O Nottingham Forest fez história na Taça de Inglaterra ao eliminar o detentor do troféu. Tarde para esquecer para Arsène Wenger mas também para Mark Hughes. O Stoke City perdeu com o Coventry e o treinador foi dispensado despois de uma exibição desastrosa. O Norwich City forçou um jogo de desempate depois de ter garantido um nulo frente ao Chelsea e Conte aproveita para dar guia de marcha a David Luiz e Batshuayi, se eles quiserem, claro.

Arsenal fora da sua competição fétiche

A última vez que o Arsenal foi eliminado tão cedo da taça Wenger ainda não era treinador dos Gunners.

A última vez que o Arsenal foi eliminado tão cedo da taça Wenger ainda não era treinador dos Gunners.

Pela primeira vez nos vinte e um anos ao comando do Arsenal, Arsène Wenger cai à primeira na Taça de Inglaterra. Podemos discutir a convocatória mas no lavar dos cestos os Gunners andaram à deriva e o Nottingham Forest (4-2), a ter uma época complicada no Championship, viu uma oportunidade para se galvanizar e agarrou-a com unhas e dentes. A formação londrina também se virou contra a equipa de arbitragem por causa dos penáltis mas mesmo que tivessem alguma razão de queixa a diferença de estatuto e de recursos deviam ser suficientes para desaconselhar essa linha de defesa esfarrapada.

Muitos foram rápidos a criticar Wenger pela seleção de muitos “miúdos” para o onze inicial, acusando-o inclusive de estar a desrespeitar a competição. Aqui as evidências não dão providência. Quase todas as equipas apostas em jogadores mais jovens nesta ronda precoce e até o Forest foi a jogo com um alinhamento ligeiramente diferente do habitual. Ben Brereton, que marcou o terceiro golo do Nottingham, de penálti, tem dezoito anos.

O Arsenal venceu três das últimas edições da Taça de Inglaterra e nenhum outro treinador conquistou mais troféus nesta competição. Acredito que Wenger pensou que tinha equipa suficiente para garantir a passagem mas, sem ele no banco – é preciso recordar que cumpria castigo e estava a assistir nas bancadas – a equipa não teve orientação dentro de campo. Claramente afetados pelos golos de Eric Lichaj, aos vinte e quarenta minutos, os únicos do Forest que não resultaram de grandes penalidades, os mais jovens ficaram à toa e os mais experientes, como Walcott, Iwobi ou mesmo o veterano Mertesacker não foram capazes de liderar uma reação com pés e cabeça.

Rola a cabeça de Mark Hughes

O técnico inglês não resistiu à derrota frente a uma equipa da League Two.

O técnico inglês não resistiu à derrota frente a uma equipa da League Two.

A outra grande surpresa na ronda da Taça aconteceu na Ricoh Arena, onde o Coventry City, da quarta divisão inglesa, afastou o Stoke City (2-1). Os Potters fizeram uma exibição miserável e o resultado precipitou a saída de Mark Hughes. Já se alinham os nomes para lhe suceder – fala-se de Ryan Giggs, Martin O’Neill, se estiver disposto a deixar a seleção irlandesa, e até Ronald Koeman. A verdade é que este é um clube simpático para os treinadores. Basta ver que Hughes teve quatro anos para mostrar serviço e nunca sofreu pressões de maior, como já antes tinha acontecido com Tony Pulis. Pode-se dizer que talvez falte uma pontinha de ambição, de projeto para ir um pouco mais além, mas é uma excelente plataforma para trabalhar na Premier League.

Um jogo mais

Também houve uma sucessão de empates nesta ronda, que segundo as regras da Taça de Inglaterra obriga a uma partida de desempate. Tudo o que as equipas inglesas, sobretudo as da Premier League e em particular as de topo não precisam neste momento. Quase chega a ser preferível ser eliminado de vez do que ter mais um compromisso a encaixar na já frenética agenda de final/ início de ano. O duelo entre os dois treinadores portugueses, Nuno Espírito Santo e Carlos Carvalhal, foi um dos que ficou a zero e terá reedição em breve, agora em Swansea. Fleetwwod Town e Shrewbury Town também impuseram nulos a Leicester e West Ham, respetivamente. O Chelsea também encalhou neste destino trágico e agora terá que receber o Norwich em Stamford Bridge, para resolver o impasse.