Nota prévia: Na primeira jornada da fase de grupos do Euro 2016, nenhuma seleção impressionou. A Espanha, campeã em título, dominou amplamente diante da República Checa mas esteve longe de rubricar uma prestação que “encha as medidas” ao adepto. A Alemanha, campeã do mundo, passou por dificuldades no compromisso com a Ucrânia mas foi suficientemente pragmática para triunfar por duas bolas a zero, enquanto que a seleção da casa também teve que puxar dos galões para derrotar a Roménia. Salvo uma ou outra excepção, os jogos também estiveram longe de satisfazer o adepto comum, mas há um caso que merece destaque: Bélgica – Itália. Por um lado, porque a promissora geração às ordens de Wilmots não conseguiu corresponder a uma expectativa elevada aparentemente generalizada, e por outro porque a Itália deu sinais vitais, deixando as demais adversárias em sobreaviso após uma vitória por dois golos sem resposta.

A Itália estreou-se em grande estilo, contrariando as baixas expectativas da crítica. A abordagem cínica que já faz parte dos cânones do futebol transalpino permitiu conquistar uma vitória prometedora diante da Bélgica. Tal como no Euro 2012, ficou novamente provado que relativizar as aspirações da “squadra azzurra” é um erro fatal. O medo cénico instalou-se e a fasquia face aos seleccionados de Antonio Conte subiu de imediato, que se colocaram na “pole” do respetivo grupo desde o primeiro instante.

Itália – Suécia

Foto: "Reuters"

Foto: UEFA

O oitavo dia de competição começou com o compromisso entre Itália e Suécia. Encontro com caraterísticas distintas para a formação que veste de azul, obrigada a assumir mais o jogo comparativamente ao que fizera na ronda inaugural, diante da Bélgica.

Defensivamente, a seleção italiana voltou a estar em bom plano, exibindo critério na pressão, tentando reduzir o espaço a Ibrahimovic – que procurou estar mais em jogo que no compromisso com a República da Irlanda -sem se desequilibrar, reagindo sempre às investidas de uma equipa sueca que esteve em ataque posicional durante boa parte do tempo mas não foi capaz de ultrapassar o sistema defensivo arquitetado por Conte – destaque para a preponderância de Chiellini, Bonucci e Barzagli neste capítulo. Durante boa parte dos 90 minutos, a Itália pecou pela falta de criatividade do meio-campo para a frente, não conseguiu ligar o jogo nem explorar em profundidade para tirar partido do facto de a Suécia colocar a sua linha defensiva muito subida no terreno.

Em momento defensivo, a Suécia aproximou os elementos do setor recuado e formou uma linha de três no centro do terreno, um pouco à imagem daquilo que fez a Itália. As ocasiões de golo escassearam, mas a parca produtividade do meio-campo para a frente não alterou a estratégia de Antonio Conte, conservador na forma como mexeu no jogo: Tirou Pellè e lançou Zaza, abdicou de De Rossi para colocar Thiago Motta em campo e promoveu a saída de Florenzi para colocar Sturaro em campo. Jogadores com capacidade para desequilibrar no ataque como Insigne ou Bernardeschi não chegaram a ir a jogo, embora uma vitória permitisse garantir o apuramento. O técnico que se prepara para rumar ao Chelsea não quis arriscar, mas o “bianconeri” Zaza saltou do banco para dar um contributo importante no golo de Éder, italo-brasileiro que foi protagonista ao bater Isaksson e oferecer uma vitória que não poderia ter contornos mais italianos. O “slalon” do jogador do Inter culminou com um tiro certeiro à rede do gigante Isaksson, que nada pôde fazer nesse lance.

Desta feita, ao contrário do que aconteceu no Estádio do Dragão em 2004, Zlatan Ibrahimovic não teve arte suficiente para impor uma divisão de pontos.