Sessenta anos depois a Itália falha a fase final de um Campeonato do Mundo e este é um assunto a que não podemos escapar quando falamos do play-off. Mas não podemos esquecer as quatro seleções que asseguraram presença na Rússia. Suíça, Croácia, Suécia e Dinamarca garantiram as últimas vagas da qualificação europeia. Agora é só esperar pelo dia 1 de dezembro, para sabermos o que o sorteio reserva.

A Squadra Azzurra é a única campeã mundial que não estará presente na Rússia e as ondas de choque só agora começaram.

A Itália é a única campeã mundial que não vai à Rússia e as ondas de choque só agora começaram.

Suíça apura-se com sofrimento

A Suíça eliminou a Irlanda do Norte com um golo marcado fora na primeira mão (0-1, 0-0), com um penálti questionável que Ricardo Rodríguez converteu. Na segunda mão, em St. Jacok-Park, eram os irlandeses que tinham que correr atrás do resultado mas a formação de Vladimir Petkovic sofreu bastante para chegar a bom porto. A seleção suíça é forte, como nós, que acompanhamos toda o seu percurso de apuramento de perto, bem sabemos. Mas os golos custam a aparecer, como se viu também na fase de grupos. E essa escassez na concretização pode ser particularmente problemática num jogo a eliminar. É fácil culpar Haris Seferovic, como os assobios vindos das bancadas suíças parecem fazer. O avançado que não marca está sempre muito exposto à crítica fácil. Mas a verdade é que as defesas estão cada vez mais competentes, conhecem a fundo as características dos adversários que vão enfrentar, e preparam-se para isso. Basta atentarmos que neste play-off três dos quatro jogos da segunda mão terminaram sem golos e duas das equipas apuradas – Suíça e Suécia – marcaram apenas uma vez no somatório das duas mãos.

Talento croata impôs-se

Este era dos mais imprevisíveis da eliminatória. Na prática e na teoria, a Croácia tem de longe mais talento e mais futebol. Mas também costuma ser inconstante e muito volátil. Do outro lado a Grécia, com valores individuais bastante modestos mas que é muito compenetrada e que, frequentemente, se consegue superar-se na entrega. Já vimos a seleção de Modric e Rakitic comprometer uma partida que parecia resolvida, depois de alcançarem uma vantagem que devia ser confortável. E mais uma vez esse fantasma marcou presença. A vencer por dois a zero aos dezanove minutos, os croatas tremeram quando Sokrastis reduziu à passagem da primeira meia hora. O tento de Ivan Perisic veio no momento certo para baixar os níveis de ansiedade e no início do segundo tempo Andrej Kramaric selou o triunfo. O grande mérito da Croácia, neste play-off, foi o controlo emocional com que enfrentou a segunda mão, que nem sempre é o forte deste conjunto.

Suécia elimina Azzurri

Quando o sorteio ditou que a Suécia tinha que ultrapassar a Itália para ir ao Mundial da Rússia, os nórdicos hão de ter pensado que tinham tirado a fava. Mesmo que a Squadra Azzurra já não seja o potentado de outros tempos, não falhava um Mundial há sessenta anos, o que acalenta sempre alguma confiança. Mas esta formação sueca tem talento, ainda jovem, e já foi mais longe do que se poderia imaginar à partida para esta qualificação. A experiência conquista-se lá, nos grandes palcos, e se Emil Forsberg estiver bem a equipa tem nele uma figura maior.

Eriksen vezes três

Com um hat trick o médio dinamarquês decidiu a eliminatória.

Com um hat trick o médio dinamarquês decidiu a eliminatória.

O nulo da primeira mão, em Copenhaga, deixava tudo em aberto e a Rep. Da Irlanda mostrou acreditar nas suas chances, pela forma aguerrida como entrou em campo em Dublin. Shane Duffy abriu o marcador logo aos seis minutos e o apuramento parecia encaminhado. Mas foi só até Christien Eriksen aparecer no jogo e a partir daí todos percebemos que o caldo estava entornado para o lado do Martin O’Neill e seus rapazes. O primeiro golo do hat trick do médio dinamarquês foi daqueles que desmoraliza o adversário. O problema da Dinamarca (0-0, 1-5) será sempre este: a dependência da sua estrela maior para inventar caminhos para a baliza. Funciona muitas vezes mas numa noite apagada, como a que teve na semana passada, pode deitar tudo a perder numa partida decisiva.