O Philadelphia Union ainda só conseguiu uma vitória na presente temporada, com Jim Curtin a ter de enfrentar uma parte dos problemas que se adivinhavam quando foi escolhido para liderar a equipa. Na sua estreia como treinador principal oficial, Curtin já teve que enfrentar a tomada de uma decisão bem pesada – afastando o seu guarda-redes principal da equipa, apesar de ser um dos jogadores com mais elevado salário no grupo -, bem como optar, taticamente, por enquadrar Maurice Edu como defesa-central, apesar deste preferir jogar no meio do terreno. Para além do mais, entre lesões e adaptações, os Union não têm tido uma semana descanso, nem uma em que se possam utilizar todas as suas armas. Até onde irá durar a paciência de Curtin e para Curtin?
Questão na baliza
Quando Rais M’Bolhi chegou a Philadelphia, alguns questionaram a necessidade de se ir buscar um guarda-redes estrangeiro para um país onde, até ao momento, tem sido na baliza que se vão encontrando mais talentos para o futebol. No entanto, o argelino tinha um currículo que falava por si, sobretudo ao nível das seleções. Depois de uma primeira temporada um pouco atribulada, M’Bolhi esteve ao seu melhor nível na pré-temporada deste ano, só começando a sentir problemas com o início do campeonato. Nas primeiras jornadas da MLS, M’Bolhi começou a evidenciar algum nervosismo que, no entanto, parecia vir mais dos problemas da equipa a defender bolas paradas do que das qualidades do guarda-redes.
Jim Curtin, no entanto, foi rápido a decidir, tendo afastado o argelino, com uma espécie de férias forçadas em França, e chamado o jovem John McCarthy para a sua posição. McCarthy, um homem da casa, aproveitou muito bem a oportunidade. Revelando uma maturidade inesperada e beneficiando de uma defesa que acabou por se ir encontrando consigo própria, McCarthy tem estado em evidência e pode mesmo acabar por conseguir, desta forma, garantir a titularidade para o que resta da temporada. Com a ajuda do único técnico português a trabalhar na MLS, Paulo Grilo, técnico dos guarda-redes dos Union, há um valor a despontar na baliza dos Union.
Edu e a defesa
Maurice Edu é mais conhecido como médio, sendo também aí que o internacional norte-americano prefere atuar. No entanto, desde que Jim Curtin tomou as rédeas do plantel que a Edu vem sendo pedido para atuar ao lado de Steven Vitória. É verdade que com esta dupla de centrais, o sistema defensivo de Philadelphia sai muito beneficiado, mas também é verdade que a equipa perde alguma preponderância na zona intermediária, onde Pfeffer e Lahoud, ou Caroll, que também para ali é chamado, não conseguem ter o mesmo impacto no momento ofensivo.
Ainda no meio-campo se tem sentido muita falta de Nogueira e Maidana. O luso-francês tem estado sempre muito apagado, jogando com uma intensidade uns níveis abaixo do que seria de esperar e seria, também, necessário, visto que poderia passar por ele a colocação numa posição mais recuada, a substituir o agora defesa-central Edu. Já Maidana esteve a recuperar de lesão e, tendo regressado à titularidade esta semana, está ainda longe do seu melhor nível. Sendo dois jogadores que oferecem qualidade técnica acima da média nesta Liga, seria muito importante para Jim Curtin contar com eles.
O ataque em busca do golo
Fernando Aristiguieta tem tudo para ser uma das grandes contratações deste defeso. As suas características combinam perfeitamente com o estilo de jogo da MLS, onde avançados raçudos, bons tecnicamente e com capacidade para jogar de costas para a baliza e explodir em velocidade costumam ser apreciados. O Union tem estado algo dependente dos seus golos e lesão numa das mãos chegou na pior altura, arrefecendo-lhe parte dos ímpetos de marcador.
Quem está a surgir neste momento com alguma capacidade de impacto na equipa é CJ Sapong. Longe de ser um poço de técnica, o corpulento avançado tanto pode jogar mais no meio, como partir de uma das alas, oferecendo assim presença física numa equipa que costuma estar muito dependente de Le Toux, um jogador de enorme qualidade, mas que já ultrapassou o seu momento de maior vigor, sendo também mais importante a jogar na faixa, onde, do lado direito, há agora Eric Ayuk, um jovem jogador formado na Tailândia, apesar de ser camaronês, e que deixou água na boca pela sua capacidade de impor velocidade e alegria numa equipa onde a organização a tender para o cinzento tem sido lei.
Jim Curtin estará longe de ter o seu lugar em perigo, até porque não costuma ser habitual na MLS que as administrações mudem de treinador em busca de mexer com a equipa, confiando nas suas opções e oferecendo algum tempo para que estas resultem. No entanto, Curtin tem tomado posições de força que acabam por o expor à crítica. Vitórias são necessárias, até com alguma urgência, para que uma das claques mais interessantes da MLS, Sons of Ben, possa ter no relvado aquilo que, pela sua paixão, merece.