Os Ravens foram a Pittsburgh, onde nunca tinham vencido nos play-offs, eliminar os homens da casa. O obstáculo seguinte é pelo menos tão complicado, ir a Foxborough afastar os Patriots. Os Steelers, sem LeVeon Bell, foram uma presa unidimensional demasiado fácil para Baltimore. Big Ben é grande mas sem uma defesa decente não faz milagres. No outro confronto da AFC Andrew Luck foi o trunfo que colocou os Colts na ronda das divisões, onde marcaram encontro com Peyton Manning. Os Bengals atingiram o recorde de quatro derrotas consecutivas na ronda inicial dos play-offs e já foram de férias.
Steelers órfãos de Bell
LeVeon Bell não é um jogador qualquer. Sem ele os Pittsburgh Steelers só tinham uma dimensão, o passe. O que com Ben Roethlisberger e Antonio Brown podia acabar por resultar. Se a equipa fosse eficaz na proteção ao quarterback e lhe proporcionasse tempo e espaço para interagir com os receivers. O que vimos foi Big Ben sob pressão desde o momento que levantava a cabeça para ler as rotas. O QB de Pittsburgh foi derrubado cinco vezes, permitiu duas interceções e conseguiu completar apenas um passe para touchdown. Não chega. E as oito faltas assinaladas à equipa, com o correspondente recuo de cento e catorze jardas, não ajudaram em nada. Aliás, este problema com as penalizações tem afetado as exibições dos Steelers ao longo de toda a temporada.
Joe Montana baixou em Flacco
Do outro lado, os Ravens sabiam ao que vinham e o que queriam. Foram dois os fatores decisivos a fazer o jogo pender para o lado de Baltimore: Flacco e não cometer erros. É um manifesto exagero fazer como John Harbaugh e exclamar no final do encontro que o quarterback dos Ravens é o melhor no ativo. Mas compreende-se o excesso, vindo de quem veio. Mas como alguém dizia na ESPN, a verdade é que, chegado aos play-offs baixa Joe Montana no mediano Joe Flacco. O homem transfigura-se, vive para estes momentos e a equipa respondeu à altura. Esteve bem em todas as fases do jogo, nunca comprometeu – foram-lhe assinaladas apenas duas faltas – e o marcador final de 30-17 assinala essa segurança. Os Ravens foram assim a única equipa visitante a sobreviver ao fim de semana dos wildcards e agora partem para New England na tentativa de operarem mais uma surpresa.
Luck não é tudo, mas quase
Uma frase feita comum nas discussões sobre futebol americano é a de que “um quarterback é tão bom quanto as armas à sua disposição lhe permitem ser”. O que é, regra geral, uma evidência. Os QB, por melhores que sejam não jogam sozinhos, precisam que todas as outras peças se movimentem e lhes deem opções. É só por essa lógica que não se pode arrumar de vez com Andy Dalton. Afinal ele teve um jogo fraco, o que não é novidade, mas estava privado dos dois melhores receivers de Cincinnati – A.J. Green e Jermain Gresham. O que não o livra das críticas, só o salva de uma sentença definitiva. Ficará sempre a dúvida, e se ele tivesse esses homens em campo? Mas não há regra sem senão e Andrew Luck é exceção que a confirma. O quarterback de Indianápolis não conta com ninguém de monta, não tem estrelas a quem passar ou entregar a bola. E mesmo assim completou trinta e um dos quarenta e quatro passes tentados para trezentas e setenta e seis jardas, fez passe para um touchdown e não permitiu interceções. Mais importante ainda, fez a jogada que virou definitivamente o jogo a favor de Indianápolis, um passe para a red zone recebido pelo rookie Donte Moncrief que resultou em touchedown e deu aos Colts uma vantagem de dez pontos no terceiro período. A partir daí foi a vez da defesa fazer a sua parte.
Não é à toa que há muita gente a dizer que ele será um dos melhores quarterbacks que esta modalidade já conheceu. Nenhum outro, nem o seu antecessor Peyton Manning, um monstro sagrado deste desporto, teve as mesmas prestações nos primeiros anos da sua carreira. Luck tem só vinte e cinco anos. E quando tiver um plantel que o acompanhe, cuidado!