Há que reconhecer: o fim de semana dos wild-cards foi um tanto dececionante. As estatísticas dizem que foram os resultados mais desnivelados da primeira ronda dos play-offs dos últimos trinta e cinco anos.
Serviu, sobretudo, para separar o trigo do joio e afirmar os candidatos. Para terminar a jornada, Aaron Rodgers reconciliou-nos com a magia da NFL. A próxima ronda promete: três dos duelos serão embates de gigantes que podem cair para os dois lados.
Clowney arrasa as esperanças dos Raiders
O fim de semana começou com o triste espetáculo de vermos os Oakland Raiders sem Derk Carr, a tentarem ser competitivos com um rookie a quarterback que se estreava a jogar na NFL. Não tinham como. Desde cedo ficou claro e a figura deste encontro foi sem dúvida Jadeveon Clowney. Esta temporada o defensive end está a atingir tudo o que dele se esperava quando foi a primeira escolha do draft em 2014. Demorou a acontecer em virtude das lesões prolongadas que teve mas está a recuperar terreno a todo o gás. A interceção nos primeiros minutos da partida marcou o tom para o ascendente dos Houston Texans (27-14).
Os Seahawks estão vivos
O jogo da noite de sábado levou-nos a Seattle. Os Seahawks lembraram-se, por fim, de quem são e demoliram os Lions (26-6) sem apelo nem agravo. O destaque aqui tem que ir para o carater desta equipa, que ao chegar à fase decisiva se transfigura. O que fez a diferença no campo foi o jogo em corrida. Thomas Rawls (cento e sessenta e uma jardas em vinte e sete tentativas) esteve incansável a explorar o caminho aberto pela linha ofensiva de Seattle e a defensiva de Detroit nunca teve resposta para isso. Justin Britt e Mark Glowinski foram as figuras de topo na unidade que tornou o difícil fácil.
Quem para Le’Veon Bell?
A jornada de domingo arrancou com a afirmação dos Pittsburgh Steelers. Miami fez o possível com os recursos medianos de que dispõe mas é muito pouco para anular a ofensiva de luxo adversária. Antonio Brown completou cento e dezanove jardas só no primeiro quarto, um número que dispensa mais considerações. Mas foi Le’Veon Bell a figura do encontro. A certa altura do jogo vimos o running back dos Steelers fazer dez investidas consecutivas pelo chão, naquele seu estilo único de avançar e aguardar que os bloqueios lhe deixem o caminho livre.
Aaron Rodgers não existe
Pode parecer estranho mas o jogo com o marcador mais desnivelado (38-13) foi também aquele que esteve mais renhido, pelo menos até ao último quarto. Os New York Giants dominaram durante os primeiros vinte e cinco minutos da partida mas não conseguiram traduzir esse domínio em mais do que dois field goals. Eli Manning e o pass rush dos Giants eram os elementos mais focados no plano de jogo, com Odell Beckham Jr. a ter uma noite fraquíssima. Mas a magia de Aaron Rodgers fez o resto. As duas jogadas para touchdown que fecharam a primeira parte inclinaram em definitivo o terreno para o lado dos Green Bay Packers. Os dois lances, porque resumem tudo o que só Rodgers poderia conceber e concretizar, acabam com qualquer adversário. Como se trava um homem que faz aquelas coisas, embalado pela confiança que aqueles lançamentos lhe dão e a forma como contagiam os receivers? Podia tentar descrever mas é daquelas coisas que só se entende vendo. Felizmente estamos na era que há imagens de todos os ângulos para apreciar aquele hail mary de quarenta e duas jardas para terminar a primeira parte. Sabemos que vai acontecer. Só isso.
Na próxima ronda pelo menos três dos quatro jogos prometem ser épicos. Os Steelers vão ao terreno dos Chiefs e a maior interrogação é a condição física de Big Ben. Andy Reid está neste momento a tentar descobrir uma forma de travar Bell e Brown. Os Seahawks vão a Atlanta e precisam da sua melhor versão defensiva para contrapor a Matt Ryan. Mas o jogo da jornada será Dallas vs Green Bay.
Boas Apostas!