Andy Murray – Andrey Kuznetsov (Roland Garros)
Apesar de ser o tenista mais cotado em prova, Andy Murray não está no pódio dos favoritos a conquistar Roland Garros. O número um mundial reconhece que está a passar dificuldades e que não teve a melhor preparação para o Major em terra batida mas vai dar tudo o que tem. O russo chegou à semifinal do ATP de Genebra, na semana passada, e forçou o suíço a um tie break. As dificuldades podem começar já mas a carreira do escocês tem sido feita de momentos de superação.
É praticamente inevitável: quando um evento com a dimensão do Roland Garros está para arrancar fazem-se apostas quanto ao potencial vencedor. O próprio Andy Murray, que costuma ser muito frontal nestas coisas, seria o primeiro a concordar com a maioria dos analistas, que não o colocam na linha da frente dos potenciais favoritos, apesar de ser o tenista mais cotado e primeiro cabeça de série.
Na primeira semana de 2017 Murray e Djokovic enfrentaram-se na final do Doha, que o sérvio venceu, e parecia que a temporada seria, mais uma vez, uma sucessão de duelos entre ambos. Nada mais longe da realidade. Sabe-se agora que o escocês sofreu uma infeção do vírus herpes zóster o que explica a quebra de rendimento físico. Mas também significa que a recuperação da melhor forma será um processo. O número um mundial reconhece que o percurso para Paris foi dececionante. Duas partidas apenas nos Masters de Monte Carlo e Madrid, cair à primeira em Roma, está longe de cumprir as expetativas. Mas em Barcelona, Andy Murray esteve manifestamente melhor. Os embates com Albert Ramos Vinolas (2-6, 6-4, 7-6), nos quartos de final, e Dominic Thiem (6-2, 3-6, 6-4), na meia-final, foram bastante exigentes.
Agora, em Paris, Andy Murray volta a ter Ivan Lendl ao seu lado. Ele sabe que para ultrapassar a frustração de não estar a cem por cento tem que se mentalizar todos os dias que isto é um processo, um passo de cada vez. Se não for na terra batida pode ser em relva, o regresso ao pico de forma vai acabar por acontecer, disso o britânico não duvida minimamente. Aliás, toda a sua carreira foi feita de momentos de superação, de ter que partir de trás. Fosse por causa do problema nas costas ou nas articulações; fosse para superar adversários que pareciam intransponíveis. Nos últimos três anos Murray esteve a um passo do título em Roland Garros: duas meias-finais e a final do ano passado, que perdeu para Novak Djokovic (3-6, 6-1, 6-2, 6-4).
Os problemas de Murray vão começar logo na primeira ronda. Andrey Kuznetsov é um tenista que claramente privilegia a terra batida. O número oitenta e cinco mundial, que já esteve no top-40, perdeu apenas quatro encontros nesta temporada em pó de tijolo, todas com tenistas muito acima da sua posição no ranking. Paolo Lorenzi (6-4, 6-4), trigésimo quarto, que o eliminou nos quartos de final do ATP de Budapeste, era o menos cotado. Os outros foram Tomas Berdych (4-6, 6-3, 6-4) em Monte Carlo, Jo-Wilfried Tsonga (7-6, 6-7, 7-5) na primeira ronda de Madrid e Stan Wawrinka, na semifinal de Genebra (6-3, 7-6).
Até agora o russo de vinte e seis anos tem como melhor prestação em Roland Garros a terceira ronda, alcançada há dois anos. Em 2016 caiu na segunda, quando apanhou Kei Nishikori (6-3, 6-3, 6-3).
2016 | ATP de Pequim | Murray | 2 | 6 | 6 | R16 | ||
Kuznetsov | 0 | 2 | 1 | |||||
2014 | Open dos Estados Unidos | Murray | 3 | 6 | 7 | 4 | 6 | 3R |
Kuznetsov | 1 | 1 | 5 | 6 | 2 |
Andy Murray ganhou os dois confrontos anteriores que teve com Andrey Kuznetsov mas o russo conseguiu roubar-lhe um set no Open dos Estados Unidos, há três anos.