“Avião sem asa, fogueira sem brasa (…) Futebol sem bola, piu-piu sem frajola” e Argentina sem Mundial. A última premissa poderia constar na música da brasileira Adriana Calcanhoto, até porque falamos de uma das seleções mais reputadas da história, presença assídua em fases avançadas de qualquer competição. Não obstante, a Argentina está numa situação realmente complicada, agudizada pelo empate caseiro frente ao Peru (0-0) que implica o afastamento dos lugares de qualificação para o Mundial 2018 à entrada para a derradeira jornada.
Ciente da importância de vencer o Perú, a Federação argentina “levou” o jogo para La Bombonera, cedeu seis mil ingressos à “La 12”, claque do Boca Juniors, e pediu que durante duas horas se criasse um ambiente infernal de modo a empurrar a Argentina para uma vitória que poderia ser determinante para a qualificação. Do outro lado, uma equipa do Perú que jogava a vida nesta etapa de qualificação, impedida de perder e que também contou com uma recepção apoteótica na chegada a Buenos Aires. Com a “caixa de rebuçados” de Buenos Aires completamente lotada, a Argentina tentou partir para cima do Perú desde cedo, mas a capacidade de desequilibrar e criar perigo residiu (quase) sempre nos pés de Leo Messi, numa relação de excessiva dependência que também foi abordada pela imprensa argentina após o desafio. O Perú resistiu ao inferno da Bombonera e ao maior ascendente argentino, regressando a casa com um empate sem golos que permite continuar com aspirações no que à qualificação para o Mundial 2018 diz respeito. Num jogo em que Paulo Dybala não saiu do banco de suplentes – tal como Eduardo Salvio (Benfica) -, Marcos Acuña (Sporting) cumpriu os 90 minutos.
A Argentina está agora no sexto posto do grupo de apuramento da zona CONMEBOL com 25 pontos, tantos quando o Perú (5º), menos um que Colômbia (26) e Chile (26) e menos dois que o Uruguai (28). De uma maneira fatalista, após o encontro, o diário argentino “Olé” intitulou uma das notícias sobre a partida de forma bem clara: “Estamos jodidos!”. Na última jornada, a “albiceleste” vai até ao Equador num encontro de tudo ou nada e sabe que, caso vença, terminará num dos cinco primeiros lugares, uma vez que Peru e Colômbia se defrontam na mesma jornada. O Chile, equipa que se superiorizou ao Equador, viaja até ao terreno do já qualificado Brasil, que nesta ronda empatou sem golos na Bolívia (0-0) apesar de Tite não ter poupado as suas melhores unidades.
As mil vidas do Paraguai
A seleção paraguaia está longe de ser uma das mais fortes nesta fase de qualificação sul-americana, mas apresenta uma admirável capacidade de resistência, parecendo que tem sempre “mais uma vida”. Em Barranquilla, frente à Colômbia, o Paraguai viu a seleção local passar para a frente do marcador ao minuto 79 graças a um golo de Radamel Falcao, mas o ex-Benfica Óscar Cardozo (89′) e Tonny Sanabria (90+2′) – sim, o jogador que deu a vitória ao Bétis no Bernabéu para lá da hora – apontaram dois golos para lá da hora que permitem aos paraguaios chegar à ronda decisiva ainda na luta pelo apuramento, embora saibam que uma vitória sobre a “lanterna vermelha” Venezuela não será suficiente.
No fim de contas, à entrada para a última jornada das eliminatórias na zona CONMEBOL, o Brasil continua a ser a única equipa sul-americana já apurada para o Mundial 2018.
Boas Apostas!