As nove últimas jornadas vão ser de loucos no fundo da tabela da Premier League. Há dez pontos a separar o décimo quinto do último classificado e mais de metade destas sete equipas tem jogos em atraso, o que significa que nenhuma delas está a salvo. O Sunderland, o único destes aflitos que mantém o treinador desde o início da época, parece perto de condenado. Para os restantes, aproxima-se uma sucessão de batalhas campais onde os pequenos detalhes vão fazer a diferença.
A boa velha chicotada psicológica
Para os clubes envolvidos na luta pela manutenção na Premier League estas duas semanas sem competição são um momento de acalmia absolutamente necessário para enfrentar a tempestade prestes a rebentar. Limpam-se as armas – o mesmo é dizer, tenta-se recuperar as mazelas possíveis – e afinam-se estratégias porque assim que o campeonato reatar não haverá tempo para mais nada senão sobreviver.
De entre os últimos seis classificados, só o Sunderland não passou por uma mudança da equipa técnica nem deverá fazê-lo. Talvez porque os Black Cats já se sintam condenados ou porque esse foi um cenário equacionado desde o início e David Moyes vinha preparado para a eventualidade de ter que dar um passo atrás para avançar mais forte. O calendário não ajuda e a equipa parece não ter o ânimo nem os recursos humanos para deixar de ser lanterna-vermelha.
Shakespeare acorda o Leicester
Ao que parece, o Leicester City precisava mesmo de romper com Ranieri. Desde o despedimento do treinador que os conduziu ao título, os Foxes estão imbatíveis. Quatro vitórias consecutivas, facto inédito ao longo da temporada, que se traduziu em distância para a zona de despromoção – têm agora mais seis pontos que o Hull e um jogo a menos – e com a cereja no topo do bolo de terem garantido passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões. Shakespeare está a realizar o milagre da ressurreição.
O Swansea teve um ressurgimento com a chegada de Paul Clement mas bastaram duas derrotas consecutivas – Hull (2-1) e AFC Bournemouth (2-0) – voltaram a aproximar a formação galesa da linha de água. Estão agora a três pontos dos Tigers, ambos já com vinte e nove jogos cumpridos.
Marco Silva tem uma tarefa dura pela frente. Os Tigers foram goleados no fim de semana, na visita a Goodison Park (4-0) mas já ficou bem claro que a salvação do Hull, a acontecer, passa pelos jogos em casa, onde não perde desde que o treinador português assumiu o comando (4V/ 1E). Até ao final do campeonato passarão pelo KCom Stadium o West Ham, Middlesbrough, Watford, Sunderland e Tottenham. Há quem tenha vidas muito mais difíceis.
Percurso de obstáculos
Crystal Palace e Middlesbrough têm, quanto a mim, a agenda mais complicada. Sam Alardyce vai precisar de sacar de toda a sua experiência acumulada em salvar clubes da queda ao Championship para contornar obstáculos cada um mais complicado que o outro. Olhando para o que espera os Eagles, não se vislumbra um jogo fácil, um único alívio. Começando pelo regresso da competição: dois jogos fora, primeiro em Stamford Bridge e depois uma visita a St. Mary’s. Basta dizer que o Palace terá que defrontar todos os seis primeiros classificados nos nove jogos que restam cumprir da Premier League.
O Boro, que está sob o comando de Steve Agnew depois do rompimento com Aitor Karanka, também tem uma sucessão de jogos desastrosa. Provavelmente os desafios com o Bournemouth e Southampton não terão consequências para esses adversários, na altura em que acontecerão. Todos os outros são de vida ou morte para os intervenientes. Swansea, Hull, Burnley e Sunderland estarão na luta pela manutenção. Arsenal, City, Chelsea e Liverpool estarão na disputa das vagas europeias.
Para estas seis equipas do fundo da tabela será um final de campeonato dramático.
Boas Apostas!