A visita do Chelsea ao Emirates foi tudo o que se podia esperar deste dérbi londrino. Grande intensidade, jogadores talentosos de um lado e outro, grandes exibições dos guarda-redes, erros comprometedores, golos desperdiçados e treinadores à beira de um ataque de nervos. O Arsenal dominou boa parte do encontro mas as fragilidades defensivas comprometeram o esforço de Ozil e companhia. O Chelsea não conseguiu impor-se e perde o segundo lugar, por troca com o United.

Oportunidade perdida para o Arsenal

Mesut Ozil fez uma das melhores exibições da temporada mas foi minado pelo erros defensivos.

Mesut Ozil fez uma das melhores exibições da temporada mas foi minado pelo erros defensivos.

Podia ter sido uma noite em grande para o Arsenal. Se a comparação no papel das duas equipas não fazia com que a formação de Arsène Wenger saísse favorecida, não foi isso que o jogo nos mostrou. Os Gunners podiam ter ganho o jogo, se os esforços e o talento do da construção ofensiva – e de Cech – não fossem minados pelo pouco que a equipa se dedica no momento de defender. Primeiro, desde o primeiro minuto, grande intensidade de parte a parte, do tipo que complica a vida das repetições televisivas. Segundo, Mesut Ozil está num momento de forma extraordinário – ano de Mundial – e com uma exuberância nas exibições que infelizmente não é a sua característica mais regular. A sua interação com Alexis Sánchez, Alexandre Lacazette e, ontem, com Jack Wilshere, criaram muitas jogadas de recorte técnico, a que a defensiva dos Blues teve que por cobro. No início da segunda parte o Arsenal chegou mesmo a instalar-se no meio campo do Chelsea e obrigou o campeão em título a sofrer. Wilshere estreou-se a marcar no campeonato e naquela altura os Gunners estiveram perto de fazer o segundo que podia ter encarreirado a vitória. O treinador francês pode espumar o quanto quiser mas Hector Bellerín vai tarde à bola e acerta na sola de Eden Hazard. O problema é que enquanto estava toda balanceada para o ataque a equipa da casa, toda desposicionada, tremia como varas verdes quando perdia a bola. Pouco depois Marcos Alonso, com sentido de oportunidade e posicional, colocava os visitantes na frente no marcador.

Wenger descaiu-se quando discutia a defesa a quatro ou a cinco dizendo que por ele utilizava apenas um homem mais recuado. Na verdade, para o técnico francês, a organização defensiva é uma contrariedade para a qual, à medida que o tempo passa, tem cada vez menos paciência. Não admira que os jogadores reflitam o mesmo espírito dentro de campo.

Chelsea de pólvora seca

Marcos Alonso já contribuiu com seis golos nesta edição da Premier League.

Marcos Alonso já contribuiu com seis golos nesta edição da Premier League.

O Chelsea opta por entregar o domínio e a iniciativa, esperando pelas oportunidades para ser cirúrgico e eficaz. Eden Hazard, a espaços, fez uma espécie de audição para se juntar ao elenco merengue mas tudo espremido arrancou o penalti que levou ao primeiro golo. Álvaro Morata está a ser crucificado por ter desperdiçado duas a três chances isolado frente a Cech. O treinador italiano, também chamado à pedra sempre que se lembram que despachou Diego Costa, vai dizendo que continua a aconselhar calma ao jovem avançado espanhol. Acho a pólvora seca do Chelsea se prende menos com a finalização propriamente dita mas com o carregar das armas, para continuar com a metáfora balística. Enquanto Fàbregas esteve em campo foi ele a fazer a ligação com os dois homens mais adiantados, sempre com passes de rutura. A sua saída rompeu a ligação entre setores, salvo raríssimas exceções nos minutos finais, quando o Arsenal já estava desaustinado. E isso, para um plantel que tinha apenas a limitação de David Luiz, que já nem sequer entra nas contas, representa uma resinação com o mal menor. Custou-lhe o segundo lugar, para já.

Boas Apostas!