até à Liga BBVA.
O segundo lugar na temporada passada valeu ao Leganés, juntamente com o Alavés, a promoção automática à primeira liga. Asier Garitano, o técnico de quarenta e seis anos que comanda a equipa, é uma das constantes neste percurso de sentido ascendente. A direção, encabeçada pela Presidente Victoria Pavón, e o corpo técnico do clube estão a ser muito inteligentes neste mercado de transferências. Quem não tem milhões para esbanjar tem que ser altamente criterioso e criativo para constituir uma equipa competitiva. Foi o que fez o Leganés. Não só conseguiu garantir que Gabriel Pires (ex-Juventus), Unai Bustinza (ex-Athletic Bilbao) e Pablo Insua (cedido pelo Deportivo) se mantinham no plantel como ainda garantiu outros jogadores muito interessantes. Casos do central Carl Medijani, o defesa esquerdo Adrian Marín, os médios Rúben Pérez e Unai López e o ponta de lança Darwin Machís. À exceção do primeiro, contratado ao Levante, todos os outros chegam por empréstimo.
Pelo menos no que depende de si, o Leganés está a fazer as coisas certas para se aguentar na primeira divisão espanhola. Mas só há uma forma de confirmar essa intenção e essa é a prestação e os resultados em campo. O batismo dos Pepineros será de fogo. Na primeira jornada vão a Balaídos defrontar o Celta e na ronda seguinte recebem os Colchoneros no Municipal de Butarque.
Boas Apostas!