Alexander Zverev – Rafael Nadal (Open da Austrália)
O jogo em destaque do sexto dia de competição no Open da Austrália coloca um antigo número um mundial contra um potencial futuro líder do ranking. Nos últimos dois anos Nadal tem ficado aquém nas provas do Grand Slam mas a exibição frente a Baghdatis deixa-o excelentes indicações. O espanhol reconhece no jovem Alex Zverev um tenista muito completo com qualidade para chegar ao topo da hierarquia e sabe que terá um desafio e tanto para superar nesta terceira ronda.
Esta é apenas a terceira participação de Alexander Zverev no Open da Austrália. O tenista alemão de dezanove anos ficou-se pela qualificação em 2015 e no ano passado a progressão foi interrompida logo na primeira jornada do quadro principal, quando lhe surgiu ao caminho Andy Murray (6-1, 6-2, 6-3). Aconteça o que acontecer na madrugada de sábado, este será o seu melhor resultado de sempre no torneio do Grand Slam australiano.
Esta temporada há muitas expetativas em seu redor. Alexander Zverev é o único tenista com menos de vinte anos no top-100 e arranca o Open da Austrália no vigésimo quarto lugar do ranking ATP. No espaço de um ano galgou sessenta posições de forma consistente. Na primeira semana de 2017 participou na Taça Hopman, em preparação para o Major, e conseguiu bater Roger Federer (7-6, 6-7, 7-6), sendo que todos os sets disputados entre os dois tiveram que ser decididos em tie break. Dir-me-ão que o suíço ainda está a recuperar o ritmo competitivo, sim, mas o alemão não se deixou encandear e fez o seu jogo com muita qualidade.
Na ronda inaugural, Zverev eliminou o experiente Robin Haase, quinquagésimo sétimo da hierarquia em cinco sets (6-2, 3-6, 5-7, 6-3, 6-2). A etapa seguinte foi manifestamente mais fácil. Enfrentou e venceu alguém da sua idade, a jovem promessa norte-americana Francis Tiafoe (6-2, 6-3, 6-4), em pouco menos de duas horas.
Há muito que Rafael Nadal não se apresentava tão próximo do seu melhor. Tem sido um gozo vê-lo a lutar no Melbourne Park nesta rondas iniciais, depois das prestações dececionantes que teve em provas do Grand Slam nos últimos dois anos. Há um ano campeão de 2009 – venceu Federer na final – caía na primeira ronda, frente a Fernando Verdasco (7-6, 4-6, 3-6, 7-6, 6-2). Mas desta vez o espanhol reconhece que sente o seu corpo livre de lesões e isso liberta os movimentos em court.
Nadal começou a época a vencer o torneio de Abu Dhabi, batendo Tomas Berdych (6-0, 6-4), Milos Raonic (6-1, 3-6, 6-3) e David Goffin (6-4, 7-6) no processo. Ou seja, oposição exigente. Em Brisbane foi travado nos quartos de final pelo gigante canadiano (4-6, 6-3, 6-4). Curiosamente, na ronda anterior tinha afastado o irmão mais velho de Alexander Zverev, Mischa, um moço da idade de Rafa.
Frente a Marcus Baghdatis (6-3, 6-1, 6-3), o menorquino impressionou. Venceu confortavelmente o cipriota em duas horas e doze minutos, e ainda não foi forçado a mais de três parciais por encontro nesta campanha no Open da Austrália. O serviço esteve forte a as pancadas cheias de spin habituais vieram todas em seu auxílio, ainda que tenha dito que precisou de ajustar o seu jogo às condições do jogo noturno, coisa que ainda não tinha feito na prova.
Com Djokovic afastado esta segunda metade do quadro fica mais em aberto e é legítimo a Nadal sonhar chegar longe. Mas ainda há muitos obstáculos pela frente e o espanhol sabe que o confronto com a ambição e energia da juventude que Zverev personifica lhe vai levantar sérias dificuldades. A forma como conseguir responder em court pode ditar não só o sucesso neste Grand Slam como no resto da temporada.
2016 | Masters Indian Wells | Nadal | 2 | 6 | 6 | 7 | R16 |
Zverev | 1 | 7 | 0 | 5 |
Até à data Alexander Zverev e Rafael Nadal só se defrontaram uma vez. Foi nos dezasseis avos de final do Masters 1000 de Indian Wells e o espanhol venceu apesar de ter cedido o primeiro set.