O campeonato alemão ficou decidido há muito e até a campanha da Liga dos Campeões já terminou para Dortmund e Bayern. Não é nada fácil manter a cabeça no jogo, sobretudo quando há um avião para o Brasil para apanhar, para muitos destes jogadores. Apesar de tudo isso, Jurgen Klopp e Pep Guardiola têm que encontrar mecanismos para motivar os seus homens para esta última final da temporada. O Borussia de Dortmund tem sido, nos últimos anos, o único clube a fazer alguma sombra à hegemonia dos bávaros no futebol alemão e a final da Taça da Alemanha será mais um momento para marcar território. Resta saber quem vai clamar vitória.
Fazer das tripas coração e sair mais forte
A equipa de Jurgen Klopp passou por momentos difíceis ao longo desta temporada. Já é um clássico explicar os desaires com as lesões mas no caso do Dortmund é mais do que justificado. Perder jogadores influentes como Mats Hummels, Neven Subotic, Ilkay Gundogan, Sven Bender, Marcel Schmelzer, Lukasz Piszczek ou Jakub Blaszczykowski durante largos períodos das época tem que deixar marcas na prestação do coletivo. As segundas linhas tiveram que assumir as vagas, um jogador todo-o-terreno como Kevin Grossekreutz teve que se transfigurar num defesa direito de raiz, porque era nesse papel que a equipa precisava dele. Sejamos justos, não fora a extraordinária capacidade de Klopp para adaptar os jogadores disponíveis às posições em aberto e o Dortmund não tinha conseguido terminar a fase de grupos da Liga dos Campeões na liderança do grupo. E talvez também não fosse capaz de garantir o segundo lugar da classificação da Bundesliga.
Não se trata apenas da falta que esses elementos fazem, e a necessidade de arranjar alternativas para os seus lugares. É o estar constantemente a ter que reconstruir e o abalo que isso causa no grupo: perdem-se rotinas, falham os apoios. Todas as componentes que fazem uma equipa, e só se consolidam com minutos de jogo, juntos. Não é de estranhar que no último terço do campeonato o plantel tenha subido de rendimento e se assemelhasse mais ao estilo de futebol privilegiados por Jurgen Klopp. Dificilmente se poderia pedir mais ao veterano Manuel Friedrich, ao jovem Erik Durm, ao estreante Sokratis ou ao já mencionado Grosskreutz.
O não-assunto Lewandowski

Adeus e Olá para Lewandowski
Este será o último desafio entre os dois rivais em que Robert Lewandowski jogará de amarelo. Na próxima temporada o avançado polaco estará do outro lado, sob o comando do técnico catalão. A dúvida agora é saber se Klopp vai utilizar o melhor marcador da equipa, e da Bundesliga, ou mantê-lo no banco, como fez na recente visita a Munique. Nessa altura, o quarteto ofensivo – Mkhitaryan, Reus, Hofmann e Aubameyang – deu excelente conta do recado. Acho que se tratou mais de dar um recado para dentro do balneário, para os que ficam, e não uma falta de confiança em Lewandowski. A aposta foi ganha: o Dortmund venceu por 3 a 0 e provou que tinha argumentos para sobreviver, em grande estilo, à partida do seu melhor marcador.
Problemas no paraíso
Estranhamente, Pep Guardiola foi alvo das mais diversas críticas, na fase final da época. Digo estranhamente, porque embora se soubesse que havia muitos que torceram o nariz à contratação do catalão, e consequente alteração de filosofia e modelo de jogo da equipa bávara, poucos esperavam que a contestação começasse cedo. A verdade é que suceder a uma equipa ganhadora em toda a linha, com a dispensa um tanto abrupta de um técnico, germânico, que havia ganho tudo, é um tremendo risco. Há quem diga que essas vozes, do contra, podem ter peso histórico mas não têm poder efetivo na definição do futuro do Bayern.
Frank Ribéry é uma espécie de resmungão de serviço, sempre que alguma coisa não lhe corra de feição. Mas não podemos ignorar que mesmo dentro do plantel há gente insatisfeita, talvez simplesmente insegura. Porque aquilo que Pep propôs e operou em Munique exige trabalho, empenho. Um esforço que alguns jogadores poderão entender desnecessário, a não ser que Guardiola consiga passar a ideia de uma evolução, de que o seu método pode levar o Bayern ainda mais longe. Ideia essa que, até há vitória do campeonato, parecia estar a passar. Depois deu-se a queda a pique, como um dominó. Concentração, motivação, forma física – isto anda tudo ligado. As distrações na competição interna só servirão para dar uma alegria aos detratores, sem consequências de maior. Mas as exibições na Liga do Campeões, primeiro frente ao periclitante United, depois diante do Real Madrid, causaram maior impacto.
Por isso esta final da DFB Pokal é tão importante para ambas as equipas. Como reconheceu Thomas Muller, à imprensa alemã, trata-se de uma luta pela supremacia. No caso do Bayern, um jogo para reafirmar o estatuto dominante. No caso do Dortmund é mais um aviso. Este ano tiveram uma folga mas continuamos no vosso encalço. Contem connosco.
Boas Apostas!