Começa este fim-de-semana aquele que é considerado o melhor campeonato de basquetebol na Europa, a Liga Endesa, organizado pela ACB, Associação de Clubes de Basquetebol espanhola. Apesar de alguns altos e baixos por motivos financeiros, e do aparecimento de outras ligas com grande poderio financeiro, com as equipas da Rússia e da Turquia a ganharem vantagem, tem sido na ACB que se vai assistindo à maior qualidade técnica dos coletivos. Real Madrid e Barcelona estão uns passos adiante da concorrência, mas com a classe média a reforçar-se para a presente temporada, tentando seguir exemplos de equipas como o Bilbao Basket e Valência Basket, que conseguiram criar equipas desportivamente muito competitivas, quer na ACB, quer na Europa.
Supercopa deu primeiros sinais
A Supercopa, disputada no passado fim-de-semana em Vitoria-Gasteiz, ajudou-nos a perceber o que poderemos esperar de algumas das principais equipas da competição. O Real Madrid sagrou-se vencedor, demonstrando que as contratações feitas poderão vir a ser fundamentais para tornar a equipa merengue mais sólida nos momentos de decisão. A um cinco inicial que tinha estabilizado, Pablo Laso consegue juntar jogadores como K.C. Rivers, Jonas Maciulis, Andrés Nocioni e Gustavo Ayón, que quase poderiam constituir um novo cinco com competência para andar nos lugares cimeiros da Liga. O crescer da sua rotação torná-lo-á ainda mais temível, sabendo-se, no entanto, que o título é entregue à equipa que estiver melhor na final – toda a temporada é uma caminhada para atingir esse objetivo.
O Barcelona também não se pode deixar cair só porque perdeu o encontro da Supercopa. A equipa culé surge com novas opções a partir do banco e na equipa titular, sendo necessário ter em conta que a política da equipa catalã passou por buscar jogadores mais jovens. Isso fará com que Xavi Pascual possa contar com muita disponibilidade física, mas também passe mais tempo a trabalhar pormenores técnico-táticos com os seus jogadores. Campeão em título depois de uma fase regular onde nem sempre esteve bem, Pascual tem noção de como e quando se vencem campeonatos em Espanha. E será preciso contar com isso com o adiantar da temporada.
Os mais fortes na segunda linha
O Valência Basket disse presente no encontro da Supercopa que disputou frente ao Real Madrid e será um adversário complicado na fase regular da temporada. O ano passado terminou na segunda posição e poderá muito bem voltar a estar entre os melhores no novo ano. Kresimir Loncar pode ter sido o jogador que mais impressionou, pela sua capacidade de impor respeito aos interiores do Real. Mas com a adaptação de Dwight Buycks à posição e ao estilo de jogo do técnico Perasovic, os valencianos voltarão a ser uma equipa muito incómoda para os dois gigantes.
Na mesma linha, surgirão ainda o Unicaja Málaga e o Gran Canaria. O Málaga mantém aquele que é considerado um dos melhores técnicos espanhóis, Joan Plaza, e apesar de ter perdido Zoran Dragic e Vladimir Stimac, poderá ver em jogadores como Caleb Green, Will Thomas, Stefan Markovic, Kostas Vasiliadis ou Jon Stefansson, jogadores de nível muito alto e com a qualidade para manter o Unicaja em destaque, quer em Espanha, quer na Europa. O Gran Canaria passou por uma mudança técnica, vendo chegar o histórico Aíto Reneses Garcia para o banco. A sua principal contratação é o lançador Kyle Kuric, que depois de das temporadas no Estudiantes, poderá vir agora lutar por uma posição na primeira metade do playoff.
Uma classe média de sonho
O Laboral Kutxa parece descer mais um degrau na escada da Liga Endesa, com o seu atual plantel e com o técnico Marco Crespi. A atuação frente ao Barcelona na Supercopa foi pobre e a equipa terá que conseguir crescer nas primeiras jornadas da competição. Se vier a perder Thomas Heurtel, como foi noticiado esta semana, a vida poderá ficar ainda mais difícil para os bascos.
A espreitar a luta pelos playoffs estarão equipas como o CAI Saragoça, o Joventut Badalona ou o Baloncesto Sevilla. A equipa sevilhana esteve no passado fim-de-semana no Pavilhão da Luz onde não impressinou. Scoth Roth, o técnico que está a ter dificuldades para ser reconhecido pela ACB, parece uma aposta errada para um plantel que tem talento para estar entre os melhores. A chegada de Jacob Pullen torná-los-á ainda mais fortes.
Em Saragoça, destaca-se a contratação de Jason Robinson, jogador que passou, em tempos, por Portugal, e que vai conseguindo as suas melhores temporadas já depois dos 30. O ano passado, foi figura na Liga jogando pelo Guipuzcoa. De salientar, ainda, o regresso de Giorgi Shermadini e a contratação de Marcus Landy, fornecendo ao CAI a qualidade e experiência que o farão estar no topo. O Joventut Badalona de Salva Maldonado tem o carisma e a história do seu lado, voltando a misturar juventude com experiência para atacar um lugar no playoff.
Finalmente, dar nota do regresso do MoraBanc Andorra à competição, trazendo de volta um jogador português à competente Liga Espanhola. João “Betinho” Gomes estreia-se a este nível depois de ter jogado pela segunda divisão espanhola e ter cumprido três anos no Benfica. Em Andorra, terá que revelar a sua face de trabalhador incansável para ajudar a equipa a fazer um campeonato longe do fundo da tabela.